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"Brasileiros aprendem rápido", destaca especialista em recrutamento na França

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Muita gente sonha em morar no exterior, ter uma experiência de trabalho em outro país. A França estuda abrir mais oportunidades para estrangeiros em setores em que há falta de mão de obra, como hotelaria e restaurantes. Mas toda a mudança profissional entre países deve começar com uma boa preparação, explica Raquel Busnello, especialista em recrutamento e orientação de carreira para brasileiros e franceses.

Raquel Busnello
Raquel Busnello © RFI
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Em entrevista à RFI, ela conta que o primeiro passo é pensar na documentação. “Se tiverem permissão de trabalho na França ajuda muito. Há brasileiros que são descendentes de alemães, italianos e isso facilita na obtenção de um passaporte”, diz. “Adaptar o currículo de forma francesa também é importante, saber como se apresentar. Eu ajudo aqueles que não conhecem o mercado, pois quando eu cheguei na França eu tive um profissional que me ajudou”, acrescenta a brasileira que viveu em Paris antes de criar a própria empresa de recursos humanos em São Paulo.

Recentemente, o governo francês anunciou que pretende criar um visto especial para recrutar trabalhadores de setores que sofrem com a escassez de profissionais. A autorização de residência, que vai se chamar “profissões sob tensão”, faz parte de uma reforma das leis de imigração e asilo proposta pelo Executivo.

A medida também abre portas a uma reforma requisitada pelos sindicatos: permitir a um trabalhador em situação irregular de pedir, por sua própria conta, a sua regularização. Atualmente, os trabalhadores nesta situação têm obrigatoriamente de passar pelo empregador. “Pode ser uma grande oportunidade, especialmente para brasileiros que já estão aqui”, diz a especialista que, no entanto, não recomenda a vinda para a Europa sem a documentação exigida pelas autoridades.

Falar outras línguas também é muito recomendável. “Primeira coisa seria falar no mínimo inglês, mas para vir para França é necessário querer aprender ou já falar francês”, recomenda.

O governo tem o objetivo de condicionar a concessão de um visto de mais de um ano ao resultado de um teste de francês.

Amigos, amigos, negócios à parte

Ainda que França e Brasil tenham uma cultura latina e parecida em muitos aspectos, também há grandes diferenças, especialmente no mundo do trabalho. “Os brasileiros são muito abertos e criam ligações de amizade na própria empresa e os franceses podem achar isso, num primeiro momento, estranho. Esse link de amizade leva mais tempo entre eles, é algo a ser observado”, aponta. “É melhor começar de forma bem profissional e, aos poucos, conseguir entrar nesse nível de amizade com os colegas”, aconselha Busnello.

E quais seriam as vantagens dos brasileiros? “Eu acho que o brasileiro traz muitas coisas boas. A gente tem muita flexibilidade e consegue se adaptar muito rapidamente e acho que as empresas francesas gostam disso”, observa a recrutadora, que compartilha a sua própria experiência. “Quando eu comecei a trabalhar na França, antes de ter a minha empresa, a gente logo sente que não pode falar tudo, não pode levar as coisas para o lado pessoal na interação com os outros”, cita.

“Eu encontro muitos franceses em São Paulo e eu conhecer a cultura deles ajuda muito. Eles querem profissionais que têm essa multiculturalidade”, resume. “O francês é muito profissional, a gente aprende a falar a língua deles, que não necessariamente é o francês, é o business”, completa.

Além dos atendimentos particulares, Raquel Busnello também faz questão de organizar encontros para brasileiros que vivem em Paris. “Isso é algo que eu aprendi com os franceses. Eles são fortes em se ajudar quando estão no exterior. Já os brasileiros tentam se adaptar à cultura local e fogem um pouco dos próprios brasileiros”, observa. “A todos que eu acompanho em fase de transição de carreira, eu recomendo que se inscrevam na Câmara de Comércio, por exemplo, para encontrar outros brasileiros ou pessoas ligadas a essa comunidade França-Brasil”, conclui.

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