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Sem maioria, Macron pode fazer nova reforma ministerial para acomodar alianças de governo

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Menos de dois meses após sua reeleição, o presidente francês Emmanuel Macron se vê diante de um desafio: governar sem maioria na Assembleia Nacional. O segundo turno das eleições parlamentares marcou a derrota do governo, que conquistou pouco mais de 240 cadeiras de deputados e vai precisar garantir cerca de 50 votos outros para aprovar seus projetos. Para o cientista político Gaspard Estrada, da Sciences Po, Macron terá de fazer uma reforma ministerial e pode até trocar sua primeira-ministra.

Aliados de Macron temem uma "paralisia total" do Executivo; o presidente pode fazer uma reforma ministerial para acomodar novas alianças na Assembleia.
Aliados de Macron temem uma "paralisia total" do Executivo; o presidente pode fazer uma reforma ministerial para acomodar novas alianças na Assembleia. AFP - LUDOVIC MARIN
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O domingo (19) terminou com péssimas notícias para o segundo mandato de Emmanuel Macron, a coligação governista Juntos! elegeu apenas 245 deputados, número insuficiente para aprovar seus projetos reformistas. Além disso, terá de enfrentar a oposição de uma grande bancada eleita pela coalizão de esquerda Nupes (Nova União Popular, Ecologista e Social), mais de 130 deputados, e do RN (Reunião Nacional), partido de extrema direita de sua rival Marine Le Pen, com 89 cadeiras.

Após um primeiro mandato em que governou com maioria absoluta de seu partido, Macron começa seu novo governo enfraquecido, analisa o cientista político e professor da Sciences Po Gaspard Estrada. Para garantir a governabilidade, os macronistas terão de fazer novas alianças e, para isso, uma reforma ministerial deve ser necessária.

"Ele terá de negociar com o Congresso a aprovação de seus projetos de lei. E é claro que o atual governo, tal como foi construído algumas semanas atrás, terá de ser repensado. Não excluo inclusive que ele precise trocar a primeira-ministra, especialmente se ele quiser formar uma coalizão de governo, em particular com o partido do ex-presidente Sarkozy, Os Republicanos", afirma.

A moeda de troca para atrair os 61 votos da centro direita republicana pode ser a troca da chefia do governo por um perfil mais conservador. Após ser reeleito com ajuda da esquerda frente à extrema direita, Macron escolheu como primeira-ministra Élisabeth Borne, uma política com perfil técnico e considerada próxima dos socialistas.

"Há possibilidades de governo de Macron se ele fizer um acordo com a centro-direita, assim ele conseguiria os votos para governar", considera.

E a reforma da Previdência, que pretende aumentar a idade de aposentadoria para 65 anos, pode ser o assunto de convergência entre Macron e Os Republicanos. "A centro-direita quer uma reforma da previdência que seja forte e consistente, nesse ponto de vista, talvez esta seria a moeda de troca para ter o apoio dos Republicanos", diz.

Ingovernabilidade no radar

Caso essa aliança não seja possível, o governo teme a paralisia de seus projetos na Assembleia causada por uma oposição que bloqueie votações.

Os 89 deputados da Reunião Nacional formarão a maior bancada da extrema direita que já chegou à Assembleia Nacional, e prometem fazer uma oposição dura ao governo.

Do outro lado do espectro político, a França Insubmissa conseguiu reunir em uma aliança os ecologistas, os socialistas e os comunistas e, dentro da Nupes, eleger a segunda maior bancada de deputados: 131 cadeiras. Além de outros 22 deputados eleitos pela esquerda.

Apesar de o líder da Nupes, Jean-Luc Mélenchon, prometer uma dura oposição a Macron, o professor da Sciences Po acredita que os partidos que formaram a coligação não devem seguir juntos nas votações legislativas, reduzindo assim a potência de bloqueio dessa oposição.

Mas se isso acontecer, e as reformas macronistas ficarem paradas resta uma possibilidade: "caso os partidos socialistas e outros partidos não ajudem, Macron pode dissolver o Congresso daqui um ano e chamar novas eleições legislativas", lembra o cientista político.

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