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Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo celebra polifonia musical da língua portuguesa em Paris

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Quando nasceu em 1935, através de uma iniciativa do escritor Mário de Andrade, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo já trazia em seu âmago a vocação de fomento à criação de compositores brasileiros para a música de câmara. O premiado grupo, reconhecido por crítica e público, no Brasil e no exterior, chega agora a Paris para uma série de apresentações na embaixada brasileira e na sede da Unesco, festejando o Dia Mundial da Língua Portuguesa e o centenário da Semana de Arte Moderna de 22.

O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo se apresenta na embaixada brasileira e na sede da Unesco.
O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo se apresenta na embaixada brasileira e na sede da Unesco. © Divulgação / Popó Rapoport
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"Preparamos um programa de música brasileira pensando exatamente nesta questão da identidade brasileira, não apenas a questão da língua portuguesa sendo falada no Brasil, mas como ela é falada, e a música é um ótimo resultado dessa confusão cultural que é o nosso país", diz o músico Marcelo Jaffé, do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. "Essa confusão nos rendeu a presença de [Heitor] Villa-Lobos, que é o último compositor que a gente apresenta no nosso programa [em Paris], o Quarteto n°5 da década de 1930", conta.

"É um período didático. É uma obra que tem aspectos bastante conhecidos do folclore brasileiro, com características individuais do Villa-Lobos, tratados de maneira bem interessante. Depois nós temos Oswaldo Lacerda, que é uma espécie de 'consequência' da Semana [de Arte Moderna] de 22. Ele era discípulo de Camargo Guarnieri, que por sua vez era amigo do Mário de Andrade", sublinha o músico, que assume a viola dentro do quarteto. "A outra peça do programa é Hércules Gomes, um extraordinário pianista de música popular, especializado em choro, com um trabalho fabuloso de redescoberta de compositores de música chamada de popular. Ele escreveu para nós 'Cantiga, baião e frevo' ", diz.

Uma "instituição viva"

"O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo foi fundado em 1935 pelo Mário de Andrade e é uma instituição que existe há tanto tempo quanto a orquestra, a sinfônica municipal e o coral lírico. Mário de Andrade foi muito importante ao querer que o público paulistano tivesse acesso a vários tipos de manifestações artísticas representadas no Teatro Municipal", conta a violinista Betina Stegmann. "Fazer parte de um corpo estável que foi fundado há mais de 85 anos é sensacional; é manter uma instituição viva. Várias pessoas já passaram pelo quarteto de cordas e outros passarão. É uma questão de manter essa linguagem viva e, principalmente, a dos compositores brasileiros, inclusive o Villa-Lobos, que escreveu um quarteto para esse grupo", lembra.

Origem da música de câmara

"Acho importante a gente situar esse termo, música de câmara. Na nossa civilização ocidental, o ritual religioso era muito importante e a música fora desse ritual não era tão bem vista. Na medida em que o tempo foi passando, essa música ritual que era essencialmente cantada se tornou muito elaborada, necessitando de um apoio de instrumentistas, que davam suporte aos cantores do coros", explica Jaffé. "Esses instrumentistas começaram a desenvolver habilidades e capacidades na hora de escrever música. E eles queriam fazer música fora do ambiente da igreja. Então, eles foram para a câmara", explica.

Bettina Stegmann (violino) e Marcelo Jaffé (viola), músicos do Quarteto de Cordas nos estúdios da RFI, em Paris.
Bettina Stegmann (violino) e Marcelo Jaffé (viola), músicos do Quarteto de Cordas nos estúdios da RFI, em Paris. © RFI

Quem conta para os leigos como se coordena o quarteto de cordas é a violinista Betina Stegmann. "Imitando a voz humana nos quartetos, você tem as mulheres de voz fina, as mulheres de voz grossa, os homens de voz fina, e os homens de voz grossa. O instrumento basicamente imita o cantor, sempre. O instrumento canto é o mais perfeito de todos. E a gente no nosso violino, viola e violoncelo passa a vida querendo imitar esse som perfeito. O quarteto representa exatamente estes timbres, o violino que seria a soprano Gal Costa, o segundo violino seria a [Maria] Bethânia, mezzo-soprano, o tenor seria a viola e o baixo profundo, o cello", resume a musicista.

O Quarteto de Cordas de São Paulo se apresenta na embaixada brasileira de Paris no dia 4 de maio e na sede da Unesco no dia 5 de maio, celebrando o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

*Para assistir a entrevista na íntegra, clique na foto acima.

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