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Regulamentar as mídias sociais é a única solução contra a desinformação, diz especialista

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Em ano de eleição presidencial no Brasil, o debate sobre o papel das mídias sociais como atores na propagação de desinformação é tema de discussões entre vários especialistas. A campanha de 2018 foi marcada pelo uso de novos métodos de comunicação, que nem sempre veiculavam informações verdadeiras, e há temores de que o fenômeno se repita em 2022, se nenhum tipo de regulamentação for instaurada.  

Especialistas alertam para o risco de propagação de campanhas de desinformação por meio das mídias sociais.
Especialistas alertam para o risco de propagação de campanhas de desinformação por meio das mídias sociais. Pixabay
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O cientista político da UFMG, Marcus Abílio Pereira, está de passagem por Paris como professor convidado do Medialab, o Laboratório do Instituto de Ciências Políticas de Paris (Sciences Po). Especialista em conflitos políticos no espaço digital brasileiro, ele se interessa, entre outras questões, pelas emoções emitidas pelas pessoas nas redes sociais.

“As emoções são necessárias para qualquer ação coletiva, desde sempre”. Mas, segundo ele, é um clichê dizer que o discurso de ódio é o único presente nas plataformas digitais. “Existe uma tendência a achar que só existe ódio nas redes. Mas se você pensar numa estratégia de mobilização, é preciso despertar o interesse das pessoas. buscando mobilizar a esperança, a alegria e o entusiasmo. É interessante pensar que, dependendo do contexto e da temática, diferentes emoções serão mobilizadas”.

O professor lembra que os algoritmos têm um peso importante nessa lógica. “As bolhas informacionais são basicamente decorrentes do direcionamento de determinadas informações para perfis de usuários. O que acaba fazendo com que você tenha uma 'dieta informacional' que vai te alimentando e que é 'mais do mesmo'. Se os algoritmos percebem que você tem interesse em novelas, eles vão te direcionar para informações de novelas”.

Porém, diante do contexto eleitoral, o professor alerta para uma necessidade de controle. “As eleições de 2018 foram marcadas pela forte desinformação e também por uma lógica muito tóxica e agressiva, de uma violência explícita, visando sobretudo grupos historicamente excluídos, como o movimento negro, feminista ou Lgbtqi+, que sofreram muito nesse processo”, lembra o cientista político.

O cientista político da UFMG Marcus Abílio é professor convidado em Paris.
O cientista político da UFMG Marcus Abílio é professor convidado em Paris. © RFI

“Nós precisamos fortemente do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público Federal se mobilizando, como eles têm feito, em parceria com as plataformas de mídias sociais. Eu não vejo outro caminho que não seja a regulamentação e um acompanhamento sério por parte das plataformas para lidar com a questão da desinformação”, defende.

“Mas qual o limite de regulamentar um espaço de manifestação pública de posições políticas e não resvalar na censura?”, questiona o professor. “Isso tem que ser definido em discussões nas quais a sociedade civil possa participar. É fundamental que associações que defendem a liberdade de expressão possam participar, justamente com as plataformas e com os governos de discussões para encontrar este limite”.

Veja a entrevista completa clicando na foto acima.

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