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Artista venezuelana-brasileira publica na França romance gráfico sobre influência de Frida Kahlo

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“Ce que Frida m‘a donné” (“O que Frida me deu”, em tradução literal) é o título do romance gráfico, escrito e ilustrado por Rosa Maria Unda Souki. A obra, publicada na França, é a primeira experiência da artista plástica venezuelana-brasileira como escritora.

A escritora Rosa Maria Unda Souki
A escritora Rosa Maria Unda Souki © Divulgação
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“Ce que Frida m’a donné”, foi publicado este ano inicialmente em francês pela editora Zulma e ainda não tem previsão de publicação no Brasil. Ele foi escrito em espanhol e a tradução francesa é assinada conjuntamente por Margot Nguyen Béraud e pela própria autora, Rosa Maria Unda Souki, que mora atualmente em Paris. O título faz referência ao quadro da artista mexicana Frida Kahlo, “Ce que l’eau m’a donné” (O que a água me deu). 

Como o quadro, que reflete na água da banheira onde Frida Kahlo toma banho passagens de sua vida, o livro dá uma visão e faz um relato íntimo e subjetivo do trabalho de Rosa Maria, evidenciando a própria história da artista-escritora. “O livro é uma metáfora desse quadro porque através do espelho da água de Frida, das pesquisas que fiz sobre a casa dela, encontrei referências da minha vida, da minha casa, não por uma questão de comparação, mas por uma questão de profunda compreensão”, conta.

O foco central do livro é a casa azul de Frida Kahlo em Coyoacán no México, desenhada nos mínimos detalhes, mas sem nenhuma representação humana. Apesar dessa “ausência”, a presença da Frida é impressionante. “O projeto é centrado na casa como forma de retrato. A ausência da representação humana, não é ausência. Tem uma presença de uma personalidade extraordinária que foi ela”, explica a artista-escritora.

Capa do livro da escritora Rosa Maria Unda Souki: Ce que Frida m’a donné
Capa do livro da escritora Rosa Maria Unda Souki: Ce que Frida m’a donné © Divulgação

Também, com exceção do título, em nenhum momento o nome de Frida Kahlo é citado no texto do romance. “Foi uma autoimposição para escapar do peso do nome de Frida nessa narrativa que era muito íntima, que queria falar de uma pessoa e não de um mito. No título, era inevitável porque vem da obra ‘O que a água me deu’.”

Residência artística em Paris

Rosa Maria Unda Souki nasceu em Caracas, em 1977, filha de um pai venezuelano e de uma mãe brasileira. Ela já morou no Brasil, antes de se instalar na França. Há cinco anos, mesmo não sendo “nem historiadora, nem mexicana”, ela resolveu “pintar e estudar Frida, entrar na casa dela” para contar a história e memória de uma das artistas plásticas mais famosas da América Latina. No final deste processo, Rosa Maria recebeu uma bolsa, para uma temporada artística em Paris, que acabou resultando em uma exposição e no romance gráfico.

O livro, pintado com as cores intensas de Frida Kahlo, tem várias camadas. Através da história de Frida, Rosa Maria Unda Souki fala da própria história e faz uma relação com a casa do pai, a casa de sua infância, em Guama, na Venezuela. “Com a arte e a poética me permito esse reencontro com minha pintura e consigo fazer ecoar as presenças das pessoas que viviam nessa casa (dos pais)”, aponta.

A temática da casa sempre norteou o trabalho artístico de Rosa Maria Unda Souki, que fez em 2010 um projeto sobre as casas de Federico Garcia Lorca.

Ao responder a pergunta feita pelo título do romance, Rosa Maria diz que o que Frida lhe deu foi “sobretudo olhar para a minha própria história, para as minhas culturas, minha memória, minha casa, minhas perdas, minhas mortes e minha vida de outra maneira”.

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