Acessar o conteúdo principal
Reportagem

75ª Feira do Livro de Frankfurt abre suas portas com participação de mais de 20 editoras brasileiras

Publicado em:

A Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo, abre suas portas nesta quarta-feira (18). A 75ª edição do evento homenageia a Eslovênia e o Brasil é representado por mais de 20 editoras afiliadas ao Brazilian Publishers - parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Estande do Brasil na edição de 2022 da Feira de Frankfurt
Estande do Brasil na edição de 2022 da Feira de Frankfurt © Câmara Brasileira do Livro/Divulgação
Publicidade

Daniella Franco, da RFI

Há exatos 10 anos, o Brasil foi o convidado de honra na Feira do livro Frankfurt, o que trouxe uma grande visibilidade para o mercado editorial nacional. Segundo a presidente da CBL, Sevani Matos, isso fortaleceu a presença do Brasil no cenário literário global.

"Desde então o mercado de direitos autorais brasileiros tem apresentado um crescimento notável. O país, que era mais conhecido internacionalmente como comprador de direitos, começou a se destacar como vendedor também", explica.

Segundo Sevani, em dez anos as editoras associadas ao Brazilian Publishers conseguiram exportar conteúdo de direitos autorais e materiais impressos no valor de US$ 750 mil. "Isso representa um crescimento impressionante de 82% em relação a 2012. Esses conteúdos foram vendidos para aproximadamente 30 países", salienta.

De acordo com ela, a oportunidade de promoção internacional da literatura brasileira em Frankfurt resulta na tradução de mais obras do país para outras línguas, além de acordos editoriais e parcerias com editoras estrangeiras. "A participação bem sucedida no evento pode aumentar a visibilidade internacional das editoras brasileiras e de seus autores", diz.

Em 2022, as editoras brasileiras que participaram da Feira de Frankfurt prospectaram quase US$ 930 mil em novos negócios, superando a expectativa inicial de US$ 600 mil. A CBL também destaca que a delegação do Brasil estabeleceu mais de 170 novos contatos comerciais com representantes editoriais de outros países.

Aquisição de direitos autorais

A editora Pergunta Fixar, de Brasília, é uma das representantes do Brasil nesta edição do evento. O proprietário Andrey do Amaral afirma que participar da Feira do Livro de Frankfurt é uma forma de ser "observado de forma diferenciada" no mercado. "Para nós, o importante é participar da rodada de negócios. É importante mostrar o que a gente tem enquanto conteúdo, não para vender livro. O objetivo é vender conteúdo, direitos e também comprar", explica.

A Pergunta Fixar fez parte da delegação brasileira em 2017, quando a editora fechou contratos de publicação de três escritores estrangeiros. "É uma feira de networking, de negociação. Naquele momento, a gente se sentiu em um lugar diferenciado: você está na maior feira do livro do mundo, onde se conhece grandes agentes, boas editoras e faz parcerias", descreve.

Segundo Andrey, a Feira de Frankfurt também é uma forma de conhecer não apenas representantes do mercado editorial, mas de diversas outras áreas. O evento é visto como uma oportunidade valiosa para a Pergunta Fixar, que trabalha com projetos que convergem para outros setores, como moda e audiovisual.  "Lá, você tem representantes do cinema, teatro, o que é importante para a nossa editora, que tem essa convergência multicultural com outras linguagens. É interessante como a gente vai fervilhando ideias, projetos e novas construções", diz.

Escritores brasileiros em Frankfurt

A delegação brasileira em Frankfurt também é integrada pela poeta Luiza Romão, vencedora do Prêmio Jabuti 2022 nas categorias Poesia e Livro do Ano. Outros escritores e escritoras do país, no entanto, acompanham as editoras. É o caso do escritor e cineasta Thiago Moysés, radicado na Alemanha, que estará em Frankfurt apresentando "Hopekillers: Matadores de Esperança", publicada pela editora Pergunta Fixar em 2021.

A distópica obra conta a história de uma sociedade dominada por vampiros disfarçados de humanos que fazem parte da elite, enquanto o resto da humanidade foi relegada a classes desfavorecidas. Segundo Thiago, a saga é uma alegoria da sociedade brasileira, mas os temas abordados são universais, como desigualdade, luta de classes, opressão e machismo. 

"Quanto mais sofrimento humano tem, mais valioso fica o sangue das vítimas. Apesar de os vampiros terem uma estrutura de matriarcado, eles aceitaram que se estabelecesse um patriarcado violento porque perceberam que, dessa forma, o nível de sofrimento humano aumentaria muito mais", conta. 

Segundo o escritor e cineasta, seu texto oferece uma forma de tratar de temas universais e urgentes, como desigualdade, pobreza, luta de classes, opressão e machismo. Desta forma, Thiago espera atrair em Frankfurt o interesse de editores internacionais para publicar seu livro em outras línguas. "Hopekillers: Matadores de Esperança" já foi traduzido para o inglês e está pronto para publicação. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.