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Linha Direta

Premiê britânico descarta negociação de salários com médicos residentes sem suspensão da greve

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A Associação Médica Britânica anunciou que poderá suspender a greve de seis dias, a maior na história do sistema público de saúde da Inglaterra, se o governo fizer uma proposta de aumento salarial. Os metroviários de Londres também anunciaram que vão parar na semana de volta às aulas, que começam nesta segunda-feira (8).

omas, en Londres, el miércoles 3 de enero de 2024.
Residentes manifestam em frente ao hospital St Thomas, em Londres. AP - Jonathan Brady
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Yula Rocha, correspondente da RFI em Londres

A Inglaterra começa 2024 com a mais longa paralisação na história dos 76 anos do NHS, o serviço público de saúde.  O governo conservador do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, diz que só aceitará negociar com a Associação Britânica de Médicos se eles suspenderem a greve de seis dias prevista para terminar na próxima terça-feira (9).

Os residentes e médicos com até 10 anos de carreira representam metade da força de trabalho em hospitais e consultórios.

A paralisação ocorre em um momento crítico para o sistema de saúde britânico, que deve gerenciar o aumento de casos de doenças respiratórias durante o inverno, como a gripe e a Covid-19.

Os médicos pedem 35% de reajuste para compensar a perda da inflação ao longo dos últimos 15 anos. No ano passado, eles conseguiram um aumento de cerca de 9%. Mas, em dezembro, rejeitaram a oferta de mais 3% de reajuste.

Na terça-feira, a categoria sinalizou que o aumento pode ser parcelado em vários anos, na tentativa de voltar a negociar com o governo.

Impacto no sistema de saúde

A prioridade do NHS é manter o serviço de emergência em funcionamento, mas muitas consultas e cirurgias pré-agendadas tiveram que ser adiadas.

Na última greve, que durou três dias, 90 mil desses tratamentos foram remarcados, inclusive de pacientes com câncer. O governo culpa os médicos pelo aumento da fila de espera, mas uma pesquisa da Health Foundation indicou que apenas 3% dos pacientes que aguardam atendimento tiveram procedimentos adiados por conta das paralisações.

Oito milhões de pessoas estão aguardando por uma consulta de rotina, sendo que cerca de um milhão esperam na fila por mais de um procedimento médico, mas essa situação não está relacionada à greves.

Há 125 mil vagas abertas para médicos que o governo não consegue recrutar por vários motivos. O número de formandos em Medicina, por exemplo, é insuficiente para preencher essas vagas e as leis imigratórias introduzidas pelo governo conservador são cada vez mais rígidas para contratar estrangeiros. 

Maioria dos britânicos apoia as greves

Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos no Natal revelou que os médicos são uma das categorias mais respeitadas pela população, à frente dos professores, da seleção feminina de futebol e até do respeitado ambientalista David Attenborough.

Em setembro, outra pesquisa, feita pelo mesmo instituto, indicou que os médicos têm apoio de 53% da população e 43% culpam o governo pela crise na saúde. Mas ainda é cedo para dizer se a percepção da opinião pública vai mudar após essa nova rodada de greves.

Metrô em Londres adere à greve

A paralisação dos metroviários de Londres a partir do domingo à noite coincide com a volta às aulas na segunda-feira e o aumento do trânsito na cidade.

O sindicato da categoria rejeitou a oferta de 5% de aumento salarial, abaixo da inflação, e decidiu pela paralisação que vai até sexta-feira que vem, dia 12 de janeiro.

O metrô de Londres tem 11 linhas, uma malha de mais de 400 km e contabiliza até quatro milhões de passageiros por dia. Os ônibus continuarão a funcionar normalmente.

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