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Linha Direta

Nova greve de médicos residentes afeta hospitais e atendimentos na Inglaterra

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A paralisação acontece em meio às festas de fim de ano e ao aumento da incidência das doenças respiratórias, incluindo a Covid-19. O resultado é uma alta do fluxo dos pacientes, com maior ocupação de leitos nos hospitais e consultas.

A nova paralisação de três dias no fim do ano se soma aos 28 dias em que os médicos residentes cruzaram os braços em 2023.
A nova paralisação de três dias no fim do ano se soma aos 28 dias em que os médicos residentes cruzaram os braços em 2023. AFP - DANIEL LEAL-OLIVAS
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Por Yula Rocha, correspondente da RFI em Londres

A nova paralisação de três dias, no fim do ano, se soma aos outros 28 dias em que os médicos residentes cruzaram os braços em 2023, na falta de acordo entre o governo e o sindicato da categoria por um reajuste salarial.

Para aumentar a pressão, os residentes já anunciaram que vão parar novamente no início de janeiro por seis dias, o período mais longo de greve na história do NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido.

Em dezembro do ano passado, foram os enfermeiros e os socorristas - o serviço de ambulâncias - que interromperam suas atividades. Desde então, o sistema de saúde enfrentou quinze greves de residentes, enfermeiros, radiologistas, clínicos gerais e especialistas. Neste período, cerca de um milhão e cem mil cirurgias e consultas tiveram que ser remarcadas.

Apesar do grande impacto no sistema com mais uma greve, o diretor clínico do NHS na Inglaterra orientou aos pacientes que continuem procurando ajuda médica, caso necessário.

Outra grande preocupação é que com a equipe reduzida e focada nos casos de emergência, os pacientes internados mais vulneráveis, como os idosos, fiquem com o atendimento comprometido.

Reajuste salarial

Os residentes querem um aumento de 35% para compensar a perda real de 26% por conta da inflação acumulada nos últimos 15 anos. Em troca, receberam do governo um reajuste de cerca de 9% em abril e uma proposta de 3%, percentual insuficiente para evitar as greves.

Os médicos em início de carreira compõem hoje quase a metade do corpo clínico do sistema de saúde da Inglaterra. A categoria inclui o período de residência e vai até os dez primeiros anos de carreira.

Segundo o chefe executivo do NHS, Julian Hartley, "a greve era a última coisa que o sistema de saúde precisava para fechar o ano". Ele disse que a qualidade do serviço e o esforço para reduzir as listas de espera por tratamentos e cirurgias serão diretamente afetados.

Fila de espera

Cerca de sete milhões e meio de ingleses estão na lista de espera por cirurgias eletivas e vão aguardar mais de um ano para fazer cirurgias de joelho, quadril ou hérnia. Mas a situação também afeta quem não pode esperar, como os pacientes com câncer.

O NHS é uma instituição de orgulho nacional para conservadores e liberais e sempre esteve na pauta política no país. O primeiro-ministro Rishi Sunak prometeu reduzir a fila de espera em janeiro, mas desde então 200 mil pacientes se juntaram à lista.

O problema persiste há mais de dez anos, com cento e cinquenta e quatro mil vagas abertas para médicos, enfermeiros e dentistas, que o governo não consegue recrutar.

De acordo com uma projeção do governo, a situação vai piorar. Até 2026 haverá um déficit de mais de meio milhão de profissionais de saúde. Dois dos principais motivos são o envelhecimento da população e o número insuficiente de formados pelas faculdades de medicina, que não conseguem atender a demanda.

Uma pesquisa publicada na revista Lancet, em agosto, revelou que 48% dos profissionais ouvidos do NHS pretendem pedir demissão ou mudar de profissão, e 45% deles se sentem desvalorizados pelo governo diante da grande pressão exigida pelo cargo.

Uma das soluções seria o recrutamento de imigrantes. Hoje, 20% dos profissionais de saúde no Reino Unido são estrangeiros. Os indianos são o maior grupo seguido pelos filipinos e nigerianos.

Mas, recentemente, o governo do conservador Rishi Sunak anunciou regras mais rígidas para profissionais estrangeiros que quiserem trabalhar, por exemplo, em casas de repousos para idosos. Com as novas regras de imigração, eles não poderão mais trazer seus familiares para viver no país.

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