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Linha Direta

Ucrânia deve adotar reformas para aderir à Otan, apesar da relutância dos EUA

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Os ministros das Relações Exteriores da Otan estão reunidos em Bruxelas desde terça-feira (28) para discutir uma agenda abrangente, cujo destaque é a guerra na Ucrânia. Durante os dois dias de encontro, haverá também tentativas para desbloquear a adesão da Suécia na aliança militar, além de discussões sobre o nome do próximo secretário-geral da organização, entre outros temas.

Em Bruxelas, a Otan e a Ucrânia aprovaram uma lista de reformas necessárias para que Kiev se prepare para a futura adesão à aliança militar, apesar das divisões sobre o processo e a relutância dos EUA
A general view during a meeting of NATO foreign ministers in North Atlantic Council session at NATO headquarters in Brussels, Tuesday, Nov. 28, 2023. NATO foreign ministers begin a two-day meeting on Tuesday, in which the alliance will discuss Ukraine, tensions in the Western Balkans and preparations for NATO's 75th anniversary next year. (AP Photo/Virginia Mayo) AP - Virginia Mayo
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Em Bruxelas, a Otan e a Ucrânia aprovaram uma lista de reformas necessárias para que Kiev se prepare para a futura adesão à aliança militar, apesar das divisões sobre o processo e a relutância dos EUA e da Alemanha à integração rápida do país.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, reafirmou que a Ucrânia será membro da organização após a guerra se adotar as reformas recomendadas pelos aliados. Durante a reunião ministerial na sede da Otan, Stoltenberg também assegurou “que o apoio à Ucrânia não perderá força” e disse acreditar na continuação do suporte militar americano ao país.

Porém, a ajuda de Washington à Kiev tem sido bloqueada no Congresso há semanas por causa da relutância de representantes republicanos.

Segundo eles, Israel também precisa de ajuda. 

Desde o início da guerra na Ucrânia, os EUA já forneceram US$ 40 bilhões em ajuda militar à Kiev. O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que manter o apoio ao país em sua guerra contra a Rússia é de importância “existencial” para a Europa.

Depois dos EUA, a Alemanha é o país que mais tem contribuído com a Ucrânia, o que inclui o envio de armas. Já a Hungria, próxima do Kremlin, tenta bloquear parte dos € 500 milhões em ajuda militar que deveriam chegar à Kiev.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, ainda ameaça impedir a adoção de um pacote de ajuda de 20 bilhões de euros, divididos em quatro anos, para reconstruir o país arrasado pela guerra.

Turquia: uma pedra no caminho da Suécia

Enquanto os ministros das Relações Exteriores da Otan se reúnem em Bruxelas, a Turquia continua a atrasar a adesão da Suécia na aliança militar. Os ministros da Otan estão cada vez mais frustrados com a falta de progresso sobre a questão. 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem negociado o seu apoio ao país nórdico e, segundo especialistas, ele deve aguardar “o momento mais rentável para fazer uma jogada estratégica que só se pode jogar uma vez”.

Depois de um ano e meio bloqueando a entrada dos suecos na Otan, Erdogan submeteu a questão ao parlamento turco no mês passado, mas a votação sobre o assunto foi adiada, suscitando novas preocupações sobre o jogo de Ancara entre os aliados europeus.

Apesar de ter retirado o seu veto à adesão da Suécia em julho passado, Erdogan continuou pressionando o governo sueco para adotar medidas contra as profanações do Alcorão. A controvérsia começou em junho do ano passado quando uma cópia do Alcorão foi queimada em frente à principal mesquita de Estocolmo, capital sueca.

O protesto, realizado por um refugiado iraquiano, foi permitido por causa de leis que protegem a liberdade de expressão no país. Atos semelhantes voltaram a acontecer nos últimos meses. Em Bruxelas, o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, se reuniu com seu colega turco, Hakan Fidan, e reiterou que Ancara deve ratificar a adesão da Suécia “o mais rápido possível”.

Candidatos para suceder Stoltenberg

O atual secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, no cargo há quase uma década, tem ainda praticamente um ano de mandato frente à aliança militar, mas sua sucessão já está sendo discutida e existe até um candidato favorito: o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Considerado um bom negociador e político experiente, Rutte, é um nome bem cotado e conta com o apoio dos EUA e da França.

Em julho do ano passado, depois de quatro mandatos consecutivos como premiê holandês, Rutte anunciou sua renúncia por não conseguir negociar um acordo sobre medidas para controlar a imigração na Holanda, o que causou o colapso de seu próprio governo e a realização de novas eleições, realizadas na semana passada, e vencidas pela extrema-direita.

Durante os seus 13 anos no poder, Mark Rutte soube tecer relações com vários dirigentes, inclusive com o ex-presidente americano, Donald Trump, que pode retornar à Washington nas eleições do próximo ano, para o temor da Otan. Durante seu mandato Trump anunciou várias vezes que os EUA deixariam a aliança militar.

Outros nomes cotados para suceder Stoltenberg são o da primeira ministra da Estônia, Kaja Kalla e do ministro das Relações Exteriores da Letônia, Krisjanis Karins.

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