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Linha Direta

Brasil encerra presidência do Conselho de Segurança sem aprovar resolução sobre guerra no Oriente Médio

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O Conselho de Segurança das Nações Unidas concluiu sua sétima reunião consecutiva sem chegar a uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas. As discussões aconteceram na véspera do encerramento do mandato do Brasil na presidência do órgão. Apesar dos esforços do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) para mediar uma resolução humanitária, as negociações enfrentaram desafios significativos.

Manifestantes fizeram um protesto em apoio aos palestinos no último sábado (28), em Nova York, na expectativa que uma resolução sobre um cessar-fogo fosse aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Manifestantes fizeram um protesto em apoio aos palestinos no último sábado (28), em Nova York, na expectativa que uma resolução sobre um cessar-fogo fosse aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. © RFI/Luciana Rosa
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Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

A reunião de emergência, solicitada pelos Emirados Árabes Unidos e pela China, seguiu-se à aprovação de uma resolução não vinculativa pela Assembleia Geral das Nações Unidas, pedindo um cessar-fogo imediato no Oriente Médio. O objetivo, como nas demais discussões realizadas sobre o conflito entre Israel e o Hamas, era conseguir estabelecer a abertura de um canal para permitir o trânsito de civis e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

No entanto, o Conselho de Segurança, o único órgão da ONU com o poder de adotar decisões vinculativas, encontrou impasses na votação de resoluções propostas anteriormente por Rússia, Brasil e Estados Unidos e voltou a terminar uma sessão sem  aprovar uma resolução.

Há quatro semanas discutindo diferentes textos, em todas as reuniões do Conselho pelo menos um dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) utilizou o seu poder de veto.

Palestina pede ação mais efetiva do Conselho de Segurança

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, pediu uma atuação efetiva dentro do órgão em favor de um cessar-fogo no conflito. Ele defendeu a aplicação efetiva da solução de dois Estados na região, que respeite as fronteiras previstas nos acordos de 1967.

"Vocês são o Conselho de Segurança. Vão continuar paralisados ou vão agir? Solução de dois Estados? Nós aceitamos. Agora, quem vai implementar? Quem está impedindo vocês de implementar isso?", questionou o palestino durante sua intervenção na reunião.

Os Estados Unidos procuraram que a resolução fosse aprovada antes que o Brasil entregasse a presidência rotativa do Conselho à China, que estará à frente da pauta e da direção dos debates no organismo durante o mês de novembro. 

Os norte-americanos acreditavam que seria mais fácil “construir” um texto possível sobre um cessar-fogo no Oriente Médio sob a presidência do Brasil. Segundo informações do Itamaraty, o Ministro Mauro Vieira conversou com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, por telefone, pouco antes do início da reunião. O objetivo era tentar aparar as arestas da proposta que seria discutida entre os demais membros do  Conselho.

Israel não aceita pedido de cessar-fogo

Embora a Assembleia Geral da ONU tenha aprovado uma resolução para um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de Gaza na última sexta-feira (27), os EUA e Israel se opuseram a ela, alegando a ausência de uma condenação dos ataques do Hamas ao Estado hebreu.

Na prática, o pedido de “trégua humanitária imediata” em Gaza proposto pela Jordânia não tem caráter vinculativo e serviu mais para validar o posicionamento internacional sobre o assunto.

Em protesto ao posicionamento da Assembleia Geral, tanto o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, quanto sua equipe usaram estrelas de Davi amarelas em suas roupas nesta última reunião. A estrela amarela era o símbolo usado durante o regime nazista para identificar judeus na Alemanha e em outros países aliados ao Eixo no contexto da Segunda Guerra Mundial. 

As recentes declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não surpreenderam os membros do Conselho. Ele afirmou, em discurso proferido nesta segunda (30) que, assim como os EUA não aceitaram um cessar-fogo após os atentados de 11  de setembro de 2001, reivindicados pela rede terrorista Al-Qaeda, e o ataque do Japão à base naval americana de Pearl Harbor, em 1941, no Havaí, Israel não vai aceitar um cessar-fogo agora.

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