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Linha Direta

Sono comprometido, rotinas alteradas: brasileiros sofrem com calor intenso na Península Ibérica

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As temperaturas elevadas têm castigado o sul da Europa nesse verão. Na Península Ibérica, Espanha e Portugal passam por dias de calor excessivo e registram episódios de incêndios florestais. Quem vivencia as condições climáticas extremas faz o possível para se adaptar.

Um termômetro de rua indica 45°C em Córdoba, no sul da Espanha. 8 de agosto de 2023
Um termômetro de rua indica 45°C em Córdoba, no sul da Espanha. 8 de agosto de 2023 AFP - JORGE GUERRERO
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Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI na Espanha

O cotidiano da advogada Gabriela Medeiros se transforma quando a temperatura sobe demais. A pernambucana, que há um ano e quatro meses saiu de Recife para viver em Madri, ainda não se acostumou ao calor seco da capital espanhola, mas já desenvolveu algumas táticas para lidar melhor com o verão europeu.

Nesta semana, em meio a uma onda de calor que é apontada como a mais extrema desde o início do ano na Espanha, a estratégia foi, basicamente, ficar dentro de casa enquanto houvesse sol do lado de fora, evitar longas caminhadas e manter o ambiente climatizado. Dessa forma, Gabriela já não sofre mais com os sintomas que a fizeram passar mal no verão passado. Por outro lado, ela percebe o quanto essas medidas pesam nas contas domésticas.

“Com o calor extremo, fazemos uso recorrente de ar-condicionado, praticamente 24 horas por dia, todos os dias da semana, o que causa um acréscimo nos custos de energia que não esperávamos no orçamento. Por não podermos sair em plena luz do dia, fazemos uso de alimentação via delivery. E, ainda assim, quando não é possível ficar em casa, temos que recorrer ao transporte público, como metrô e ônibus. Isso também gera um custo que não era planejado”, enumera.

Máximas alarmantes

Nos últimos dias, as temperaturas máximas foram bastante elevadas no país. Na quarta-feira (9), os termômetros chegaram a alcançar 44,6ºC em La Roda de Andalucía, na província de Sevilha. Para esta quinta-feira (10), a previsão segue sendo de calor, com máximas de até 44ºC, ainda que, em muitas regiões, as temperaturas já devam começar a baixar.

A sexta-feira (11) deve ser o último dia dessa onda de calor sufocante, que atinge praticamente toda a Espanha. O forte calor deve continuar no fim de semana apenas na região das Ilhas Canárias.

Enquanto a queda das temperaturas não chega a Madri, a gerente de projetos Fernanda Sozinho sente dificuldade até para percorrer pequenos trajetos a pé em momentos de calor mais intenso. A mineira se mudou para a capital espanhola há sete meses e, na cidade, mora perto do escritório em que trabalha. Mesmo assim, tem optado por se deslocar de ônibus nas idas e vindas mais recentes.

O descanso de Fernanda está sendo afetado pela temperatura atípica: “Eu tenho dormido um pouco pior. Não tenho ar-condicionado no meu quarto, então fico com o ventilador ligado e é bem comum, nesses dias de calor mais extremo, acordar uma ou duas vezes durante a noite, tentando encontrar uma posição certa, tentando encontrar um jeito bom de conseguir descansar”.

Calor e incêndios em Portugal

Assim como quem vive na Espanha, os moradores de Portugal têm enfrentado desconforto semelhante e modificado suas rotinas. Na segunda-feira (7), os termômetros marcaram 46,4º na cidade de Santarém, capital do Ribatejo. Esta é, até agora, a temperatura mais alta atingida nas terras portuguesas em 2023.

O jornalista cearense Wolney Batista, que mora em Lisboa há quatro anos, já pôde experimentar diferentes períodos de calor intenso. Entre 14h e 18h, ele diz que evita estar na rua, porque, com as temperaturas atuais, a sensação é a de ter a pele sendo literalmente “queimada”. Os cachorros do jornalista também têm os horários adaptados em períodos assim. O passeio diário fica para quando já não há sol. “O asfalto está muito quente e eu percebo que eles ficam exaustos quando a gente sai de dia”, comenta.

Incêndios florestais

Com as altas temperaturas do verão, Portugal tem sofrido com os incêndios florestais. Nessa quarta-feira (9), os bombeiros conseguiram, finalmente, controlar as chamas que desde o fim de semana atingiam Odemira, na região do Alentejo. Por lá, o fogo causou a retirada de cerca de 1.400 pessoas de suas casas e consumiu por volta de 7 mil hectares.

Até a terça (8), o país tinha três incêndios oficialmente ativos e um contingente de mais de 1.000 profissionais tentando combater o fogo. As autoridades portuguesas chegaram a declarar alerta de risco máximo de incêndios florestais em cerca de 120 municípios do país.

Na Espanha, no último fim de semana, havia três focos de incêndio ativos, todos atualmente controlados. Na quarta (9), chamas atingiam o município de Valencia de Alcántara, na região da Estremadura. Ao menos 350 hectares foram queimados, mas o fogo já foi estabilizado. A vegetação começou a queimar na primavera; desde maio, a propagação já era violenta.

Restrições causadas pela seca

As atuais condições climáticas também estão fazendo com que a Espanha enfrente sérios problemas em relação à falta de água. Diante de baixos níveis de armazenamento e da ausência de chuvas relevantes, além das medidas que já estão sendo postas em prática pelo governo central do país, os governos regionais estão tomando providências para tentar administrar melhor os recursos hídricos.

Atualmente, mais de 600 municípios espanhóis enfrentam restrições de uso da água. As alternativas  encontradas para mitigar os danos causados pela seca vão desde a interrupção do abastecimento em determinadas horas do dia até a proibição de encher piscinas, por exemplo.

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