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Linha Direta

Em Lisboa, papa reúne milhares de peregrinos e reforça mensagem de "abertura" da Igreja Católica

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O papa Francisco reuniu 400 mil participantes da Jornada Mundial da juventude no primeiro grande evento público da agenda em Lisboa, nesta quinta-feira (3).

Pessoas dançam durante um concerto de música no final de um encontro com o Papa Francisco no "Parque Eduardo VII" com os jovens que participam da 37ª Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, quinta-feira, 3 de agosto de 2023.
Pessoas dançam durante um concerto de música no final de um encontro com o Papa Francisco no "Parque Eduardo VII" com os jovens que participam da 37ª Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, quinta-feira, 3 de agosto de 2023. AP - Francisco Seco
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Caroline Ribeiro, correspondente da RFI em Lisboa

Francisco, que, em vários momentos, tem usado uma cadeira de rodas, não economiza energia para os encontros com os jovens. Durante a cerimônia de acolhida aos peregrinos, interagiu e arrancou aplausos dos jovens em vários momentos.

Foi o primeiro evento da JMJ, que começou na última terça-feira (1), em que os participantes ouviram mensagens diretas do papa. Entre os vários temas abordados, o religioso chamou bastante a atenção para a necessidade de um contato direto com Deus, com menos redes sociais.

Francisco disse que os mundos virtual trazem "ilusões". "Devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que nos atraem e prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam o vazio interior".

O famoso papamóvel também entrou em cena para os principais percursos do pontífice, sempre acenando e sorrindo muito para quem espera ao longo do caminho.

Essa aproximação com as pessoas também se reflete nos discursos do papa. Ainda na cerimônia de acolhida, Francisco reforçou uma mensagem que tem sido frequente, a de que a Igreja Católica está aberta a todos. "Nenhum sobra e nenhum está a mais. Jovens e velhos, santos e pecadores. Repitam comigo na vossa língua: todos, todos, todos".

Peregrinos do Brasil

Segundo a organização, a JMJ reúne participantes de 151 países. O Itamaraty estimou a presença de 20 mil brasileiros e até lançou uma cartilha com dicas para a viagem, a estadia, e de segurança durante a permanência em Portugal.

O consulado do Brasil em Lisboa está com plantões telefônicos para atender ocorrências relacionadas ao evento.

A primeira JMJ que o papa Francisco conduziu foi justamente a do Brasil, em 2013, logo depois de ter assumido a liderança da Igreja Católica.

Para quem participa, é um momento mais do que especial. Felipe Lemos, de 23 anos, veio de Belo Horizonte. Além de participar das atividades, ele é um dos 25 mil voluntários e conta que os momentos de interação com pessoas de tantas culturas diferentes é muito gratificante.

 

Felipe Lemos, acompanhando a imprensa na hora da homilia no mosteiro dos Jerônimo.
Felipe Lemos, acompanhando a imprensa na hora da homilia no mosteiro dos Jerônimo. © Arquivo pessoal

 

"Meus irmãos participam desde a Jornada de 2011, em Madri, mas eu era muito novo. Eles sempre me incentivaram e agora eu vim. A gente faz amigos que trabalham com a gente, mas também com pessoas no metrô, de pequenos encontros. Pessoas da Ásia, Oceania, Oriente Médio. Quando a gente se encontra é sempre com muito sorriso, música, é uma experiência fenomenal", diz Felipe.

Como uma das tarefas que desempenha é acompanhar a imprensa, Felipe até conseguiu chegar pertinho do papa e pegou na mão dele durante a saída de um dos primeiros eventos de Francisco em Lisboa.

 

Felipe Lemos ajudando na organização da missa de abertura no parque Eduardo VII
Felipe Lemos ajudando na organização da missa de abertura no parque Eduardo VII © Arquivo pessoal

 

"Momento inesquecível. O papa se coloca como peregrino da paz e nos coloca como mensageiros de Cristo. Eu com certeza vejo que a nossa geração vão ser responsável por trazer um novo ânimo para as pessoas".

Escândalos sexuais

O papa colocou a grande polêmica que envolve a Igreja portuguesa no momento, o abuso sexual de crianças, na lista de prioridades da viagem.

Logo no primeiro dia em Lisboa, de maneira indireta, mencionou a situação durante uma homilia para a liderança católica local.

Francisco falou em certa "desilusão" que existe com a Igreja, devido a "escândalos que desfiguram o seu rosto" e pediu que se ouça o "grito angustiado" das vítimas de abusos sexuais.

Em seguida, teve um encontro reservado com 13 dessas vítimas. Segundo uma nota do Vaticano, o encontro ocorreu "em clima de escuta intensa e durou mais de uma hora".

Representantes de entidades que estiveram presentes disseram que o papa pediu perdão às vítimas.

No último mês de fevereiro, uma comissão que investigou documentos de 1950 até 2022 apresentou um relatório que identifica 4.815 casos de pedofilia cometidos por membros do clero. A organização da Jornada até anunciou um memorial em honra das crianças abusadas. O projeto nunca chegou a ter uma data de execução e, até agora, não há nada na programação do evento, que segue até o próximo domingo (6), em relação ao tema.

Um grupo ativista instalou outdoors em pontos movimentados de Lisboa e Oeiras, cidade vizinha, com uma mensagem em inglês expondo o número de crianças abusadas. O outdoor de Oeiras chegou a ser retirado. A prefeitura alegou publicidade ilegal, mas, depois da repercussão sobre a censura ao protesto, o outdoor foi recolocado.

 

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