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Linha Direta

Israel bate recordes em exportações no setor de armamentos e arrecada mais de U$ 12,5 bilhões

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O ministério da Defesa de Israel anunciou, na semana passada, que, só em 2022, arrecadou mais de US$ 12,5 bilhões em exportações no setor de armamentos. Esse é um número sem precedentes e supera até o de 2021, que já tinha sido um recorde de US$ 11,4 bilhões. Entre os clientes, estão até mesmo países árabes e europeus, como a Alemanha.

Um expositor arruma armas fabricadas pela PLR Systems Private Limited, uma joint-venture entre o Adani Group, da Índia, e a Israel Weapon Industries (IWI), de Israel, na International Police Expo 2021 em Nova Déli, Índia, em 18 de agosto de 2021.
Um expositor arruma armas fabricadas pela PLR Systems Private Limited, uma joint-venture entre o Adani Group, da Índia, e a Israel Weapon Industries (IWI), de Israel, na International Police Expo 2021 em Nova Déli, Índia, em 18 de agosto de 2021. AP - Altaf Qadri
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

No ano passado, mais de 120 indústrias de defesa israelenses assinaram centenas de contratos de defesa significativos em todo o mundo, incluindo mega acordos de centenas de milhões de dólares.

Há uma década, Israel vendia metade dos valores em comparação ao período atual. Mas, desde então, o país do Oriente Médio emergiu como um participante significativo no comércio global de armas, ganhando manchetes internacionais, nem sempre positivas.

Dois fatores explicam a demanda por armas de fabricação israelense em 2022: a invasão da Ucrânia e suas consequências na Europa, além do interesse dos países árabes, que normalizaram o relacionamento com Israel.

Segundo o Ministério da Defesa do país, 30% dos clientes, em 2022, foram países da Ásia e da região do Pacífico, quase o mesmo percentual da Europa, com 29%. A América do Norte comprou 11% dos armamentos israelenses e a América Latina, 3%.

Mas, a maior surpresa é o fato de 24% das armas terem sido compradas por países-membros dos Acordos de Abraão, assinados em 2020, que normalizaram as relações diplomáticas entre Israel e Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Só os negócios com esses três países totalizaram US$ 3 bilhões. Para se ter uma ideia do aumento, em 2021, esse grupo representou apenas 7% das vendas.

Quanto aos principais produtos, um quarto dos acordos se refere a drones e veículos aéreos não tripulados, ou VANTs. Mísseis, foguetes e sistemas de defesa aérea totalizaram 19% das exportações; radares e sistemas de guerra eletrônica representaram 13%.

Inteligência cibernética

Outro dado curioso: embora Israel seja bem conhecido pelos sistemas de inteligência cibernética, eles representaram apenas 6% de todas as vendas em 2022. As vendas israelenses dessa tecnologia estão sob os holofotes mundiais por causa das alegações de que foram usadas, em alguns países, para espionar dissidentes políticos e jornalistas.

Há muitos motivos para o sucesso de Israel nessa área. Sendo uma nação que enfrenta conflitos desde sua criação, há 75 anos, o país investe muito em autodefesa e na inovação tecnológica. Israel tem uma cultura de inovação, uma força de trabalho altamente qualificada e uma estreita cooperação entre militares, acadêmicos e setor privado.

Fora isso, as exportações de armamentos são importantes para Israel não apenas para impulsionar a economia. Elas também desempenham um papel crucial na construção de alianças estratégicas e relações diplomáticas.

O governo israelense tem buscado ativamente parcerias com nações amigas, oferecendo ajuda militar, programas de treinamento conjuntos e colaborações tecnológicas.

Críticos dessas negociações, no entanto, argumentam que as armas israelenses podem chegar às zonas de conflito complexas, exacerbando as tensões e alimentando a violência. Em particular, as vendas de armas de Israel para países do Oriente Médio, que podem contribuir para a corrida armamentista na região que já está em vigor por causa das ambições nucleares do Irã.

Acordo com Alemanha

Ao que parece, a tendência de alta na exportação de armas por Israel vai continuar em 2023. Um dos acordos já anunciados é com a Alemanha. Na semana passada, o Ministério da Defesa alemão e os Comitês de Orçamento e Defesa do Bundestag aprovaram a aquisição do sistema de defesa antiaérea israelense Arrow-3. O valor do acordo gira em torno dos 4 bilhões de euros.

Israel e Alemanha começaram a negociar o acordo em 2020, mas as conversas só se concretizaram nos últimos meses, impulsionadas pela guerra na Ucrânia.

Não há como ignorar a ironia desta situação. Há menos de um século, a Alemanha perseguia judeus, o que culminou no Holocausto nazista. Hoje, o país europeu compra armas do único Estado de maioria judaica do mundo. Mas a Alemanha não é a única nação europeia a buscar armamento de Israel. A Finlândia, a Holanda e a Estônia já anunciaram outros acordos, este ano.

 

 

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