Apesar de pandemia, venda de armamentos para setor militar aumentou em 2020
A venda de armas e de serviços destinados ao setor militar aumentou em 2021, apesar de ter sido afetada por problemas de abastecimento ligados à pandemia de Covid-19 e à guerra da Ucrânia, de acordo com um relatório publicado nesta segunda-feira (5).
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De acordo com o documento do Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI), as 100 maiores empresas de armamentos venderam US$ 592 bilhões em armas e serviços destinados ao setor militar em 2021, o que significa um aumento de 1,9% em relação a 2020.
O crescimento do setor poderia ter sido maior, já que foi seriamente afetado por problemas generalizados de abastecimento. "O impacto duradouro da pandemia começa realmente a se manifestar nas empresas de armamento", declarou à AFP Nan Tian, pesquisador do SIPRI e co-autor do relatório.
Problemas de falta de mão de obra e abastecimento de matérias primas "diminuíram a capacidade das empresas de produzir sistemas de armamentos e de entregar no prazo".
"O que vemos realmente é um crescimento possivelmente mais lento do que tinha sido previsto para a venda de armas em 2021", sublinhou.
Guerra da Ucrânia
Os problemas de fornecimento devem se agravar com a guerra na Ucrânia, principalmente "porque a Rússia é um grande fornecedor de matérias-primas utilizadas na produção de armas", de acordo com um dos autores do relatório, mas também porque este conflito levou a um aumento da demanda.
Mas é difícil avaliar o nível do aumento segundo Nan Tian, já que depende, ao mesmo tempo, da necessidade dos países que ajudam a Ucrânia com armas de reconstituir seus estoques e do agravamento do risco de conflitos, o que "levaria os países a comprar mais armas".
Empresas chinesas
Ainda que as empresas americanas continuem a dominar o mercado mundial, representando mais da metade das vendas globais (ou US$ 299 bilhões), os Estados Unidos são a única região do mundo que passou por uma diminuição das vendas, em relação a 2020.
Entre as cinco maiores empresas do setor - Lockheed Martin, Raytheon Technologies, Boeing, Nothrop Grumman e General Dynamics - somente Raytheon teve aumento nas vendas.
Ao mesmo tempo, as vendas das oito maiores empresas chinesas de armas aumentaram 6,3% em 2021, chegando a US$ 109 bilhões. As empresas europeias, que representam 27 das 100 maiores do mundo, tiveram juntas um faturamento de US$ 123 bilhões, com um aumento de 4,2% em relação a 2020.
O relatório nota, também, uma tendência de grupos privados de comprar empresas de armamentos. Uma evolução que os autores estimam mais visível nos três ou quatro últimos anos e que ameaça tornar a indústria de armas mais opaca e difícil de rastrear.
"Essas empresas de investimento privado vão comprar essas empresas e praticamente não publicar mais dados financeiros", explica Tian.
(Com informações da AFP)
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