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Linha Direta

Gripe aviária e aumento de custos levam a racionamento de ovos no Reino Unido

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Amantes de bolos, biscoitos e do chamado café da manhã completo — que inclui ovos estalados e até omeletes — os consumidores britânicos vão ter de aprender a usar menos ovos em suas receitas. A Tesco, maior rede varejista do país, se uniu a outros dois grandes supermercados e vai limitar as quantidades que seus clientes poderão levar a cada visita em suas lojas. Será uma caixa por vez.

Gripe aviária e alta nos custos de produção estão fazendo supermercados britânicos racionar ovos para clientes. Foto de arquivo.
Gripe aviária e alta nos custos de produção estão fazendo supermercados britânicos racionar ovos para clientes. Foto de arquivo. David Evans / Getty images
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Os motivos são a gripe aviária, que assola as criações de animais pela Europa, e a disparada dos custos de produção. O item começa a faltar em algumas prateleiras.

Os britânicos consomem 202 ovos per capita por ano. São 13,5 bilhões de unidades, das quais eles produzem 11,3 bilhões. O resto é importado. Trata-se de um ingrediente importante da culinária local, que certamente fará falta à mesa. Mas isso não está acontecendo só com este item da cesta. A alta do custo de vida e os problemas de mão de obra que o país enfrenta desde o Brexit têm prejudicado o abastecimento de certos produtos ou marcas.

Esse é apenas um dos múltiplos problemas que a nação terá de enfrentar a partir dos próximos meses. A economia do país terá o pior desempenho entre as das sete nações mais ricas do mundo, segundo novas projeções da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entidade espera um crescimento global de 2,3% para o mundo. Para o Reino Unido, estima uma retração de 0,4%.

O país vem perdendo fôlego há alguns meses, quando também tem registrado os mais altos índices de inflação em quatro décadas. Na semana passada, o governo do primeiro-ministro Rishi Sunak admitiu que o país estava oficialmente em recessão. Para tentar contê-la, assim como os índices de preços, anunciou um pesado pacote de austeridade fiscal, que promete, entre corte de despesas e aumento de impostos, levantar 55 bilhões de libras.

Consumidor sente no bolso

Não dá para saber se surtirá o impacto desejado pelo partido conservador, que vê nessa operação de salvação da economia a sua própria sobrevivência política. O que as pessoas sabem é o que sentem no bolso. Nos supermercados, há produtos cujos preços subiram bem acima da inflação oficial, de 11,1% em doze meses em outubro. Os alimentos em geral aumentaram 16,2%, a maior alta em quase cinco décadas. Os famigerados ovos subiram mais de 22% no período. Mas o grande vilão da inflação britânica de alimentos no mês passado foi o leite desnatado, que subiu quase 48%, seguido pela margarina, com alta de 42%.

Diante de contas gigantescas de energia, que, a despeito da ajuda do governo, vão continuar subindo, milhões de pessoas não terão como fechar o mês no azul. Estimativas de órgãos oficiais apontam para o fechamento de cerca de 500 mil postos de trabalho no ano que vem. Tudo isso só complica a situação do país, que vem enfrentando sucessivas greves desde agosto. Os funcionários das ferrovias já avisaram que vão parar mais quatro dias em dezembro. Isso cria transtorno para os trabalhadores, que já pagam tarifas que estão entre as mais caras do mundo para usar os meios de transporte, e a economia em geral.

A semana já havia começado com greve dos trens nesta segunda-feira. Outras categorias prometem novas paralisações. Todos querem reposição dos salários pela inflação, para enfrentar a disparada do custo de vida, e melhores condições de trabalho.

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