Além de crise econômica, governo britânico enfrenta críticas por política migratória
Além da crise econômica, o governo britânico enfrenta críticas sobre sua política migratória. A ministra do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, está sob forte pressão devido à gestão do fluxo de migrantes e questões envolvendo sua renomeação.
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Apesar das promessas do Brexit de melhor controlar as fronteiras britânicas, o Reino Unido enfrenta um fluxo sem precedentes de migrantes que atravessam o Canal da Mancha a bordo de pequenas embarcações. Aproximadamente 40.000 cruzaram desde o começo do ano um dos canais mais frequentados do mundo, arriscando suas vidas.
Além disso, o sistema de acolhimento de migrantes está saturado e não tem recursos humanitários suficientes para enfrentar a chegada de mais pessoas.
A situação no centro de acolhimento de Manston é particularmente preocupante, de acordo com ONGs e uma parte da classe política. Situado em uma antiga base militar no Kent, a leste de Londres, o local de trânsito foi aberto no começo deste ano e deveria acolher até 1600 pessoas por no máximo cinco dias.
As pessoas que chegam em Dover, no Sul da Inglaterra, são encaminhadas para o centro e deveriam ser reorientadas para hotéis em outro ponto do país. Mas, atualmente, estariam vivendo no local entre 3.000 e 4.000 pessoas, com famílias obrigadas a dormir no chão durante meses. Casos de difteria e de raiva foram notificados.
Ao problema de superpopulação soma-se a transferência temporária de 700 pessoas no domingo (30), após um centro de acolhimento de Dover ter sido atacado com coquetéis molotov, deixando dois feridos leves.
O suspeito dos ataques foi encontrado morto em um posto de gasolina. Segundo a polícia, o homem se suicidou.
Ministra controvertida
As condições no centro se agravaram nas últimas oito semanas, o que corresponde à chegada ao ministério do Interior de Braverman.
“Tem gente demais lá e a situação não teria que ter chegado a este ponto”, constata o deputado conservador do distrito de Manston, Roger Gale. “Eu não estou convencido de que não seja deliberado. O ministério diz que é difícil encontrar lugares de alojamento. Eu acho que agora é uma questão política”.
Gale, Ongs e a oposição acusam Braverman de bloquear soluções de acolhimento com o objetivo de reduzir drasticamente a imigração no país e dissuadir as candidaturas a asilo.
A ministra é um personagem controvertido inclusive dentro de seu próprio partido. Ela foi demitida em 19 de outubro, durante o curto mandato da ex-primeira-ministra Liz Truss, por enviar documentos confidenciais através de seu email pessoal. Mas o novo premiê Rishi Sunak a renomeou para o cargo, na semana passada. Para uma parte dos conservadores ela poderia colocar em perigo o governo e as chances do partido melhorar sua aprovação, atualmente em baixa.
Em uma carta aberta publicada na segunda-feira, mais de 120 associações e ONGs pediram a Braverman que crie vias seguras para os demandantes de asilo e respeite o direito internacional e a Convenção da ONU pelos refugiados.
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