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Linha Direta

Pacificar "dois Brasis" será o grande desafio de Lula, diz especialista

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Se tivesse apenas que lidar com desafios econômicos e sociais, como gerar emprego e acabar com a fome, o desafio do novo presidente já seria gigante. Mas Luiz Inácio Lula da Silva terá de promover ações e aprovar projetos num país totalmente dividido e com apoio de um Legislativo onde Jair Bolsonaro é que tem maioria.

No discurso da vitória, Lula disse que não governará somente para seus eleitos e que não existem dois Brasis.
No discurso da vitória, Lula disse que não governará somente para seus eleitos e que não existem dois Brasis. AP - Andre Penner
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

“Lula tem desafios imensos. Um país socialmente e politicamente dividido, com muitas fraturas, diferente daquele de 2003, no seu primeiro governo. E há problemas econômicos, impactos sociais urgentes. Ele vai precisar buscar lideranças, conversar com governadores eleitores, com parlamentares, para realizar essa concertação e ter apoio para isso”, afirmou à RFI a doutora em ciência política Luciana Santa, professora da Universidade Federal do Piauí e da Universidade Federal de Alagoas, para quem “uma das principais expectativas é ver quem vai chefiar o Ministério da Economia, quando se poderá ter ideia de qual caminho o governo vai seguir nessa área”.

Bolsonaro é o primeiro presidente que não consegue obter um segundo mandato consecutivo desde que a emenda da reeleição foi aprovada em 1997. A analista diz que o momento é tão delicado pela polarização que chega a ver como positivo o fato de Bolsonaro não ter se pronunciado neste domingo após o resultado das urnas: “Ao menos ele não inflamou seus apoiadores num momento ainda de tensão eleitoral. Ele está buscando construir sua narrativa”, afirmou Santana.

Muitos aliados que chegavam ao Palácio do Alvorada, onde estava o presidente, não conseguiram entrar porque Bolsonaro se isolou e não quis receber visitas. No meio da noite a informação que repassavam para políticos que tentaram falar com ele era a de que o presidente já estava dormindo.

Ruas de várias cidades brasileiras foram tomadas por apoiadores de Lula assim que o petista ultrapassou Bolsonaro e mais ainda quando o TSE confirmou que o resultado não poderia mais ser alterado. O som das vuvuzelas bolsonaristas se aquietou e a maioria deles se recolheu, não havendo maiores registros de confusão entre eleitores de lados opostos, como aconteceu nas vésperas do pleito.

"Eleitor quer reformas"

Um dos principais aliados de Bolsonaro hoje, o presidente da Câmara Arthur Lira, foi um dos primeiros a reconhecer o resultado das urnas, mandando um recado tanto ao atual presidente, mas também ao futuro. “A vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada. As urnas já haviam falado em 2 de outubro passado, quando apontaram que o eleitor quer um Brasil no caminho das reformas, de um estado menor e mais eficiente. Esse recado foi dado e deverá ser levado a sério. ”

O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD/MG) também disse que as eleições mostraram a lisura do processo eleitoral, mas a vitória apertada, com uma diferença de pouco mais de dois milhões de votos, traz o desafio da pacificação do país.

“A segurança, a confiabilidade das urnas eletrônicas deram o resultado fidedigno da vontade popular, de cada voto depositado nelas. O que fica é um balanço muito positivo, mas ao mesmo tempo, uma clara divisão da sociedade brasileira. O papel dos novos mandatórios é reunificar o país, encontrar na união soluções para os problemas, dando um basta ao ódio, à intolerância”, disse Pacheco.

No discurso da vitória, Lula disse que não governará somente para seus eleitos e que não existem dois Brasis. “Chegou a hora de baixarmos as armas, que nunca deveriam ter sido empunhadas. A ninguém interessa um país dividido”.

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