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Em discurso da vitória, Lula diz ao mundo que “o Brasil está de volta” e prega reconciliação nacional

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu governar para todos os brasileiros, num discurso da vitória marcado por mensagens de reconciliação nacional e acenos para os evangélicos e partidos opositores. O petista foi eleito com 60,335 milhões de votos, superando o seu adversário, o atual presidente Jair Bolsonaro, com uma diferença apertada de apenas 2 milhões de votos, ou 1,7%.

Lula comemora vitóroa em segundo turno de eleição presidencial, domingo, 30 de outubro de 2022, em São Paulo.
Lula comemora vitóroa em segundo turno de eleição presidencial, domingo, 30 de outubro de 2022, em São Paulo. AP - Andre Penner
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a São Paulo

Ainda que a vitória tenha sido justa, Lula conquistou a maior votação da história do presidencialismo brasileiro, batendo o próprio recorde de 2006, quando 58,295 milhões de brasileiros o escolheram. Já Bolsonaro foi o primeiro presidente a não se reeleger no país.

"A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, declarou, no discurso pronunciado à imprensa reunida no Hotel Intercontinental de São Paulo, a poucos metros da festa da vitória na cidade, na Avenida Paulista. "A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra. Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído. É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas", frisou.

Lula fez menção a Deus em três ocasiões do discurso, a primeira logo no começo da fala. "Agradeço a Deus por ter chegado onde eu cheguei (…), sobretudo neste momento em que nós não enfrentamos um candidato. Enfrentamos a máquina do estado brasileiro, colocada a serviço do candidato da situação para tentar evitar que nós ganhássemos as eleições”, acusou o presidente eleito, que não citou o nome de Jair Bolsonaro.

Questionado pela RFI ao deixar o local sobre se o atual presidente já tinha reconhecido a derrota ou feito contato com ele, Lula respondeu: “não sei”.

Lula avisa que “o Brasil está de volta"

O petista evocou as linhas da sua política externa, dizendo que batalhará para resgatar "aquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos, e que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres”. Ele destacou a reaproximação com os países latino-americanos e africanos, ignorados por Bolsonaro durante o seu mandato.

Lula defendeu "uma nova governança global", com a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e com o fim do direito a veto. Também deseja “um comércio internacional mais justo” e retomar as parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia "em novas bases". "Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria prima”, advertiu.

"Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo”, salientou o petista.

Resgatar a bandeira verde-amarela

Ainda no discurso, o petista se comprometeu a "trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro”, destacou.

Lula frisou que "essa é a vitória de um imenso movimento democrático que se formou acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais, das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”. Ele agradeceu a nomes como a senadora Simone Tebet, candidata derrotada ao Planalto que participou da campanha do ex-presidente no segundo turno. Também sublinhou que o seu governo vai retomar o diálogo com os três poderes, para garantir a "normalidade democrática consagrada na Constituição".

O petista ressaltou que a "prioridade número um” do seu governo será combater “de novo” a fome. “A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra. A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento”, afirmou.

Desmatamento zero

Lula ainda ressaltou que vai lutar pela igualdade de direitos das minorias e "enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades”. Na área ambiental, se comprometeu a atingir a meta de desmatamento zero da Amazônia e a promover o desenvolvimento sustentável do país.

"O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.  Vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida”, disse. Ao seu lado, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva aplaudiu e disse “muito bom” a Fernando Haddad, candidato derrotado do PT ao governo de São Paulo neste domingo.

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