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Linha Direta

Premiê britânica se agarra ao poder diante de falta de consenso no Partido Conservador

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A sobrevivência política da primeira-ministra britânica, Liz Truss, está por um fio. Seis parlamentares do Partido Conservador, a sua legenda, já falam abertamente em tirá-la do poder. No entanto, não há consenso dentro do governo sobre como sair do impasse, prolongando uma situação dramática no Reino Unido. 

 A permanência de Liz Truss virou tema de memes e piadas na internet. Um tabloide já compara o seu prazo de validade com o de um pé de alface comprado no supermercado da esquina. E o público parece estar apostando na longevidade do alface.
A permanência de Liz Truss virou tema de memes e piadas na internet. Um tabloide já compara o seu prazo de validade com o de um pé de alface comprado no supermercado da esquina. E o público parece estar apostando na longevidade do alface. © Daniel Leal/AP/SIPA
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Em apenas um mês e meio de governo, Liz Truss se viu obrigada a voltar atrás em todas as medidas que havia anunciado — promessas de campanha que lhe garantiram o posto — e perdeu dois ministros-chave, o das Finanças e a do Interior. Se cair, Truss pode entrar para a história como a pessoa que menos tempo ocupou o cargo de premiê no Reino Unido.

A chefe de governo venceu a disputa pela liderança do partido e o cargo de primeira-ministra prometendo de redução de tributos e gastos bilionários com subsídios às contas de energia, que subiram mais de 300% nos últimos dois anos. O país, como outros, enfrenta as consequências da guerra na Ucrânia e os efeitos da pandemia. Convive também com o impacto do Brexit, sobre o qual pouco se fala, mas que é cada vez mais evidente. Para enfrentar esses problemas, Truss adotou políticas heterodoxas que criaram desconfiança de fora e dentro do próprio partido e sobretudo dos agentes econômicos. E isso derrubou os mercados.

A reação foi tal que a premiê se viu obrigada a reverter tudo o que tinha anunciado e a fazer exatamente o oposto. Para isso, demitiu o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, um aliado próximo, e anunciou para o seu lugar Jeremy Hunt, parlamentar da ala mais moderada do partido, portanto, mais distante do grupo à direita que acabou alçando Truss ao cargo. O que se diz por todo o Reino Unido é que agora é Hunt quem manda de fato nesse governo.

Situação econômica frágil

Tudo isso significa que ainda não há qualquer consenso dentro do Partido Conservador, seja para tirar Liz Truss do poder e indicar outro nome para seu lugar, seja para mantê-la onde está. Há quem diga que ela sobrevive graças a essas indecisões. O que seus correligionários têm diante de si é um país com a situação econômica frágil e uma líder que tomou medidas atrapalhadas, demonstrando não ter chances de enfrentar a eleição geral prevista para 2024.

O Partido Trabalhista, de oposição, está na crista da onda, segundo as pesquisas de opinião. Quer antecipar as eleições gerais, alegando que o governo conservador está acabado.

No entanto, os conservadores sabem que seriam varridos do mapa caso uma eleição fosse realizada agora. Por isso, pretendem agarrar-se ao calendário, que prevê o pleito em 2024. Mas é quase consenso que Liz Truss não será a sua candidata até lá.

A pergunta de um milhão de libras — dinheiro que, aliás, a cada dia que passa vale menos — é quem seria o candidato. Dificilmente será a atual primeira-ministra, a dúvida é Liz Truss ela cairá agora ou mais adiante. 

Piada na internet

Os prognósticos não são bons e Truss tenta se equilibrar como pode. Sua permanência virou tema de memes e piadas na internet. Um tabloide já compara o seu prazo de validade no poder com o de um pé de alface comprado no supermercado da esquina. Os britânicos parecem estar apostando na longevidade do alface.

A ministra do interior Suella Braverman, que se demitiu na quarta-feira (19), diz ter renunciado por conta de um e-mail oficial que enviou a partir de sua conta pessoal, um desvio de conduta. Mas essa foi a desculpa primeira. Sua carta de renúncia diz que o governo precisa confiar em pessoas que aceitem as responsabilidades por seus erros. “Fingir que não cometemos erros e esperar que as coisas vão magicamente se corrigir não é política séria”, disse Braverman no documento.

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