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Linha Direta

Primeira-dama da Califórnia é uma das testemunhas do julgamento de Harvey Weinstein

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A documentarista e ex-atriz Jennifer Siebel Newsom (“Fair Play”), esposa do atual governador da Califórnia, Gavin Newsom, é uma das testemunhas de acusação no julgamento do ex-produtor Harvey Weinstein, que teve início nesta segunda-feira (10), em Los Angeles. Ainda não há uma data para o depoimento da primeira-dama, mas deve acontecer nas próximas dez semanas, tempo que deve durar o julgamento.

O antigo produtor de filmes Harvey Weinstein com o seu advogado Mark Werksman no tribunal do Centro de Justiça Criminal Clara Shortridge Foltz em Los Angeles, Califórnia, EUA, 04 de Outubro de 2022.
O antigo produtor de filmes Harvey Weinstein com o seu advogado Mark Werksman no tribunal do Centro de Justiça Criminal Clara Shortridge Foltz em Los Angeles, Califórnia, EUA, 04 de Outubro de 2022. REUTERS - POOL
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Cleide Klock correspondente da RFI em Los Angeles

O ex-magnata, que já foi um dos principais nomes da indústria cinematográfica, cumpre uma sentença de 23 anos de prisão pela comarca de Nova York, e neste novo julgamento pode ser condenado a até 140 anos de cadeia por uma série de agressões sexuais que teriam acontecido na Califórnia.

Primeira Fase

Nesta segunda-feira, uma multidão de jornalistas se aglomerou em frente à corte do centro de Los Angeles. Mas todo o julgamento será de portas fechadas. Neste primeiro dia, começou a seleção do júri. Somente esta fase de escolha dos jurados deve durar duas semanas.

Harvey Weinstein, que está detido em uma prisão do condado de Los Angeles muito perto do local onde acontece o julgamento, chegou ao tribunal em uma cadeira de rodas, entrou pela porta dos fundos e sentou ao lado de seus advogados na mesa de defesa. Ao contrário do que acontece em muitos casos, que o detento aparece com o uniforme da prisão, Weinstein estava vestindo um terno azul. O ex-produtor de cinema ficou em frente a 67 pessoas, jurados em potencial, que foram apresentadas neste primeiro dia de painel, e inclusive acenou para eles quando seus advogados os apresentaram. Mais dois painéis com até 75 jurados cada acontecem nesta terça (11) e quarta-feira (12).

Nesta primeira "peneira" para seleção, os jurados recebem um longo questionário para saber quem está apto a participar do julgamento e quem vai ser dispensado. As perguntas e as respostas desses questionários são confidenciais, mas geralmente são para saber se a pessoa está por dentro do processo ou se conhece testemunhas.

O tribunal quer que o júri seja formado por pessoas imparciais e que formem a opinião durante o processo de julgamento, não que venham com ela pronta por ter, principalmente, acompanhado a cobertura da mídia ou inclusive, ter alguma relação com a indústria cinematográfica e com pessoas envolvidas na acusação e defesa.

O julgamento propriamente dito, provavelmente, não começará até a última semana de outubro e deve terminar apenas em dezembro. A sentença deve demorar ainda mais para sair.

Acusações e vítimas

O júri vai analisar onze acusações de crimes que teriam acontecido em Los Angeles e Beverly Hills, entre 2004 e 2013. São quatro acusações de estupro e sete de agressão sexual envolvendo cinco mulheres. A maioria dos crimes teria acontecido em quartos de hotel, quatro deles na semana das celebrações do Oscar de 2013, quando Weinstein lançava os longas “O Lado Bom da Vida” e “Django Livre", ambos com várias indicações e que levaram estatuetas do Oscar.

As vítimas são mulheres que na época estavam em início de carreira. Além das cinco mulheres que o acusam diretamente, outras quatro serão ouvidas para falar sobre o comportamento de Weinstein.

Geralmente, não são divulgados os nomes de testemunhas de acusação de agressão sexual mas, nesta segunda, a mídia americana publicou com autorização da vítima que uma das testemunhas será Jennifer Siebel Newsom, esposa do governador da Califórnia, Gavin Newsom. Identificada até então pelo pseudônimo de Jane Doe nº 4 em documentos judiciais, Jennifer Siebel Newsom irá depor em algum momento nas próximas 10 semanas.

Segundo nota da advogada dela, Elizabeth Fegan, ao site Deadline, Jennifer, "como muitas outras mulheres, foi agredida sexualmente por Harvey Weinstein em uma suposta reunião de negócios que acabou sendo uma armadilha''. Ela pretende testemunhar a fim de buscar alguma justiça para os sobreviventes e para melhorar a vida das mulheres”.

Jennifer Siebel Newsom que é documentarista e trabalhava como atriz antes de casar com o atual governador da Califórnia detalhou ter sido atacada e agredida pelo produtor Weinstein, em um artigo de 2017, no Huffington Post, logo após o New York Times expor as décadas de estupros, agressões e ameaças de assédio de Weinstein contra atrizes e outras mulheres da indústria do entretenimento. O crime contra Newsom teria acontecido em 2004.

Além da primeira dama da Califórnia, estão entre as testemunhas a atriz Lauren Young, que já havia participado do processo de Nova York, uma modelo italiana, que afirma ter sido estuprada em um hotel de Beverly Hills e outras mulheres que mantém o anonimato.

Cinco Anos de #MeToo

O julgamento coincide com o aniversário de cinco anos das primeiras acusações que deram voz ao movimento #Metoo e também com o lançamento do filme "She Said"("Ela Disse").

A estreia de "She Said" acontece nesta quinta-feira (13) no Festival de Cinema de Nova York, um dos eventos que Weinstein, antes das acusações, sempre era presença garantida. Os advogados do ex-produtor, inclusive, pediram, em vão, o adiamento do julgamento em Los Angeles alegando que o filme poderia influenciar no processo.

O longa é uma adaptação do livro das jornalistas do New York Times Jodi Kantor e Megan Twohey, o qual aborda a investigação jornalística de 2017, sobre Weinstein e que resultou na queda de seu império cinematográfico. No elenco estão as atrizes Samantha Morton e Carey Mulligan. A direção é da alemã Maria Schrader e um dos produtores é Brad Pitt.

O filme está neste circuito de festivais e no dia 18 de novembro estreia nos cinemas nos Estados Unidos e também ao redor do mundo. Justamente, enquanto acontece o desenrolar do julgamento. Mas, a corte alegou que isso não seria motivo para adiá-lo.

Ao todo, mais de 100 mulheres, incluindo Angelina Jolie, Cate Blanchett e Salma Hayek, acusaram Weinstein de agressão ou assédio. Harvey Weinstein afirma que todos os encontros sexuais foram consensuais e o advogado do ex-produtor disse à imprensa que as acusações de Los Angeles "são de muitos anos atrás" e não podem "ser corroboradas por evidências forenses" ou "testemunhas confiáveis".

A condenação de 23 anos de cadeia, em Nova York, em 2020, foi um divisor de águas para o movimento #MeToo e a expectativa é que o julgamento de Los Angeles traga uma sentença ainda maior, já que ele pode ser sentenciado a mais de 140 anos atrás das grades.

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