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Linha Direta

Novas restrições para conter Covid-19 podem piorar situação de Boris Johnson

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Medidas sanitárias podem complicar ainda mais a situação política do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que vive seu pior momento desde que assumiu o cargo há dois anos. Com número de novas contaminações diárias acima de 120 mil, governo se reúne nesta segunda-feira (27) para analisar a necessidade de novas restrições.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, em 15 de dezembro de 2021.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, em 15 de dezembro de 2021. AP - Tolga Akmen
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O Natal foi liberado, como tanto desejavam os britânicos, depois de passar o anterior confinados. Mas tudo tem um preço. Neste fim de semana de comemorações, as ruas de Londres estavam lotadas. Depois do Natal, vem o feriado que marca o dia de descontos no comércio. E todo mundo quer garantir as suas barganhas. Muitas pessoas seguiam sem máscara. Até nos supermercados, onde o uso do acessório é obrigatório, como em outros ambientes fechados.

O primeiro-ministro tem reunião com seus conselheiros de saúde nesta segunda. A partir do balanço da situação, decide que medidas adicionais serão necessárias. O que se diz é que o “plano C” pode ser colocado em ação. E ele inclui limitar o número de pessoas de famílias diferentes que podem se encontrar em um mesmo ambiente. Tudo vai depender das hospitalizações em consequência da ômicron.

As ruas de Londres estiveram lotadas nos dias que antecederam o Natal.
As ruas de Londres estiveram lotadas nos dias que antecederam o Natal. © Vivian Osvald/RFI Brasil

Momento delicado para o premiê

A partir desta segunda, novas medidas mais restritivas entram me vigor na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Na Inglaterra, ainda não. Mais uma vez, a nação segue atrás das outras três. A boa notícia é que muitas pessoas que ainda não tinham tomado qualquer dose de vacina começaram a procurar os postos de saúde nos últimos dias.

Politicamente, Boris Johnson vive seu momento mais delicado desde que foi eleito para o cargo, em dezembro de 2019. É alvo de críticas de fora e de dentro do seu próprio partido. Na semana passada, 99 parlamentares conservadores, a sua legenda, votaram contra o chamado “plano B”, o pacote de medidas sanitárias anunciadas pelo governo - que contou com o Partido Trabalhista, de oposição, para aprová-las.

A legenda de Johnson também perdeu um assento tradicional dos conservadores em eleição no Oeste de Shropshire, que acabou ficando com os liberal-democratas. O lugar era reduto do Partido Conservador há 200 anos.

Há ainda denúncias de lobby e tráfico de influência envolvendo membros do partido da situação. E Johnson tentou mudar as regras do jogo para acomodar os casos. Precisou voltar atrás depois do mal-estar. O primeiro-ministro tem sido percebido como errático nos seus processos de tomadas de decisão. Às vezes, até mesmo confuso.

Tudo isso entra na conta de Johnson, que está às voltas com explicações sobre festas de Natal realizadas com a participação de membros do governo e ele próprio no Natal do ano passado, quando o resto do país seguia confinado. As investigações estão em curso e devem terminar até o final do ano.

Este é um grande telhado de vidro para um governo que talvez precise lançar mão de medidas ainda mais restritivas, ou, no limite, de novo confinamento para conter o avanço do vírus, quando a sociedade já está cansada.

Em busca do equilíbrio

Johnson está dividido tentando, de um lado, agradar um partido que tem uma ala que é contrária às medidas restritivas. De outro, há uma expectativa de que siga os conselhos dos cientistas que aconselham o governo.

Não se pode esquecer ainda de uma crise de abastecimento em curso, que muitos críticos atribuem aos efeitos do Brexit. Desde janeiro, o país está oficialmente fora da União Europeia (UE) e tenta se adaptar às novas regras de comércio com o bloco.

O fato é que o partido está muito insatisfeito com Johnson e pode questionar a sua liderança, o que pode levar a um voto de desconfiança no parlamento.

Pesquisa no Sunday Times divulgada no domingo revela que o Partido Trabalhista assumiria o poder se eleições gerais fossem realizadas agora. Em princípio, o próximo pleito só deve acontecer em 2023.

França mantém proibição

Enquanto isso, França mantém proibição a viagens não essenciais de britânicos a seu território, medida que, aparentemente, já não faz mais tanto sentido. Os casos diários no país também ultrapassam os 100 mil. Não se fala em suspensão.

O governo britânico tampouco toca no assunto. Talvez por uma razão simples: os britânicos que passariam as festas na França estão gastando suas libras no Reino Unido, o que é sempre bem-vindo num momento em que todos temem, mais uma vez, o fechamento de portas de estabelecimentos por conta do vírus.

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