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Linha Direta

Escândalos de corrupção diminuem popularidade de Boris Johnson no Reino Unido

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Enquanto tenta costurar um acordo ambicioso para o clima que confira protagonismo global ao Reino Unido sob sua liderança, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, perde popularidade interna por causas muito menos nobres. A reação estabanada do seu governo a acusações de corrupção contra membros do partido conservador levaram o premiê para o olho do furacão de uma crise política que ainda deve ter muitos desdobramentos.

Os resultados da conferência do clima em Glasgow agora dividem as primeiras páginas dos jornais britânicos com o escândalo de corrupção envolvendo parlamentares do partido conservador do primeiro-ministro.
Os resultados da conferência do clima em Glasgow agora dividem as primeiras páginas dos jornais britânicos com o escândalo de corrupção envolvendo parlamentares do partido conservador do primeiro-ministro. ANDY BUCHANAN AFP
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Os resultados da conferência do clima em Glasgow agora dividem as primeiras páginas dos jornais britânicos com o escândalo de corrupção envolvendo parlamentares do partido conservador do primeiro-ministro. A crise é séria e, de certa forma, auto-infligida. Tudo começou com a suspensão de 30 dias de Owen Paterson, membro do partido conservador, depois que a comissão de ética independente do parlamento confirmou que ele teria recebido 100 mil libras, cerca de R$ 740 mil, para defender os interesses de duas empresas junto ao governo.

O grande equívoco da equipe de Boris Johnson foi não só tentar evitar a suspensão como também mudar às pressas as regras para este tipo de investigação. O que se queria era criar uma outra instância a que se pudesse recorrer em casos como esses. Por insistência da liderança do partido, os parlamentares defenderam e aprovaram as mudanças na semana na semana, apesar do evidente desgaste que traria para a legenda.

Os desdobramentos foram ainda piores. Nem a renúncia de Paterson foi capaz de aplacar as críticas e a pressão. O governo teve de voltar atrás e retirar o apoio à iniciativa, deixando na mão os parlamentares que votaram pelas novas regras. Tudo isso ficou muito feio para o partido e para Johnson. Ele próprio, não é de hoje, ainda deve explicações sobre reformas feitas na residência oficial onde mora com dinheiro de patrocinadores. Ou seja, a leitura é de que poderia estar legislando em causa própria.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson durante a abertura da COP 26
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson durante a abertura da COP 26 © AP/Chris J Ratcliffe

Outros parlamentares estariam na mesma situação

O episódio abriu uma verdadeira caixa de pandora. Há denúncias de que outros parlamentares estariam na mesma situação. Um quarto deles teria um segundo emprego, o que, em tese, não é ilegal, desde que declarem os valores recebidos, o trabalho que estão fazendo e que não haja conflito de interesse. Mas pelo menos 32 estariam prestando consultorias para empresas e, isso, no entendimento de especialistas, não poderia acontecer, como estaria claro no regimento.

O que se tem agora é uma grande discussão sobre a ética parlamentar. E esses casos envolvem sobretudo integrantes do partido conservador. Desses 32, só dois não pertencem à legenda. Está marcada para a próxima segunda-feira uma reunião emergência da comissão de ética para tratar de como tornar as regras e punições ainda mais transparentes.

O prestígio que Johnson esperava obter com a sua atuação na COP26 está sendo ofuscado internamente pela confusão política. A popularidade do premier caiu para os níveis mais baixos do seu governo, segundo pesquisas realizadas logo depois do escândalo envolvendo Paterson. Neste meio tempo, também diminuiu a vantagem que ele mantém em comparação com o líder da oposição trabalhista Keir Starmer, agora, em seu menor nível, de apenas dois pontos percentuais de diferença.

A sorte do premier é que não há eleições previstas para o futuro próximo. Mas o desgaste do partido e da liderança entre os seus pares é inegável e vai pesar contra ele. Em entrevista à televisão no fim de semana, Starmer disse que o primeiro-ministro está destruindo a reputação da democracia do país.“É um comportamento de um primeiro-ministro que não sabe como manter os padrões da vida pública”, afirmou o líder trabalhista.

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