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Linha Direta

Quarta onda de Covid atrapalha festa do Ano Novo judaico em Israel

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O Ano Novo judaico começa nesta segunda-feira (6) e os judeus de Israel – 75% da população – se preparam para a tradicional ceia de família. Como o dia judaico começa com o aparecimento da primeira estrela e não à meia-noite, em geral o celebração acontece com um jantar assim que anoitece, com comidas como maçã com mel e sementes de romã para desejar um ano doce e frutífero. Os mais religiosos vão a sinagogas para ouvir o som do shofar, um chifre de animal, tocado por rabinos para marcar a data. 

Muro das Lamentações, o local de oração mais sagrado do judaísmo, durante comemorações do Ano Novo judaico. Israel, na Cidade Velha de Jerusalém, em 6 de setembro de 2021.
Muro das Lamentações, o local de oração mais sagrado do judaísmo, durante comemorações do Ano Novo judaico. Israel, na Cidade Velha de Jerusalém, em 6 de setembro de 2021. REUTERS - RONEN ZVULUN
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

O ano que começa será o de 5782 – quantidade de anos desde a criação do mundo, segundo a tradição judaica. Mas, como no ano passado, a celebração acontece à sombra de mais uma onda de coronavírus, a quarta desde março de 2020. Segundo uma pesquisa do Instituto de Democracia de Israel, 50% dos judeus israelenses desistiriam do tradicional jantar de família caso soubessem que um dos parentes presentes não se vacinou.

Há uma semana, o número de infectados pelo vírus gira em torno dos 10 mil diários, com uma média semanal de 25 mortos por dia, números altos para um país de apenas 9,3 milhões de habitantes.

Diante disso, muitas famílias vão realizar a ceia de Ano Novo com menos parentes para evitar aglomerações, já que as restrições são de até 50 pessoas, no máximo. Muitas famílias vão festejar ao ar livre e algumas estão até pedindo aos não vacinados – incluindo crianças – que façam testes rápidos de corona antes de comparecer.

49% dos israelenses acham restrições insuficientes

Entre os que não se importam em ir a festas com não vacinados, a maioria é formada por jovens com menos de 44 anos, que se preocupam menos com a pandemia. Isso se reflete também no percentual dos israelenses que acreditam que o governo do país deveria impor mais restrições para conter as infecções.

Quase metade dos entrevistados, ou 49%, disseram acreditar que as restrições às pessoas não vacinadas não são suficientemente severas. Mas, entre os maiores de 55 anos, esse percentual aumenta para 61%.

Atualmente, os israelenses devem usar máscaras em locais fechados e seguir o chamado “Passe verde”, uma espécie de passaporte para poder entrar em lugares como restaurantes, cafés, hotéis, piscinas públicas e outros lugares. Todos os israelenses também precisam fazer quarentena ao desembarcar no aeroporto, sendo que cidadãos de alguns países – incluindo o Brasil – nem podem visitar o país.

Quase todas essas medidas haviam sido abolidas em maio por causa do sucesso da vacinação em massa no país e a queda drástica no número de infecções, hospitalizações e mortes. Mas as máscaras voltaram no final de julho, com a chegada da variante delta e a diminuição na eficácia das vacinas da Pfizer – praticamente a única usada no país.

Terceira dose

As outras restrições também voltaram quando as autoridades perceberam que, além da variante delta ser mais contagiante, a doença passou a ser muito detectada entre pessoas que haviam tomado as duas doses há mais de cinco meses.

Israel foi primeiro país a começar a oferecer, em 30 de julho, a terceira dose da vacina aos maiores de 60 anos. Depois, a idade foi baixando e hoje, todos os acima de 12 anos podem receber o reforço, desde que a segunda dose tenha sido administrada há mais de 5 meses. Até agora, 35% da população já foi imunizada com esse reforço.

Número de infecções começa a cair

Não há dúvidas de que a campanha de vacinação é um sucesso no país. Só 12% dos israelenses com mais de 12 anos não receberam as primeiras duas doses, até hoje, a maioria temendo que a vacina possa causar algum mal à saúde. Mas, somando os não vacinados, as crianças de até 12 anos e quem ainda não recebeu a terceira dose apesar de já ser elegível, ainda há muita gente se contaminando.

Os resultados da terceira dose já começam a ser medidos e o ritmo das infecções e hospitalizações está caindo. As autoridades acreditam que, em breve, a nova onda de Covid-19 vai passar por causa do reforço vacinal.

Campanha vacinação palestina ainda é lenta

Entre os palestinos, a vacinação avança mais devagar. A vacina está amplamente disponível na Cisjordânia e na Faixa de Gaza desde fevereiro, quando as autoridades receberam 2,8 milhões de doses da COVAX – o mecanismo internacional de compartilhamento de vacinas apoiado pelas Nações Unidas e pela Organização Mundial de Saúde. Outras 4,6 milhões de doses da Pfizer devem chegar em breve.

No entanto, a maioria dos palestinos hesita em se vacinar, tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza. Só cerca de 30% dos 2,8 milhões palestinos acima dos 18 anos foram receber a primeira dose da vacina, até agora, segundo dados recentes do Ministério da Saúde palestino. E só 16% estão duplamente vacinados.

A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, tentam, como podem, convencer a população. Recentemente, ordenaram os funcionários públicos a se vacinar sob pena de serem colocados em férias não remuneradas.

Mas esbarram em fake news e teorias conspiratórias que circulam por todo o mundo árabe-muçulmano, bem como em uma falta de confiança nas autoridades médicas. A esperança é que, aos poucos, a campanha de vacinação alcance mais pessoas nos territórios palestinos.

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