Com cerimônia atípica e sem público, Tóquio abre Jogos Olímpicos adiados por um ano
Publicado em:
Ouvir - 05:25
Depois de terem sido adiados por um ano em razão da pandemia da Covid-19, enfim os Jogos Olímpicos de Tóquio começam oficialmente nesta sexta-feira (23), com a realização da tão aguardada cerimônia de abertura. A pandemia e escândalos transformaram esta edição da Olimpíada em uma das mais incomuns da história. O início oficial das competições deve testar a popularidade do evento.
Gilberto Yoshinaga, correspondente da RFI em Tóquio
A cerimônia será bastante atípica e, pela primeira vez na história olímpica, não terá público. O Estádio Olímpico de Tóquio, que possui capacidade para 68 mil pessoas, contará com a presença de apenas algumas centenas de autoridades e, mesmo assim, elas deverão respeitar rígidas regras de distanciamento social. Entre os presentes, o imperador japonês Naruhito, que vai declarar a abertura das competições, e o presidente francês Emmanuel Macron.
Segundo o produtor executivo de cerimônias, o italiano Marco Balich, o evento precisou ser adaptado à realidade da pandemia. Por isso, a apresentação será “reduzida e sóbria”, sem as grandes coreografias, repletas de dançarinos e atores, que costumam caracterizar uma abertura de Olimpíada. O desfile das delegações também foi reduzido, a pedido dos organizadores.
Delegação brasileira no desfile será mínima
Dos 301 atletas que compõem a delegação brasileira em Tóquio, a 12ª maior dos Jogos, apenas dois participarão do desfile, como porta-bandeiras: Bruno Rezende, levantador da seleção masculina de vôlei; e a judoca Ketleyn Quadros, que foi medalha de bronze nos Jogos de Pequim, em 2008. Na cerimônia de abertura eles terão a companhia do chefe da missão brasileira Marco La Porta e de mais um oficial administrativo.
Uma curiosidade para a cerimônia é a identidade da pessoa que vai acender a pira no Estádio Olímpico de Tóquio. O nome do último condutor da tocha olímpica vem sendo mantido em segredo e só vai ser revelado na própria abertura dos Jogos.
Entre as personalidades especuladas para cumprir esta missão estão o ex-jogador de beisebol Ichiro Suzuki; o atual jogador do mesmo esporte Shohei Ohtani, que vem brilhando pelo time norte-americano Los Angeles Angels; e a tenista Naomi Osaka, quatro vezes campeã de torneios do Grand Slam, que é filha de pai haitiano e mãe japonesa – e poderia representar um Japão mais moderno e aberto à diversidade.
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos está prevista para começar às 20h, pelo horário local (8h da manhã, pelo horário de Brasília) e deve durar cerca de 3h.
Opinião pública
Até o final do mês passado, cerca de 80% dos japoneses queriam o cancelamento ou adiamento da Olimpíada, de acordo com pesquisa realizada pelo jornal “Asahi Shimbun”. Nova pesquisa realizada pelo mesmo veículo e divulgada na segunda-feira apontou que 68% da população não acreditam que seja possível realizar os Jogos com a segurança sanitária necessária, e que 55% ainda se posicionam contrários à realização do evento.
Em função da Olimpíada, o governo japonês remanejou dois feriados para criar uma folga prolongada de quatro dias, a partir desta quinta-feira (22): o Dia do Mar, que teria sido nessa segunda-feira (19); e o Dia dos Esportes, que seria em 11 de outubro. Um outro feriado, o Dia da Montanha, foi alterado do dia 11 para 8 de agosto, dia do encerramento dos Jogos.
Mas a popularidade do evento começa a ser testada, de fato, neste sábado (24), com o início das disputas em 17 modalidades – entre elas, algumas bastante prestigiadas pelo público, como vôlei, judô, natação e ginástica artística.
Covid-19 em alta
O número de casos da Covid-19 segue em alta na região metropolitana de Tóquio. Nesta quinta-feira, foram registrados 1.979 casos, a maior contagem em seis meses. Com isso, a média desta semana chega a 1.373 casos por dia, 55% a mais que na semana anterior. Especialistas em saúde acreditam que esse número possa ultrapassar a casa dos 2.500 casos diários ainda na primeira metade de agosto. A região metropolitana está em seu quarto estado de emergência desde o início da pandemia, medida que será mantida pelo menos até 22 de agosto.
A lista de casos relacionados aos Jogos já tem cerca de 90 infectados desde o dia 1º de julho. Os últimos contágios anunciados foram o do nadador russo Ilya Borodin, do jogador de vôlei de praia norte-americano Taylor Crabb e da jogadora checa Marketa Nausch Slukova, também do vôlei de praia – chegando a cinco casos na delegação de seu país.
Não é só a pandemia que transformou esta edição da Olimpíada em uma das mais incomuns da história. A organização dos Jogos também se viu rodeada de polêmicas até a véspera da abertura. Um dia antes do evento, o diretor das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, o comediante Kentaro Kobayashi, foi demitido por uma piada sobre as vítimas do Holocausto.
Vale lembrar que, em fevereiro deste ano, o chefe da Olimpíada Tóquio 2020, Yoshiro Mori, se viu obrigado a renunciar depois de outra repercussão muito negativa. Mori havia feito declarações consideradas sexistas, ao afirmar que as mulheres “falam demais”.
Boas estreias
A abertura oficial dos Jogos acontece nesta sexta-feira, mas algumas modalidades já deram início às competições. No futebol feminino, na quarta-feira o Brasil goleou a China por 5 a 0. Nesta quinta-feira, foi a vez da seleção masculina, atual campeã olímpica, estrear com vitória de 4 a 2 contra a Alemanha. Essas são algumas das modalidades em que o Brasil tem grandes chances de conquistar medalhas.
Ainda na quinta-feira, pelo remo, o atleta Lucas Verthein foi o primeiro brasileiro a participar de competições individuais e se classificou para as quartas-de-final da competição na categoria single skiff.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro