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Mascotes dos Jogos de Tóquio tentam se impor no país da Hello Kitty

A dois dias da abertura oficial, os mascotes dos Jogos Olímpicos de 2020 estão por toda a parte nas ruas de Tóquio. Porém, eles enfrentam uma grande concorrência no imaginário coletivo no Japão, país apaixonado por esse tipo de personagens fictícios emblemáticos.

Os mascotes de Tóquio 2020: Miraitowa e Someity foram apresentados oficialmente em 22 de julho de 2018.
Os mascotes de Tóquio 2020: Miraitowa e Someity foram apresentados oficialmente em 22 de julho de 2018. AFP
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Os famosos Hello Kitty e Pokemon, por exemplo, nasceram no Japão. Mas o fenômeno vai muito além e mascotes com cores vivas e design divertido costumam ser usados no país para dar uma imagem sorridente e amigável a empresas e instituições, sejam elas fabricantes de doces ou até de uma prisão.

Um dos personagens mais apreciados é uma fada em forma de pera, chamada Funassyi, que ganhou fama, há 12 anos, como representante não oficial da cidade de Funabashi (perto de Tóquio), conhecida por suas frutas. Essa criatura de gênero indefinido e fã de lendas do rock, como Aerosmith e Ozzy Osbourne, aparece regularmente em programas de televisão e sua conta no Twitter tem quase 1,4 milhão de seguidores. No Japão, "é normal que os adultos amem mascotes", explica Funassyi com sua voz aguda em uma entrevista, e "os japoneses têm uma tendência a personificar objetos".

Mascotes Tóquio 2020

A essa altura, você provavelmente já ouviu falar de Miraitowa e Someity. Esses dois personagens são as mascotes da Olimpíada de Tóquio. Os dois, no entanto, não são mascotes convencionais, uma vez que eles não representam a fauna japonesa, mas sim sua inventividade.

O governo japonês deu a oportunidade ao público de participar da criação de suas mascotes, abrindo um concurso que recebeu mais de 2 mil desenhos. Apesar das muitas opções, o governo escolheu as criações do artista japonês Ryo Taniguchi. Ambas são criaturas cibernéticas, criadas a partir de elementos da cultura japonesa.

Miraitowa, representante da Olimpíada, tem seu nome formado da junção de duas palavras em japonês, mirai (futuro) e towa (eternidade).  Ele tem orelhas pontudas, olhos grandes de personagens de mangá e um corpo coberto de quadrados azuis.  

Já Someity, mascote dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, representa a capacidade do povo japonês de se conectar com o seu passado, olhando para o futuro. Ele é cor-de-rosa, com olhos amendoados e orelhas pontudas.

Na terra dos mascotes, eles podem gerar muito dinheiro: o urso preto com bochechas vermelhas Kumamon, representante do departamento de Kumamoto (sudoeste do país) arrecadou o equivalente a 1,3 bilhão de euros no ano passado, ao permitir que as empresas locais utilizassem sua imagem para seus produtos.

Historicamente, o primeiro mascote olímpico foi um cão da raça Dachshund chamado Waldi, projetado para os Jogos de Munique, de 1972. Desde então, todas as cidades-sede criam seus próprios personagens para simbolizar os valores olímpicos e o legado cultural dos Jogos.

Escola de mascotes

Como uma prova do amor dos japoneses por essas criaturas, Choko Ohira, de 62 anos, abriu uma escola, há 17 anos, para pessoas que desejam entrar na pele de um mascote. Esses personagens "têm o poder de atrair pessoas", diz Ohira, que "encarnou" durante anos um famoso camundongo em um programa infantil da emissora pública japonesa NHK. "As crianças vêm com um grande sorriso, seguram as mãos e abraçam", conta.

Ela está convencida de que, em uma sociedade japonesa às vezes rígida, os animais de estimação dão às pessoas a possibilidade de relaxar um pouco. Seus alunos aprendem primeiro, sem o traje, os gestos dos mascotes, com movimentos amplos e exagerados, antes de vestir a fantasia de urso panda, gato ou esquilo.

Se os mascotes podem dar enormes lucros em vendas, trabalhar na pele de um desses personagens não costuma ser uma vida dos sonhos: poucos fazem fortuna e as fantasias podem ser muito pesadas, desconfortáveis e sufocantes, especialmente no calor do verão japonês.

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