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Esporte em foco

“Minha vitória marcou o Tour de France”, diz Mauro Ribeiro, único brasileiro a vencer uma etapa da prova há 30 anos

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A 108 ª edição do Tour de France, que teve largada neste sábado (26), traz de volta ao público francês o espetáculo da mais famosa prova ciclística de rua do mundo. A saída este ano foi de Brest, na região da Bretanha, oeste do país, onde vão acontecer quatro etapas de um total de 21 durante a competição. Foi nesta mesma região que, há cerca de 30 anos, um brasileiro entrava para a história do esporte.

Ciclista Mauro Ribeiro criou a própria marca de produtos especializados.
Ciclista Mauro Ribeiro criou a própria marca de produtos especializados. © Divulgação/ Facebook
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No dia 14 de julho de 1991, Mauro Ribeiro, integrante da equipe francesa RMO, liderava o pelotão de ciclistas ao final da 9ª etapa entre Alençon e Rennes. Na última reta, 16 corredores estavam na disputa, mas o brasileiro se manteve na frente, e mesmo sofrendo ataques dos concorrentes, cruzou a linha de chegada em 3h40’51.

Mauro Ribeiro entrou na história como o primeiro, e até agora único, atleta brasileiro a vencer uma etapa do Tour de France. “Como para o todo atleta, é super gratificante. Quem conhece um pouco o Tour de France e o que ele é hoje, a gente começa a entender a grande aventura que eu passei. Para mim foi uma coisa sensacional. Depois de 30 anos de carreira e ainda estar com essa vitória como única, ela tem um sabor muito especial”, diz.

No entanto, Mauro também revela uma certa tristeza por constatar que seu feito continua excepcional na história do ciclismo nacional.” A história é contada por aquilo que foi feito,  e por aquilo que é continuado a ser”, lamenta.

Ribeiro lembra que a prova terminou às 16h30, mas ele só conseguiu chegar ao hotel nom fim da noite, depois de ter atendido a imprensa de todo o mundo. “A mídia hoje, por ser instantânea, tem um impacto maior. Mas na época já foi algo fora da curva. Eu lembro que fiz atendi à cobertura de jornais de mais de 150 países”, recorda.  “A própria responsável pela imprensa do Tour de France disse que tinha mais jornalistas do que a média do que o líder da prova naquele momento. Foi muito emocionante”, recorda.

Ele acredita que sua vitória teve uma dimensão simbólica muito mais abrangente devido à conquista de um atleta representando um país fora do circuito tradicional do ciclismo. 

“Para o europeu, foi algo muito exótico. Era o início da globalização do ciclismo mundial. O esporte, que era praticando principalmente por europeus, começava a se despertar para australianos, colombianos e outros”, explica. "Essa vitória marcou tanto que o livro de ouro do Tour de France coloca como momento especial e ficou marcado como o novo ciclismo, como ele é hoje”, garante.

Brasil está longe de voltar a ter atletas competitivos

Mauro Ribeiro vê também com esperança o crescimento do interesse dos brasileiros pelo Tour de France, que, com as novas tecnologias e a maior diversidade de canais de comunicação, ampliou a divulgação do evento.

“Ele entrou no calendário da população brasileira e cada vez mais. Hoje em dia temos as transmissões diárias e isso é muito bacana”, afirma.

Ribeiro observa que o ciclismo de competição tomou um rumo muito tecnológico, conceitual e dependente de uma grande estrutura envolvendo patrocinadores, afinal os investimentos se tornaram mais altos para atingir o alto rendimento.

O Brasil, segundo ele, tem potencial para desenvolver o esporte, como fez a Colômbia, que em 2019 colheu os frutos com a vitória histórica de Egan Bernal.

O Brasil, segundo Mauro, também poderia aproveitar não apenas o interesse maior do público pelo ciclismo de competição, como a maior relevância que a bicicleta ganhou como meio de transporte pelo seu apelo ecológico.  “Com a pandemia, muita gente está praticando por qualidade de vida, lazer e também está se encontrando neste esporte”, ressalta

Se houver investimentos por parte das entidades que cuidam de ciclismo, o Brasil pode desenvolver um celeiro de futuros campeões, mas há um longo caminho a percorrer até chegar a esse cenário.

“Atualmente, no Brasil, o ciclismo de alto rendimento ou de direcionamento para chegar ao alto rendimento ainda está muito longe de chegar onde é necessário para entregar alguns atletas com capacitação e experiência. Infelizmente, ainda estamos muito distantes. Então vai levar algum tempo para credenciar algum brasileiro para entrar no Tour de France”, conclui.

Por outro lado, a falta de novos concorrentes o deixa na solitária posição de único brasileiro a ter vencido uma etapa da célebre competição francesa. “Por enquanto ainda vou continuar sendo o ‘embaixador’ do Tour de France”, celebra.

A chegada da Tour de France este ano está prevista para o dia 18 de julho, na famosa avenida dos Champs Elysées, em Paris

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