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Esporte em foco

Mundial da Hungria: brasileiro bronze na marcha atlética pede reconhecimento para modalidade

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O atleta brasileiro Caio Bonfim conquistou no dia 19 de agosto a medalha de bronze na prova de 20km da marcha atlética do Campeonato Mundial de atletismo, que está sendo disputado em Budapeste, na Hungria, até este domingo (27). Para chegar pela segunda vez ao pódio de um Mundial, repetindo o feito de 2017 em Londres, ele cravou a marca de 1h17min47s e bateu o recorde brasileiro da prova. Em entrevista à RFI, ele reflete sobre as conquistas e desafios da participação brasileira em Budapeste.

Multirecordista e campeão brasileiro da marcha atlética, o atleta Caio Bonfim conquistou a medalha de bronze no Mundial de atletismo de Budapeste de 2023.
Multirecordista e campeão brasileiro da marcha atlética, o atleta Caio Bonfim conquistou a medalha de bronze no Mundial de atletismo de Budapeste de 2023. © wcarmo14
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A delegação brasileira contou com 55 atletas nas diversas provas desta 19ª edição do evento, que aconteceu em Budapeste, na Hungria, até este domingo (27). A competição valia vagas para Paris 2024.

Segunda medalha em Mundiais

"É que depois de seis anos, a medalha mostra o nível do trabalho e da consistência. Eu fico feliz, então, de repetir o pódio. E essa marca, dessa vez com um tempo muito expressivo: 1h,17 minutos e 47 segundos. Em 2017, eu ganhei a medalha com 1h,19min e 4 segundos, então esse tempo mostra o nível que foi essa medalha de bronze", disse Caio Bonfim à RFI sobre o Mundial na Hungria. "Quando a gente chega num Mundial, o objetivo é sair com a nossa melhor marca. A gente mostra que valeu a pena cada trabalho, cada sacrifício, para poder chegar aqui na melhor forma possível", comemorou. 

Desempenho do Brasil em Budapeste 

Caio Bonfim elogiou o desempenho brasileiro no Mundial de Budapeste. "cada um deu o seu melhor, fomos com uma delegação cheia. Acho que a marcha atlética teve uma belíssima participação. Teve o meu terceiro lugar, a Viviane [Lyra] foi oitava colocada na marcha de 20km, classificando-se com índice olímpico para Paris 2024 [e 4ª colocada nos 35km, estabelecendo novo recorde brasileiro]", lembrou o atleta. "Puxando sardinha pro meu lado (risos), a marcha atlética, que não é muito conhecida no Brasil, fez um grande campeonato mundial em Budapeste", afirmou o atleta.

Com um tempo de 1h17min47seg, Bonfim é forte candidato ao pódio na Olimpíada de Paris 2024.
[10:09, 25/08/2023] +33 6 01 31 00 41: Crédito:
Com um tempo de 1h17min47seg, Bonfim é forte candidato ao pódio na Olimpíada de Paris 2024. [10:09, 25/08/2023] +33 6 01 31 00 41: Crédito: © wcarmo14

Estratégia

Durante a prova, Caio esteve entre os primeiros colocados durante todo o percurso e revelou que o ritmo forte foi uma estratégia pensada para o Mundial de Budapeste. "A gente tem uma geração de marchadores no mundo que são os melhores de todos os tempos dos seus países", observou. "Por exemplo, tinha o campeão olímpico, que é um italiano, o bicampeão mundial japonês, o campeão mundial de 2017, um colombiano... Então o maior desafio para mim durante a prova era fazer uma estratégia para conseguir ganhar desses caras. Porque se você for olhar o currículo deles, você fica doido (risos). Você tem que trazer essa consciência, essa confiança de que você também pode, também é capaz; a gente montou então uma estratégia de sair muito forte para que o ritmo ficasse desconfortável para algumas pessoas da prova", revela Bonfim. 

Preparação

O atleta brasileiro conta que o treinamento para a marcha atlética é muito parecido com aquele que antecede uma maratona. "Temos a técnica específica da marcha, mas todos os atletas fazem trabalho técnico também, não é? Então na nossa rotina quase todo dia, de segunda a sábado, e numa temporada normal competitiva, de domingo a domingo, a média de quilometragem vai de 22, 23 km a 30km por dia, dividido em 2 períodos, o primeiro período como treino principal e a tarde um secundário; e às vezes, por semana, nós fazemos um treino que não é só a quilometragem, que a gente chama de treino intervalado: em vez de fazer 10 km, fazemos 10 vezes 1000 m", explica.

Bonfim disse complementar os treinos com um trabalho de base na academia. "Tem o trabalho de fortalecimento e eu faço pilates, tenho fisioterapia para me recuperar. Porque hoje todos os atletas no mundo treinam muito parecido e quem se recupera melhor, logo já está melhor", afirma.

"Aqui no Mundial [da Hungria], a prova [da marcha atlética] não foi transmitida para o Brasil. A prova de 20km,  a única medalha do Brasil, não foi transmitida"

Invisibilidade da modalidade no Brasil

Caio Bonfim reclamou da falta de divulgação da marcha atlética no Brasil. "Aqui no Brasil nós só temos dois esportes, o futebol e o outro que está ganhando", avalia o medalhista. "Esse outro que está ganhando já foi o tênis, com o Guga, já foi o boxe, com o Popó, já foi o surfe, com o Medina, com a Rebeca, na ginástica... Agora está surfando na onda da Raissa no skate, né?", diz.

"Aqui no Mundial [da Hungria], a prova [da marcha atlética] não foi transmitida para o Brasil. A prova de 20km, a única medalha do Brasil, não foi transmitida", observa.

Paris 2024

Caio lembra que na Olimpíada passada o atletismo não teve esse momento pré-olímpico proporcionado pelo Mundial, por causa da pandemia, e falou de suas expectativas para Paris 2024. "A gente sabe que os Jogos Olímpicos são um evento diferente de todos. É uma prova que só acontece a cada quatro anos, então tem que acertar. Não gosto de usar a palavra expectativa. Eu posso falar da esperança de que a gente possa trazer um grande resultado, e é um sonho estar ali, é um sonho estar brigando por medalha, e que a gente possa voltar para casa com o melhor resultado possível para o nosso país", finalizou Bonfim. 

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