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Esporte em foco

Volta da França 2022: Ciclismo feminino está em alta, apesar da falta de paridade com homens

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A Volta da França 2022 mostra que o ciclismo feminino está em alta. Depois de 33 anos interrompida, a versão feminina do tradicional Tour de France, a prova ciclística de estrada mais importante do mundo, voltou a ser realizada este ano e foi um sucesso de público e de na mídia.

A holandesa Annemiek Van Vleuten, vestindo o uniforme amarelo das vencedoras, comemora no pódio sua vitória em Le Markstein Fellering, no leste da França, sábado, 30 de julho de 2022, após a sétima etapa da corrida de ciclismo feminino da Volta da França.
A holandesa Annemiek Van Vleuten, vestindo o uniforme amarelo das vencedoras, comemora no pódio sua vitória em Le Markstein Fellering, no leste da França, sábado, 30 de julho de 2022, após a sétima etapa da corrida de ciclismo feminino da Volta da França. AP - Jean Francois Badias
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A Volta da França feminina começou no dia 24 de julho. A largada foi na emblemática avenida dos Champs-Elysées em Paris, e a chegada acontece neste domingo (31) na Super Planche des Belles Filles, na região de Vosges, no leste da França. Ao todo foram oito etapas que percorreram mais de mil quilômetros. Cento e quarenta e quatro ciclistas, de 24 equipes profissionais, participaram da largada. A retomada da competição, mais de três décadas depois da última edição, com tantas equipes e ciclistas, é uma prova da profissionalização do ciclismo feminino.

A ciclista brasileira Flavia Oliveira não participa dessa Volta da França feminina, mas venceu 30ª edição do L’Ètape du Tour 2022, no dia 10 de julho, uma etapa aberta para amadores que fazem o mesmo trajeto dos profissionais na Volta da França masculina. Flávia Oliveira já foi campeã do Giro de Itália, campeã brasileira de Estrada, campeã Geral e de Montanha do Tour Internacional de Ardèche e ficou em sétimo lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ela festeja a retomada da versão feminina do Tour de France, mas espera uma evolução ainda maior.

"Finalmente a gente está conseguindo um pouquinho de chão", diz Oliveira. "Vai ter uma etapa de montanha bacana no último dia. Eu vejo que ainda tem espaço para a gente melhorar. A gente consegue fazer coisas difíceis. Aos poucos a gente consegue fazer mais e mais. Comparado a cinco anos atrás, a gente não tinha o número de grupos profissionais fazendo equipes femininas de agora. Isso deu bastante força para o esporte feminino. Tem que começar de algum lugar e se estamos começando com 8 dias do Tour de France feminino, acho que é um bom começo", considera a atleta brasileira.

Presença massiva de fãs do ciclismo

Os fãs do ciclismo feminino marcaram presença desde a largada na França. A mídia também se interessou pela prova e fez uma boa cobertura, dando grande visibilidade ao evento. A diretora do Tour de France feminino, Marion Rousse faz um balanço positivo desta edição 2022. "Ficamos muito felizes com o grande interesse da mídia pela competição, com o grande número de pessoas que foram para a beira da estrada assistir, e com o espetáculo oferecido pelas atletas. Tivemos corridas magnificas", afirmou Rousse.

"O saldo é super positivo. Não tínhamos muitas dúvidas do ponto de vista esportivo, mas tínhamos algumas incertezas e o interesse do público era uma delas e esse interesse superou nossas expectativas. Tinha gente na largada, na chegada, mas durante todo o percurso, pessoas fantasiadas, com cartazes, que criaram um clima festivo típico da volta da França masculina. As ciclistas não tinham vivido isso antes", analisou a diretora.

Um homem que cai é um guerreiro e uma mulher quando cai não sabe andar de bicicleta

O pelotão profissional feminino da Volta da França mostrou garra e velocidade. Mas quedas repetitivas em várias etapas geraram críticas nas redes sociais sobre o profissionalismo de algumas atletas. Os comentários indignaram a diretora da prova, Marion Rousse. "Críticas sempre existem, mas temos de nos concentrar nos pontos positivos. Há 95% de coisas positivas e 5% de críticas. É uma pena de focar apenas isso, ainda mais que as quedas fazem parte do ciclismo e infelizmente vai continuar fazendo parte", apontou.

"Esquecemos muito rápido que na primeira semana da Volta da França masculina do ano passado teve muitas quedas. Um homem que cai é um guerreiro e uma mulher quando cai não sabe andar de bicicleta. É incoerente e não sei o que responder as pessoas que fazem essas críticas", disparou a diretora.

O ciclismo feminino se profissionaliza, mas a paridade com o esporte masculino ainda está longe. O Tour de France das mulheres irá distribuir € 250 mil em prêmios para as ciclistas participantes, quase dez vezes menos que a versão masculina. Com isso, a vencedora vai embolsar € 50 mil, enquanto o campeão da Volta da França masculina este ano, o dinamarquês Jonas Vingegaard levou um cheque de € 500 mil. "A estrada até a paridade total ainda é longa, mas o sucesso atrai os patrocinadores e o futuro da Tour de France feminino está garantido", assegura Marion Rousse.

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