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Esporte em foco

Contusão adia objetivo de Abouba no campeonato francês e na seleção brasileira de vôlei

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Abouba começou a jogar na França este ano, depois de duas temporadas na Itália. O campeão sul-americano com a seleção brasileira de vôlei veio reforçar o Tours, uma das melhores equipes francesas, mas se contundiu nessa sexta-feira (1°) poucas semanas depois do início da temporada e ficará de fora das quadras por vários meses. Poucos dias antes de romper o tendão de Aquiles, o atacante, que joga na posição de oposto, recebeu a reportagem da RFI para falar de seus sonhos e objetivos.

O brasileiro Abouba joga sua primeira temporada na Liga Francesa de Vôlei, pelo Tours.
O brasileiro Abouba joga sua primeira temporada na Liga Francesa de Vôlei, pelo Tours. © A. Brandão/ RFI
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Aboubacar Dramé Neto, mais conhecido como Abouba, tem 27 anos, 2,04 metros de altura, um sorriso largo e muito talento. O oposto canhoto nasceu em Brasília, mas tem sangue 100% africano. Ele é filho de malineses que se mudaram para a capital brasileira no início dos anos 1990 a trabalho e decidiram ficar no país.

“Me sinto 50% brasileiro e 50% africano. Minha vivência foi toda no Brasil. Eu tenho o sangue africano, mas meu estilo, minha vida, minha cultura, são brasileiros”, define.

Abouba nasceu em Brasília, mas é filho de africanos do Mali.
Abouba nasceu em Brasília, mas é filho de africanos do Mali. © A. Brandão/ RFI

O descendente de malineses lembra que “a maioria dos costumes brasileiros vieram da África, são muito enraizados” e que as duas regiões “são praticamente parecidas”, mas lamenta que o Brasil seja um país tão racista. “No Brasil, a maioria das pessoas são negras, só que isso não isenta do racismo. O Brasil é um país muito racista, infelizmente, onde os negros têm pouca representatividade”, diz o atleta que conseguiu se empoderar pelo esporte.

Carreira

Abouba começou a jogar vôlei aos 8 anos. Adolescente, por influência dos amigos, chegou a se aventurar no futebol e quase abandonou de vez às quadras, mas voltou ao vôlei para obter uma bolsa atleta universitária e nunca mais parou. Ele se profissionalizou aos 20 anos, passou por vários clubes brasileiros, antes de ir para a Itália em 2019, onde disputou duas temporadas. Também em 2019, vestiu pela primeira vez a camisa da seleção brasileira e ajudou a equipe a conquistar a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos. Este ano, estreou no vôlei francês pelo Tours, jogando com a camisa 10.

“Estava atrás do objetivo de conquistar títulos. Veio a oportunidade de disputar esse campeonato diferente do da Itália. Aceitei de primeira mão. Ainda mais que o técnico é brasileiro (Marcelo Fronckowiak), já trabalhei com ele, tem outro jogador brasileiro (Leo Nascimento dos Santos, o Aracaju) na equipe, e seria mais fácil de me adaptar”, conta o oposto.

A adaptação nas quadras e com a equipe é boa. O Tours estreou com vitória e atuação decisiva de Abouba. Fora das quadras, o jogador ainda tem um pouco de dificuldade para se expressar, apesar de o francês ser a língua materna dos pais. “Sinceramente, achei que estaria pior", confessa. "Eu consigo compreender tudo que todo mundo fala, não somente no vôlei, mas no mercado. Onde vou, consigo me comunicar bem, mas acho que só daqui dois, três meses, eu vou conseguir realmente conversar numa boa.”

Vôlei francês

A seleção de vôlei da França acaba de conquistar o ouro em Tóquio. O título olímpico coloca em evidência o campeonato francês. A competição tem um nível elevado e ajuda Abouba a evoluir ainda mais tecnicamente.

“Além deles terem acabado de ser campeões olímpicos, as próximas olimpíadas serão em Paris. Eles contrataram o Bernardinho, que é um grande técnico, e têm esse objetivo de ganhar as olimpíadas em casa. Com isso, quem ganha é a liga francesa. Todos os olhos vão estar voltados para cá. Todo mundo vai estar observando o campeonato francês que já tinha um nível muito bom, mas este ano está muito forte”, avalia.

O brasiliense quer ajudar o Tours a conquistar todos os títulos da temporada e também "o coração dos torcedores". Ele afirma que o clube comandado pelo técnico Marcelo Fronckowiak está “muito bom” e pode alcançar todos os objetivos. Além disso, participar do campeonato de vôlei francês dá destaque mundial e ajuda Abouba a ficar no radar da seleção brasileira.

Seleção brasileira de vôlei

Quando o atleta já estava na França, começando os treinos para a nova temporada com o Tours, ele recebeu a boa notícia de sua segunda convocação para a seleção brasileira de vôlei. Ele foi escolhido pelo técnico Renan Dal Zotto para disputar o Sul-Americano em Brasília e ajudou a equipe a conquistar o título. “Foi um momento muito feliz da minha vida. Acho que é o sonho de qualquer atleta poder representar seu país. Receber essa convocação e voltar para o Brasil para defender o título sul-americano foi muito importante, ainda mais que foi em casa. Essa temporada está sendo muito especial para mim e acho que reserva muita coisa ainda”, prevê.

Com a aposentadoria do campeão olímpico Wallance, que foi uma de suas referências no vôlei, o oposto está confiante em manter a vaga na seleção nesse novo ciclo olímpico que começa.

Abouba nunca pensou em defender o Mali. “Meu sonho sempre foi jogar na seleção brasileira. Outros estrangeiros têm esse sonho de se naturalizar e jogar na seleção. A camisa do Brasil é muito forte. Poder jogar pelo Brasil é uma honra”, pontua o oposto.

Contusão

Abouba se contundiu na sexta-feira, 1° de outubro. Ele teve rompimento total do tendão de Aquiles direito na vitória do Tours contra o Montpellier, por 3 sets a 2, em partida do torneio de pré-temporada francesa. O oposto será operado nos próximos dias e ficará fora das quadras cerca de oito meses.

Em entrevista à sua assessoria de imprensa, Abouba disse que “já está focado na recuperação” e que, em princípio, “fica na França” para o tratamento.

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