Acessar o conteúdo principal
Brasil-Mundo

Em Portugal, brasileira defende envelhecimento ativo e combate ao idadismo

Publicado em:

Às vésperas da aposentadoria, ainda no Brasil, a advogada paulista Sílvia Triboni, 66 anos, decidiu que não iria parar de trabalhar. Ela fez cursos, criou um blog, construiu uma nova carreira e hoje milita em favor da atividade contínua, sem preocupação com a idade.

A paulista Sílvia Triboni.
A paulista Sílvia Triboni. © Fabiano Herrera
Publicidade

Fábia Belém, correspondente da RFI em Lisboa

Sílvia Triboni vive em Lisboa desde 2018. Ela é autora do livro “Empregabilidade 50+” e faz parte da associação portuguesa “Stop Idadismo”, que atua no combate aos estereótipos, preconceitos e à discriminação dirigidos às pessoas em função da sua idade. A advogada tem se dedicado às questões que envolvem envelhecimento ativo e longevidade desde 2017, quando ainda morava no Brasil e fazia parte do quadro de funcionários públicos da Justiça Federal em São Paulo.

“Às vésperas de [completar] 60 anos e da aposentadoria, foi que realmente [percebi que] não me enquadrava naquela visão tradicional de uma pessoa aposentada", conta. Foi a partir desse momento que ela se propôs a fazer algo novo. 

Apaixonada por viagens e “muito curiosa”, a paulista natural de Mogi das Cruzes decidiu criar um blog. A ideia não era escrever sobre roteiros turísticos, mas sobre “eventuais benefícios que as viagens nos concedem para o bom envelhecimento”. Ela seguiu, então, uma das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para um envelhecimento ativo: manter o aprendizado ao longo da vida.

Triboni fez cursos de storytelling, aprendeu a usar o YouTube, a trabalhar com fotos e vídeo, com todas as ferramentas necessárias para a construção e manutenção do próprio site. Por fim, batizou o blog de Across the Seven Seas ,“porque eu realmente queria e quero cruzar os sete mares”, diz com determinação.

Repórter 60+

Quando a aposentadoria chegou, o blog já estava no ar, mas Triboni queria aprender técnicas de jornalismo para expandir o Across the Seven Seas. Em São Paulo, fez parte da primeira turma do curso Repórter 60+, criado pela jornalista Lilian Liang, que, além de oferecer uma experiência de redação ao público sênior, também garantia socialização, descoberta de novas potencialidades, entre outros benefícios.

“Eu sou da área jurídica, eu não tinha fundamentos para explicar o bem que as viagens me faziam. Do ponto de vista emocional era fácil; social, muito fácil. E do ponto de vista cognitivo?”

Depois de concluir o curso, Triboni aplicou no próprio projeto o que aprendeu nas aulas. Entrevistou neurocientistas, psiquiatras e psicólogos que explicavam os impactos positivos das viagens no envelhecimento ativo. “Foi assim que eu comecei”, recorda.

A mudança para Portugal

Quando se mudou para Portugal, há cinco anos, ela ampliou ainda mais a rede de amigos e continuou a se envolver em projetos. Incentivou a vinda do curso “Repórter 60 +” para Portugal e conseguiu. Uma turma foi formada por portugueses e brasileiros residentes no país. “Para Portugal, [o curso] foi pioneiro e realmente grande”, ressalta Triboni.

Em terras lusitanas, a advogada e funcionária pública aposentada decidiu escrever cada vem mais. Ela tem feito coberturas de eventos importantes, sempre com foco no envelhecimento ativo e na longevidade, e encaminha os artigos que escreve para plataformas portuguesas e brasileiras que se dedicam ao assunto. Escreve sobre combate ao idadismo, economia da longevidade, protagonismo sênior e empregabilidade.

“Nós temos que manter a independência, fortalecer a autoestima. Isso depende de cada um. O combate ao idadismo idem. Eu preciso pensar em mim mesma, [pensar] se eu não sou idadista em relação a mim”, alerta.

Ativismo

A paulista tem sido uma voz ativa em eventos e campanhas de conscientização da “Associação Stop Idadismo”, entidade sem fins lucrativos formada por pessoas da sociedade civil, da qual é diretora.

Por meio da associação, ela ajuda a formar equipes multigeracionais de órgãos públicos e empresas. Conta que nos treinamentos das áreas de recursos humanos, por exemplo, é importante que percebam “o valor das equipes formadas com pessoas de várias gerações, porque não tem que ter idadismo nem em relação ao mais velho nem ao mais novo”, reforça.

Livro “Empregabilidade 50 +”

No livro “Empregabilidade 50 +”, lançado neste ano em Portugal e no Brasil, Triboni reúne os artigos que escreveu voltados ao tema. Tudo produzido com base nas pesquisas e entrevistas que fez.

Na publicação, ela compartilha estratégias e informações para o que ela chama “uma carreira de sucesso na maturidade”. Passa dicas para superar o choque de uma demissão aos 50 anos ou mais, para encontrar um emprego na fase madura, ideias para a construção de um perfil no LinkedIn, além de dar exemplos de empresas europeias que têm colaboradores 50+ em seus quadros. “Motivo para que nós façamos igual”, sublinha.

Ao final da entrevista à RFI, a brasileira deixou uma mensagem à população jovem: “Esteja atenta a esse nosso trabalho, que importa não só para os seus pais ou seus avós, importa para você também, porque todos nós vamos envelhecer”. Para os mais velhos, a recomendação é nunca parar de aprender coisas novas. “Então, aguce a sua curiosidade. Vá ler, vá estudar, seguir uma nova carreira, fortalecer a própria carreira, estar atuante, presente na sociedade. É isso que queremos”, preconiza.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.