Acessar o conteúdo principal
Brasil-Mundo

Carioca lança primeiro food truck com comida brasileira em Israel

Publicado em:

A publicitária brasileira Rafaela Stambowsky Moses, 30 anos, nunca poderia imaginar que se sentiria tão em casa, em Israel. Nascida no Rio de Janeiro, ela pensava ter deixado os dias de praia para trás quando chegou ao território israelense, há 13 anos. Mas a vida a levou a abrir o primeiro food truck com comida brasileira no país do Oriente Médio.

A carioca Rafaela Stambowsky Moses em frente ao Pipa Food Truck, no norte de Israel
A carioca Rafaela Stambowsky Moses em frente ao Pipa Food Truck, no norte de Israel © Daniela Kresch
Publicidade

Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Hoje, o Pipa Food Truck é um ponto de encontro de brasileiros em Neve Yam, vilarejo no norte de Israel que, em português, significa “Oásis do mar”. Aberto no verão de 2021, ele surgiu na onda de uma nova tendência culinária que já é antiga no resto do mundo: a de quiosques móveis de comida. Mas, em Israel, a moda de caminhões de alimentos está engatinhando. Principalmente, no norte do país, fora da área da metrópole Tel Aviv.

 “Antes de a gente começar, chegamos a fazer essa pesquisa”, conta Rafaela. “Tem alguns poucos lugares que existem há um bom tempo, mas a maioria abriu nos últimos cinco, seis anos. Todo o pessoal do norte sempre me fala isso, que tudo é em Tel Aviv, nunca tem alguma coisa assim diferente, que é ‘uau’, no norte.” 

Rafaela chegou em Israel em 2008 com apenas 16 anos, sozinha. Foi ela quem convenceu os pais e enfrentou toda a burocracia para ser aceita em um programa de estudos de ensino médio no país. Aos 18 anos, ela formalizou a imigração e recebeu a carta de alistamento militar – obrigatório para rapazes e moças em Israel.

 Após o Exército, ela estudou propaganda e marketing e começou a trabalhar na área. Mas a carioca teve que dar uma parada em tudo quando foi diagnosticada com a doença de Crohn, uma séria enfermidade inflamatória gastrointestinal. Rafaela chegou a ser internada várias vezes até receber o diagnóstico. Deixou o emprego numa grande firma para se tratar e, quando começou a melhorar, a pandemia de Covid-19 chegou com toda a força.

Sem muitas opções, Rafaela decidiu trabalhar na empresa de limpeza de estofados do marido, Dean Moses, com quem se casou em 2019. Dean, que já morou no Brasil e fala português fluentemente, é um entusiasta da cultura brasileira.

Mas o susto da doença levou a uma mudança drástica no cotidiano e nos ideais de vida do casal: “E aí vieram as mudanças de valores e o Pipa entrou nessa história, nessa mudança”, diz Rafaela. 

“Você começa a ver o que que você quer fazer, o que vale seus sonhos, se é realmente só trabalhar numa empresa e crescer nessa empresa para ser bem-sucedida, ou realmente realizar aqueles sonhos que você fala ‘não, isso não deve rolar, isso é muito grande’. E quando eu comecei a trabalhar com o meu marido, a gente começou a botar no papel muitos projetos e um deles era de a gente fazer alguma coisa na praia”.

Rafaela e Dean já tinham um projeto de “glamping”, acampamentos com mais conforto e infraestrutura. Mas souberam que a prefeitura da cidade de Atlit, onde o casal mora, havia publicado um edital para o estabelecimento de um food truck na praia de Neve Yam, muito próxima. A ideia era criar um ponto de encontro ao ar livre, onde há menos chance de contrair o coronavírus, para atrair família inteiras oferecendo petiscos de praia.

Israelense homenageia praia paradisíaca do Nordeste

Animados, mesmo que incrédulos, Rafaela e Dean – que já tinha experiência com realização de eventos –, se inscreveram. Dois meses depois, receberam a ligação da prefeitura de que haviam sido escolhidos. Aí começou a corrida contra o tempo para lançar o food truck antes do verão. Foi Dean quem escolheu o nome de Pipa, a paradisíaca praia dos arredores de Natal, no Rio Grande do Norte.

No início, eles não pensavam em servir petiscos brasileiros, mas Rafaela insistiu para incluir pelo menos um item: o açaí. Ela tinha certeza de que cairia no gosto do público.

“No começo, só tinha açaí, e realmente começou a chegar muita gente e falar: ‘Nossa, nunca tinha comido um açaí assim aqui em Israel, que gostoso, é totalmente gostinho de Brasil’. E eu falei: acho que a gente conseguiu fazer um açaí aqui que lembre o Brasil. Vamos trazer o público brasileiro, vamos tentar.” 

A publicitária carioca começou a divulgar o food truck entre grupos de brasileiros que moram em Israel e deu certo. O público começou a chegar no novo ponto de encontro, juntamente com os israelenses. Rafaela decidiu, então, apostar também em outros quitutes, como coxinha de galinha, pastel de carne, pão de queijo e brigadeiro. Ela pretende, em breve, incorporar no cardápio feijoada, moqueca de peixe e guaraná.

Shows de MPB

A identificação do Pipa com o Brasil aumentou a tal ponto que Rafaela e o marido passaram a organizar shows de música brasileira no local, convidando músicos brasileiros renomados em Israel, como Fernando Seixas e Paulinho Ferreira.

“Os meninos vêm fazer show no horário do pôr-do-sol e fica um clima super gostoso, bem um Brasil pequeno", diz a publicitária carioca. “Então é isso, o Pipa chegou nas nossas vidas de surpresa e, de surpresa também, trouxe toda essa parte cultural brasileira, que não foi uma coisa que a gente programou de acontecer. A gente quer expandir, trazer cada vez mais gente para o nosso cantinho”.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.