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Reportagem

Movimento Ciclo-Olhar promove doação de capacetes e ciclismo humanizado

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A bicicleta é um meio de transporte utilizado em todo o Brasil, mas muitos desses ciclistas são ‘invisíveis’. É o que aponta o Movimento Ciclo-Olhar, criado pelo documentarista Dado Galvão para apoiar pessoas que usam a bike como meio de transporte, mas não têm dinheiro para comprar bons equipamentos. 

Movimento Ciclo-Olhar
Movimento Ciclo-Olhar © Arquivo Pessoal
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Uma das principais ações do Ciclo-Olhar é a doação de capacetes novos ou usados para ciclistas de baixo poder aquisitivo. O Movimento começou em Jequié, na Bahia, onde 40 capacetes já foram doados desde maio deste ano.

“Comece a observar o trânsito da sua cidade e você vai perceber que a maioria dos ciclistas estão pedalando sem capacete, sem sinalizador, sem equipamentos de segurança, como luvas. Você vai observar que a maioria dos ciclistas são o que chamamos aqui em Jequié de ‘Ciclistas Invisíveis’”, diz Dado. 

O Movimento nasceu durante uma especialização em fotografia feita por Dado, com o objetivo de promover um “ciclismo humanizado e voltado para a dignidade humana”, segundo o documentarista. Ele conta que, em Jequié, muitos moradores utilizam bicicletas antigas e sem marcha para se locomover no dia a dia. Muitas vezes, duas pessoas dividem a mesma bike.

Dado também diz que o preço da bicicleta vem subindo no Brasil, já que muitas peças são importadas e custam caro. Ainda assim, para uma parcela da população, andar de bike é mais viável do que depender do transporte público, considerado ineficiente pelo documentarista na cidade de Jequié. No entanto, como os equipamentos são precários, o ciclista fica em risco.

“O que a gente mais quer é que a campanha seja reproduzida em várias cidades do Brasil, por que a maioria dos ciclistas que pedalam cotidianamente hoje para ir ao trabalho, levar o filho na escolha e para fugir do transporte público não estão usando sinalizador e capacete”, diz Dado. 

Hoje, o Ciclo-Olhar está presente em outras cidades da Bahia, como Vitória da Conquista e Salvador, assim como nos estados do Amapá e Paraíba. 

Em Vitória da Conquista, o Movimento foi iniciado pela ciclista Silvana Assunção, a primeira pessoa a reproduzir a campanha nos mesmos moldes fora de Jequié. Ela decidiu dar início ao Ciclo-Olhar na cidade baiana após duas situações relacionadas ao uso do capacete que ocorreram com pessoas próximas.

No ano passado, o marido de Silvana sofreu uma queda quando estava fazendo uma trilha de bicicleta. Bateu a cabeça em uma pedra e o impacto foi tão forte que o capacete rachou no meio. Mas felizmente, não sofreu consequências graves.

Por outro lado, um amigo do casal não teve o mesmo destino. Ao fim de um passeio de bicicleta sem capacete, acabou colidindo com uma moto e batendo a cabeça no meio-fio enquanto manobrava para entrar na garagem de casa. Infelizmente, não resistiu e faleceu.

“Essas duas situações retratam perfeitamente a importância do uso do capacete para quem anda de bicicleta, e a importância dessa campanha na medida em que ela busca atingir um público que depende da bicicleta como meio de transporte e não tem condição de adquiri-lo”, diz Silvana.

Segundo a ciclista e cicloativista Jilmara Gonçalves Oliveira, muitas pessoas acreditam que o capacete só deve ser utilizado em competições profissionais, quando na verdade é um item de segurança que deve fazer parte do dia a dia. 

“Fizemos a campanha do capacete para arrecadá-los para ciclistas de baixa renda que talvez não saibam da importância do seu uso, mas que também não tenha condições financeiras”, diz. 

Jilmara, que é voluntária do Ciclo-Olhar e do Movimento Bike Anjo em Salvador, conta que dezenas de capacetes já foram doados na capital baiana. Por outro lado, acredita que há poucas políticas públicas que garantam a melhor segurança dos ciclistas e mobilidade urbana, mesmo nas cidades maiores. Em municípios menores do interior, a situação é ainda mais precária. 

Sempre que um capacete é doado, a pessoa que está doando escreve uma carta para o ciclista que irá receber a doação. Segundo Dado, o objetivo é tornar o processo mais humanizado e criar consciência. “Com esse gesto, a gente vai estar pedindo para o ciclista que recebe a doação para que toda vez que for sair de bicicleta, use o capacete, pela sua segurança, e para defender a sua vida”, finaliza.

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