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A Semana na Imprensa

Guerras em Gaza e na Ucrânia abalam credibilidade dos EUA e da UE

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Quase dois anos depois do início do conflito na Ucrânia e de três meses de guerra na Faixa de Gaza, as revistas semanais francesas analisam o que poderá acontecer no mundo se o republicano Donald Trump for eleito para a Casa Branca em novembro. 

Edifício residencial de Kiev atingido por míssil russo na Ucrânia. 2 de janeiro de 2024
Edifício residencial de Kiev atingido por míssil russo na Ucrânia. 2 de janeiro de 2024 REUTERS - VALENTYN OGIRENKO
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Em busca de respostas, a Le Point entrevista Michael O’Hanlon, especialista em estratégia de defesa dos Estados Unidos no instituto The Brookings, em Washington. Ele acredita que Trump blefa quando insinua que poderia suspender a ajuda financeira e militar à Ucrânia. Trump não saberia como negociar uma paz justa e se engana quando avalia que a amizade que desenvolveu com Vladimir Putin seria suficiente para persuadir o presidente russo a encontrar um meio-termo, aposta o pesquisador. 

Na opinião de O'Hanlon, é muito provável que Putin não fique impressionado com uma mediação americana e estabeleça condições para a paz, de modo a manter pelo menos o território que ocupa atualmente na Ucrânia, além de exigir garantias de que Kiev nunca integrará a Otan. O pesquisador recorda que Trump não conseguiu nenhum avanço quando negociou com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un. Trump também é "indeciso" e "não tem tanto cacife", diz O'Hanlon.

A L'Obs vê os países ocidentais em sérias dificuldades em relação à guerra na Ucrânia e à brutalidade do conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Segundo o analista de geopolítica da revista, Pierre Haski, o rompimento entre os ocidentais e os países do Sul foi definitivamente consumado. Dirigentes e a opinião pública do Sul global, escreve a L'Obs, tomaram posição a favor dos palestinos, revoltados com as cenas geradas pelos bombardeios indiscriminados de Israel contra civis no território controlado pelo Hamas, que matam principalmente mulheres e crianças, e operações contra jovens ativistas na Cisjordânia. 

O analista pondera que embora seja um pouco simplista questionar os ocidentais sobre onde foi parar o discurso de proteção dos direitos humanos, crimes de guerra e justiça, diante de uma história regional complexa, as imagens de vítimas civis palestinas amplificadas pelas redes sociais criam uma situação insustentável. A mensagem unânime das opiniões no Sul, e mesmo de alguns países ocidentais, é para que não deem mais lições de moral ao mundo, principalmente os Estados Unidos. 

Hipocrisia europeia

Os ocidentais seriam os únicos culpados dessa situação, segundo a revista, uma vez que desviaram a atenção da questão palestina nos últimos 20 anos. Os europeus estão menos envolvidos na guerra no Oriente Médio, tanto no apoio armado quanto no jogo de influência diplomática, mas as declarações de apoio incondicional a Israel diante da comoção gerada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro contrastam com a discrição ante a resposta desproporcional do governo israelense. A Europa mantém um silêncio hipócrita quando as vítimas não são europeias, destaca a L'Obs.

Para essa publicação progressista, os europeus só serão levados a sério se voltarem a trabalhar por uma solução política de dois Estados na região. Não é mais possível condenar o expansionismo russo na Ucrânia ao mesmo tempo em que se fecha os olhos à colonização judaica na Cisjordânia. "O resto do mundo está nos observando", adverte a L'Obs

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