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A Semana na Imprensa

Para revista Le Point, maldição do populismo na América Latina tem solução em líderes como Lula

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A revista semanal Le Point publica um editorial sobre "a maldição do populismo na América Latina" que, segundo a publicação, pode ser atenuado "se a Europa, os Estados Unidos e eleitores latino-americanos unirem forças para defender a democracia da tentação populista dos homens fortes".

A América Latina enfrenta "maldição populista de esquerda e de direita", assinala editorial da revista francesa Le Point.
A América Latina enfrenta "maldição populista de esquerda e de direita", assinala editorial da revista francesa Le Point. © Fotomontagem RFI com fotos AP
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A Le Point faz uma triste constatação. Brasil, Chile, Argentina e Venezuela estão afundando em uma crise na qual não se vê a luz no fim do túnel. "No entanto, o populismo não é mais inevitável", assinala o historiador e editorialista Nicolas Baverez. O drama do continente foi ser atingido pela pandemia de Covid-19 ao mesmo tempo em que ressurgiram líderes populistas, estima a publicação. 

O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, é citado como um dos exemplos mais edificantes. O país acumula o maior número de mortes por Covid-19, depois dos Estados Unidos. "Para completar, 20 milhões de brasileiros – quase 10% da população – enfrentam extrema pobreza e passam fome", denuncia o texto. 

Ao final de um longo balanço sobre o número de mortes na pandemia e o agravamento da crise econômica no México, na Argentina e na Venezuela, a Le Point observa que "a radicalização está igualmente presente na esquerda". E acrescenta: "O colapso da classe média e o aumento da violência favorecem a ascensão da extrema direita, como se vê agora no Chile, com o populista José Antonio Kast, vencedor do primeiro turno da eleição presidencial". 

O grande recuo da América Latina, que parecia se libertar de regimes autoritários e do subdesenvolvimento na virada do século, pode ser explicado principalmente pelo impacto devastador da pandemia. Mas a Covid-19 é menos a origem do que o acelerador da regressão, assinala o historiador, recordando que a epidemia chegou à região "ao final de uma década de 2010 em grande parte perdida para a democracia e o desenvolvimento".

O francês prevê um futuro sombrio para a América Latina. "A fragmentação da globalização, a reorganização das cadeias de valor e as demandas da transição ecológica irão penalizar o comércio [dos países latino-americanos] com o mundo desenvolvido. As atividades e empregos destruídos irão alimentar a pobreza de forma duradoura", prevê. 

Na opinião do jornalista, a América Latina será um dos principais palcos do embate entre democracia e populismo, assim como do confronto entre Estados Unidos e China, que determinará o futuro da liberdade política no século 21. O desafio, no entanto, não está perdido. 

"Contaminação populista não é generalizada"

Baverez esteve na cerimônia de entrega do prêmio "Coragem Política", concedido há alguns dias pela revista Politique Internationale a Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de ouvir o petista, ele nota que "a contaminação populista não é generalizada e Lula é um bom exemplo disso". 

"Longe de colocar o confronto com Jair Bolsonaro sob o signo de uma corrida à demagogia, Lula faz campanha associando reformas internas e abertura externa. Também no Chile, o candidato de esquerda Gabriel Boric escolheu o caminho da moderação, em vez da escalada com a extrema direita. Por fim, na Argentina, as eleições legislativas e senatoriais de novembro terminaram com uma clara derrota para os peronistas, que obtiveram apenas 34% dos votos contra 42% da oposição liberal."

A resistência à tentação populista depende, sobretudo, dos 660 milhões de sul-americanos, avalia Baverez. "Mas Estados Unidos e Europa podem dar uma contribuição poderosa fornecendo vacinas aos mais pobres, reestruturando as dívidas públicas e privadas, favorecendo o comércio de bens e capital, apoiando a inovação e a transição ecológica", defende. 

"Estados Unidos, Europa e América Latina têm um desafio em comum: lutar para proteger a democracia das paixões coletivas, bem como do fascínio por homens fortes", conclui.

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