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A Semana na Imprensa

Por que as monarquias ainda resistem na Europa?

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A revista francesa Le Point traz em sua capa desta semana uma longa reportagem sobre os monarcas da Europa. Com a manchete “O Segredo das Monarquias”, a publicação lembra que o velho continente ainda conta com dez soberanos e se pergunta: por que eles resistem?

Revista Le Point desta semana destaca a vitalidade das monarquias europeias.
Revista Le Point desta semana destaca a vitalidade das monarquias europeias. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda, Luxemburgo, Liechtenstein, Mônaco, Noruega, Suécia e Reino Unido preservam as suas monarquias, entre reinados, principados e grão-ducados. No entanto, a questão sobre a pertinência de um rei ou de uma rainha é cada vez mais frequente, comenta a revista. Principalmente quando explodem escândalos envolvendo os monarcas e seus familiares, como a rainha Maxima da Holanda, que viu sua popularidade despencar ao ser fotografada durante a pandemia de Covid-19 passando férias na Grécia, enquanto seu país estava confinado.

A imagem de um monarca também é arranhada quando os súditos descobrem os gastos feitos por seus soberanos com o dinheiro público. Foi o caso no grão-ducado de Luxemburgo, onde um relatório recente denunciou a falta de transparência das atividades filantrópicas da grã-duquesa Maria Teresa, que não são submetidas a nenhum tipo de controle.

Isso não acontece em todas as monarquias. Na Suécia, na Holanda ou ainda na Bélgica os gastos das famílias reais são divulgados publicamente ou votados pelo Parlamento. 

"Monarquias democráticas"

Mesmo assim, no caso do grão-ducado, apesar das derrapagens financeiras de Maria Teresa, 80% da população aprova o regime monárquico e a maioria dos súditos nem cogita instaurar uma República. O mesmo acontece na Bélgica, onde apenas um quarto da população reivindica a migração do país para um regime republicano. 

Para o professor da Sorbonne Pierre-Henri Tavoillot, um dos segredos da vitalidade das monarquias está no fato de que elas, na realidade, não têm mais peso político. Segundo ele, as monarquias autoritárias acabaram na Europa desde o século XX e se tornaram “bastante democráticas”. Os soberanos atuais têm apenas um papel simbólico, já que “o poder de verdade está nas mãos dos governos eleitos”, explica.

Mas há exemplos que mostram que, como o seu poder, as monarquias não estão livres das críticas. Como na Espanha, onde muitos pensam que “a monarquia está com os dias contados”. Principalmente desde a descoberta dos abusos do rei Juan Carlos. Antes de abdicar em 2014, ele chocou à população ao ser flagrado fazendo safari na África em plena crise econômica em seu país, em 2008. Sem contar os escândalos de corrupção envolvendo o soberano e seus familiares.

Pilares da unidade no país

Desde que assumiu o trono, seu filho Felipe VI tenta provar que a monarquia ainda é indispensável na Espanha. Segundo um especialista ouvido pela revista Le Point, uma das estratégias é mostrar que o rei é capaz de garantir a unidade do país, algo essencial na Espanha, que vive com o fantasma do separatismo catalão.

A capacidade de manter o povo unido também parece ser a força de outros soberanos. Na Bélgica, o rei tenta preservar a estabilidade do país em meio às tensões entre os Flamengos e os Valões. Enquanto no Reino Unido, a rainha Elizabeth II aparece como o único pilar estável diante das turbulências provocadas pelo Brexit ou das tensões com a Escócia e a Irlanda do Norte.

Prova dessa estabilidade, apesar dos escândalos que envolveram a família real britânica, desde que as primeiras pesquisas de opinião sobre a monarquia foram realizadas no país, nos anos 1960, o apoio a regime gira em torno de 80%, enquanto o movimento que reivindica um regime republicano não ultrapassa 15% da população, conclui a revista Le Point.

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