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A Semana na Imprensa

França reavalia estratégia militar para enfrentar futuro instável de guerras híbridas

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Em reportagem de capa, a revista semanal Le Point mostra a forma como os serviços de Inteligência das grandes potências se preparam para viver em um mundo marcado por instabilidade e conflitos permanentes. Na França, um dos principais questionamentos da cúpula militar diz respeito aos investimentos na diversificação do arsenal. 

O drone francês Reaper foi concebido para a coleta de informações, mas vem sendo aperfeiçoado para operações de ataque.
O drone francês Reaper foi concebido para a coleta de informações, mas vem sendo aperfeiçoado para operações de ataque. AP - Malaury Buis
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A CIA, nos Estados Unidos, a Direção-geral de Segurança Exterior, na França, o FSB, serviço secreto russo, o Mossad, em Israel, e agências equivalentes na China e na Turquia tecem cenários para as próximas décadas. Todos apostam, segundo a publicação francesa, em um contexto profundamente alterado pela revolução digital, pela emergência da inteligência artificial e das mudanças climáticas.

Naturalmente, "o novo elefante na loja de porcelana" é a China. As ambições imperialistas de Pequim fazem os estrategistas questionarem se um novo período  bipolar, como ocorreu nos tempos da Guerra Fria, é inevitável, e tudo indica que sim. A Le Point mostra que o serviço secreto chinês se prepara para um grande confronto com o Ocidente e tenta colocar seus espiões em toda parte, nas Américas e na Europa. Apenas em Bruxelas, sede da União Europeia, haveria 250 espiões trabalhando para a China, de acordo com a revista francesa. 

Do lado americano, a CIA luta para tecer sua teia no amplo território chinês, que é ainda mais bem protegido do que foi a União Soviética no século passado. Os russos administraram a revolução digital com perfeição e tornaram o Serviço de Segurança Federal da Federação Russa (FSB) uma estrutura tão temida quanto a antiga KGB. A Le Point sublinha que sob o comando de Vladimir Putin, o FSB adota práticas mais radicais do que a antiga KGB.

No Oriente Médio, o Mossad deve manter sua supremacia, mas a obsessão dos militares de Israel com o Irã "impede o país de ter uma visão política de longo prazo", indica a reportagem.

E como a França, uma potência nuclear, acompanha essa movimentação?

Em entrevista à Le Point, o chefe do Secretariado de Defesa Nacional (SGDSN), Stéphane Bouillon, diz que seus colaboradores estudam diferentes cenários, que vão dos ciberataques, já frequentes, a crises migratórias provocadas pelo aquecimento global. O SGDSN é subordinado ao gabinete do primeiro-ministro francês e trabalha transversalmente com outros órgãos da área da Defesa. 

Investimentos em tecnologia

Atualmente, um dos principais questionamentos na cúpula do Estado francês é se o país deve continuar investindo em armas caras e sofisticadas, ou se deve se voltar para armamentos mais baratos e diversificados, como os drones que equipam as Forças Armadas da Turquia. Os drones turcos, de fabricação nacional, demonstraram agilidade e eficácia nas recentes intervenções do presidente Recep Erdogan na Líbia e na região do Alto Karabakh, no Azerbaijão. 

A questão da tecnologia é fundamental para enfrentar guerras híbridas e alguns especialistas lamentam que a França não tenha adotado há mais tempo a prática dos chamados wargames (jogos de guerra, em tradução livre).

O presidente Emmanuel Macron teria entendido esta necessidade e tem feito investimentos colossais em programas tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento, escreve a Le Point. Mas os oficiais franceses dizem que difícil é ter certeza de que as escolhas feitas hoje terão as consequências positivas esperadas, quando ninguém sabe como serão os conflitos daqui a 40 ou 50 anos.

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