Eleição presidencial de 2022 na França impõe dilema à esquerda
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Ouvir - 03:17
A 15 meses da eleição presidencial de 2022 na França, uma pesquisa do Instituto Ipsos-Sopra Steria para a revista semanal L'Obs e a rádio France Info mostra que a esquerda só tem chances de chegar ao segundo turno se houver uma união de socialistas com ecologistas e boa vontade dos radicais para apoiar uma chapa única.
A esquerda francesa, após o mandato do socialista François Hollande (2012-2017), está em frangalhos. O eleitorado progressista encolheu e só representa cerca de 24% dos votos. Os ecologistas tiveram um bom desempenho nas eleições municipais de 2020, mas, no plano nacional, o partido Europa Ecologia Verdes tem sérias dificuldades para decolar nas sondagens. E tudo é uma questão de ambição de caciques. Quem encabeçaria a chapa? Quem aceitaria ser rebaixado a vice? Quem abriria mão da disputa?
No Partido Socialista, há três candidatos potenciais: a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o ex-ministro Arnaud de Montebourg, titular da Economia durante dois anos no governo Hollande, e o próprio ex-presidente, que sonha com uma revanche contra Emmanuel Macron. Entre os ecologistas, dois nomes se destacam: o líder do partido EELV, Yanick Jadot, e o prefeito de Grenoble (sudeste), Éric Piolle. Na ala da esquerda radical, que reúne comunistas e correntes anticapitalistas, o líder da França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, já se declarou candidato. Todos são temperamentos fortes e ambiciosos.
A pesquida do Instituto Ipsos-Sopra Steria mostra que uma chapa socialistas-verdes poderia alcançar 16% dos votos. Anne Hidalgo levaria os socialistas mais longe do que Arnaud de Montebourg. Uma boa campanha focada em temas sociais após a crise econômica deflagrada pela pandemia do coronavírus e políticas pró-clima poderiam ampliar um pouco mais esta parcela e projetar o candidato no segundo turno contra Emmanuel Macron ou a líder de extrema direita Marine Le Pen. A sondagem testou sete combinações de candidatos, mantendo Jean-Luc Mélenchon na disputa.
Macron x Le Pen
As conclusões são que 15% a 19% das pessoas decididas a votar nas eleições presidenciais ainda não definiram seu candidato para o primeiro turno. O cenário da eleição de 2022 parece semelhante ao de 2017: Macron e Le Pen lideram a corrida ao Palácio do Eliseu. Segundo 38% dos entrevistados, Macron seria um bom chefe de Estado para o próximo mandato, contra 30% no caso da líder de extrema direita. Caso a direita indique o ex-ministro Xavier Bertrand como candidato, ele teria boas chances de ser o terceiro colocado, a dez pontos de Macron e Marine Le Pen, com 14% a 16% das intenções de voto.
A 15 meses da presidencial, as chances de um candidato de esquerda chegar ao segundo turno continuam possíveis, mas exigirão um amplo compromisso baseado num programa progressista e não na vaidade dos concorrentes. Macron atraiu os eleitores de direita e sua etiqueta de presidente de centro-direita é a que mais agrada à maioria, neste momento.
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