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A Semana na Imprensa

Dez anos após Primavera Árabe, jovens da região ainda têm sede de revolução

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A revista L’Obs desta semana traz uma longa reportagem sobre os dez anos do movimento que ficou mundialmente conhecido como Primavera Árabe. O texto analisa o legado da mobilização a partir do prisma dos jovens da região. Muitos deles praticamente não se lembram de seus países antes das revoltas populares. Mesmo assim, todos são conscientes de que muita coisa ainda precisa mudar.

A revista francesa L'Obs analisa a Primavera Árabe a partir do olhar dos jovens locais.
A revista francesa L'Obs analisa a Primavera Árabe a partir do olhar dos jovens locais. © Reprodução / L'Obs
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Intitulada “Os filhos da Primavera Árabe ainda têm sede de liberdade”, a reportagem ouviu moradores de Túnis, Cairo, Orã, Rabat e Beirute, todos com idades entre 19 e 28 anos. Eles representam uma boa parte da população, já que, nos países que se revoltaram em janeiro de 2011, dois terços dos moradores têm menos de 30 anos.

Desde as primeiras linhas a revista pergunta qual é sonho desses jovens, dez anos após manifestações imensas que reivindicavam liberdade, dignidade e justiça social. “Será que eles compartilham essa sensação de uma revolução abortada e a decepção dos que veem esse momento histórico, cheio de esperança, acabar em guerras terríveis na Síria, no Iêmen ou na Líbia?”, questiona o texto.

L’Obs explica que “a democracia continua inexistente no Egito, caótica no Marrocos e no Líbano e que ela foi sufocada na Argélia. “Até a jovem democracia tunisiana vai mal”, ressalta o texto, lembrando que o país, berço do movimento em 17 de dezembro de 2010, vive em uma situação precária. “Vítima da incerteza política, da violência dos atentados de radicais islâmicos e das lutas que opõem liberais e conservadores, o país não para de afundar em um marasmo econômico”, resume.

“No momento da revolução eu tinha 9 anos”, diz Nour, entrevistada pela revista. “Eu não conheci o mundo de antes, o de Ben Ali (presidente tunisiano entre 1987 e 2011 e derrubado pelos protestos). “Porém, eu sou consciente que a liberdade de expressão é uma conquista frágil e que precisamos defendê-la incessantemente”, completa.

“Os jovens não são levados a sério, mesmo se eles constituem uma boa parte da sociedade”, explica Sofiane, ativista pela diversidade sexual em Rabat. “E, se jogarmos a toalha, os radicais islâmicos vão aproveitar do nosso silêncio”, defende.

O governo marroquino respondeu aos protestos da época com mudanças consideradas irrisórias diante das expectativas dos manifestantes. Prova disso, “a situação da população nas regiões periféricas não melhorou e os protestos são frequentes”, aponta L’Obs.

“Desde a revolução de 2011, pouca coisa mudou no Egito, mas cada passo conta”, pondera a artista Sara, que vive no Cairo. Autora de um trabalho engajado e feminista, ela conta que praticamente todas as galerias da capital egípcia se recusaram a expor suas obras, temendo a dimensão política do projeto, que se inspirava no insultos machistas que ela ouvia nas ruas.

Além das liberdades individuais e da pressão social e religiosa, em todos os países que viveram a Primavera Árabe a instabilidade econômica e a falta de oportunidades parece ser um dos maiores problemas, que leva muitos jovens a emigrar ou, pelo menos, sonhar com uma vida melhor no exterior. Eles temem por seu futuro profissional e, segundo um relatório realizado pela Arab Barometer, dirigido por peritos de Princenton, mais da metade da população entre 18 e 29 anos na Argélia, Egito, Jordânia, Marrocos, Sudão ou Tunísia quer deixar o país, resume a revista L’Obs.

 

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