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A Semana na Imprensa

Vitória apertada de Biden mostra que populismo perdeu uma batalha, mas não a guerra

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As principais revistas semanais francesas destacam em suas capas o resultado das eleições presidenciais norte-americanas. Mesmo se Donald Trump continua contestando a vitória de Joe Biden, as publicações já viraram a página do pleito e analisam agora os principais desafios do democrata. Além de ressaltarem a dificuldade que terá para dirigir um país dividido, os editorialistas apontam o impacto dessa eleição como símbolo do avanço do populismo na política mundial.

O novo presidente americano Joe Biden é manchete das revistas Le Point, L'Express e L'OBS desta semana.
O novo presidente americano Joe Biden é manchete das revistas Le Point, L'Express e L'OBS desta semana. © Fotomontagem RFI
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A revista Le Point mantém o tom de celebração com a manchete “O Incrível destino de Joe Biden”, seguido de uma série de reportagens sobre o percurso de um presidente eleito que, segundo a publicação, “tem tudo de um romance”. Le Point não poupa elogios ao democrata e retraça seus dramas pessoais, como a morte de sua primeira esposa e de seus dois filhos, antes de qualifica-lo de Mr. Nice Guy – o senhor simpatia da América. Kamala Harris também é tema de uma longa reportagem, que apresenta a futura vice-presidente como o símbolo do "sonho americano".

No entanto, Le Point, como outras publicações, se questiona sobre o que espera esse novo governo. A revista L’Obs, por exemplo, pergunta em sua capa se Biden será capaz de “curar a América”. A L’Express segue na mesma linha e traz em sua primeira página uma ilustração de Biden no Salão Oval, coberto por um vulto de Donald Trump, seguido da manchete “Good Luck – Boa Sorte”. L’Express explica que o futuro presidente quer “unir a América”, mas lembra que Biden tem pouca margem de manobra, já que tem que enfrentar uma oposição com sede de revanche e uma ala mais à esquerda do partido democrata à espera de seu primeiro deslize.

Além disso, o contexto atual não é dos melhores. “Nunca um presidente eleito teve que enfrentar tamanha avalanche de crises, entre pandemia de Covid-19, a pior recessão de sua história, catástrofes climáticas, paralisia das instituições, divisão da nação e tensões com a China”, enumera Le Point. “Tudo isso sem a maioria no Congresso”, completa.

Megafone do populismo

Mas as revistas francesas também insistem que a vitória de Biden não foi o tsunami que os institutos de pesquisas anunciavam. “Ao reunir 70 milhões de votos, Trump nos lembra que ele não foi nem um simples acidente, nem um parêntese” da história, resume Le Point. Se sua eleição em 2016 foi uma surpresa, o resultado de 2020 foi decisivo, pois “confirma o poder do populismo, que perdeu uma batalha, mas não perdeu a guerra que trava com a democracia liberal”, analisa o editorial de Nicolas Baverez.

“Ainda há muito a ser reconstruído nas nações livres”, alfineta Le Point, lembrando que os norte-americanos não estão sozinhos diante de líderes extremistas. “Essa eleição foi um teste de resistência para avaliar a viabilidade do populismo em uma escala internacional”, completa o Courrier International, reproduzindo análises da própria imprensa americana.

O saldo positivo, lembra o ex-chefe do governo italiano Enrico Letta nas páginas da L’Obs, é que com a derrota de Trump, alguns extremistas pelo mundo afora, entre eles seu compatriota Matteo Salvini, “perderam o megafone do populismo” que representava a presença do magnata na Casa Branca. No entanto, apesar de sua “demagogia” e “incompetência”, Trump não foi derrotado facilmente, e “a eleição presidencial americana mostrou que a democracia é mortal, até nos Estados Unidos”, finaliza Le Point.

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