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Trabalho forçado rende US$ 236 bilhões em lucros ilegais por ano no mundo, segundo a OIT

O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na terça-feira (19), aponta que o trabalho forçado resulta em todo o mundo em um lucro ilegal de US$ 236 bilhões (mais de R$ 1.183 trilhões) por ano. As cifras estão em alta a cada ano.

A prostituição concentra dois terços dos lucros relacionados ao trabalho forçado no mundo, segundo último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A prostituição concentra dois terços dos lucros relacionados ao trabalho forçado no mundo, segundo último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). DR
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Segundo o documento "Lucros e pobreza: aspectos econômicos do trabalho forçado", desde 2014, os ganhos ilegais com a exploração de pessoas registraram um aumento de 37%.

Dois fatores explicam o fenômeno, afirma a organização: o principal é que a quantidade de pessoas obrigadas a trabalhar teve um aumento considerável nos últimos dez anos. A segunda razão é que a própria participação dos lucros vinculados a essas práticas aumentou.

A OIT analisou a situação por vítima, que piorou nos últimos dez anos. Segundo o balanço, traficantes e criminosos lucram, em média, US$ 10 mil por pessoa explorada. Há uma década, esse valor era de US$ 8.269 dólares (valores ajustados à inflação). 

Exploração sexual 

A OIT considera que a prostituição concentra dois terços dos lucros relacionados ao trabalho forçado no mundo (73%), situando-se à frente de setores como a indústria (US$ 35 bilhões), serviços (US$ 20,8 bilhões), agricultura (US$ 5 bilhões) e trabalho doméstico (US$ 2,6 bilhões). 

"Estimamos em US$ 27 mil por vítima e por ano o lucro da exploração sexual, essencialmente prostituição, mas também atividades na internet, de todas as formas", afirmou à RFI Michaelle De Cock, co-autora do relatório da OIT "Exploradores sexuais obtêm lucros obscenos às custas das vítimas". 

Segundo ela, a maior parte dos lucros fica nas mãos de "cafetões": "sabemos disso por conta de outros relatórios elaborados por vários países. As vítimas de prostituição forçada ou de exploração sexual ficam com muito pouco do dinheiro obtido pelas pessoas que vão abusar delas", diz. "Essas pessoas perdem a liberdade, a saúde, são exploradas por indivíduos que lucram de forma obscena e indecente", reitera De Cock.

Europa é a que mais lucra

Por região geográfica, Europa e Ásia Central são onde os lucros são mais elevados, ao registrarem US$ 84 bilhões em 2023. A região das Américas chega em quarto lugar (US$ 52 bilhões), depois de Ásia e Pacífico (US$ 62 bilhões).

Em 2021, cerca de 27,6 milhões de pessoas estavam em situação de trabalho forçado no mundo, o que representa 3,5 a cada mil indivíduos em todo o planeta. Apenas entre 2016 e 2021, a quantidade de pessoas obrigadas a exercer uma atividade aumentou em 2,7 milhões.

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