Guerra no Sudão: ONU preocupada com possível recrutamento de crianças para combates armados
Siobhan Mullally, relatora especial das Nações Unidas sobre o Tráfico de Pessoas, expressou preocupação sobre o aumento do risco de recrutamento e utilização de crianças pelas forças e grupos armados no Sudão, à medida que a guerra se intensifica no país desde 15 de abril.
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Gaëlle Laleix, correspondente da RFI em Nairóbi
As Nações Unidas expressaram grande preocupação com o possível recrutamento de crianças pelo exército e grupos armados no Sudão. A relatora especial sobre o tráfico de seres humanos, Siobhan Mullaly, falou nesta segunda-feira (16) em Genebra sobre o assunto.
Um conflito com consequências humanitárias desastrosas.
Segundo equipes da ONU, as crianças também são vítimas de homens armados. Com efeito, segundo o relator das Nações Unidas, “as crianças pobres ou separadas das suas famílias seriam alvo das Forças de Apoio Rápido, nos subúrbios de Cartum”. E raptos semelhantes ocorreram em outras regiões, como Darfur e Kordofan do Sul. Ainda segundo Siobhan Mullaly, esses menores são recrutados à força por grupos armados e destinados ao combate.
“As crianças estão em situação de vulnerabilidade absoluta”
A situação foi confirmada por fonte próxima do sindicato dos médicos sudaneses. “No caos do conflito, as crianças estão numa situação de vulnerabilidade absoluta”, explica.
Para o relator das Nações Unidas, de qualquer forma, não se trata de discutir possíveis compromissos voluntários. Ela recorda que o consentimento dos menores não tem qualquer valor: “O seu recrutamento constitui uma violação flagrante dos direitos humanos e do direito internacional. ”
O recrutamento de crianças é uma prática antiga no Sudão. Já existia durante a guerra de Darfur (2003-2020) ou a da Independência do Sudão do Sul.
Em 2016, o governo sudanês assinou um plano de ação com as Nações Unidas para acabar com o recrutamento de crianças para as suas forças armadas.
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