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Cerca de 800 migrantes morreram afogados na costa da Tunísia no primeiro semestre de 2023

Quase 800 migrantes, a grande maioria de cidadãos da África subsaariana que tentavam chegar à Europa, morreram afogados na costa da Tunísia nos primeiros seis meses do ano, segundo a Guarda Nacional do país. Ao menos 789 corpos foram resgatados, entre eles 102 tunisianos.

Cerca de 800 migrantes, a grande maioria da África subsaariana, que tentavam chegar ilegalmente à Europa, morreram afogados na costa da Tunísia nos primeiros seis meses do ano, segundo a Guarda Nacional da Tunísia.
Cerca de 800 migrantes, a grande maioria da África subsaariana, que tentavam chegar ilegalmente à Europa, morreram afogados na costa da Tunísia nos primeiros seis meses do ano, segundo a Guarda Nacional da Tunísia. AFP - MAHMUD TURKIA
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No mesmo período, 34.290 migrantes foram interceptados e resgatados no Mediterrâneo durante a travessia. O número de resgates na Tunísia mais do que triplicou em relação a 2022, quando 9.217 pessoas foram interceptadas no trajeto, segundo o porta-voz da Guarda Nacional, Houcem Eddine Jebabli.

A Tunísia, que em algumas partes de seu litoral está a menos de 150 km da ilha italiana de Lampedusa, registra regularmente a saída de migrantes, na maioria das vezes originários da África subsaariana.

A Itália afirma que mais de 80.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo e chegaram a seu território desde o início do ano. O governo italiano diz que que houve uma explosão no número de chegadas em relação ao ano anterior, quando eram 33.000 migrantes.

Uma travessia mortal

A travessia entre o norte da África e as ilhas da Itália e da Grécia é a rota migratória mais mortal do mundo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Desde 2014, mais de 20.000 pessoas morreram afogadas durante o percurso.

Em junho, uma traineira que saiu da Líbia naufragou na costa grega no que pode ser a pior tragédia em anos. As autoridades resgataram os corpos de 82 migrantes, mas centenas desapareceram nas águas do Mediterrâneo.

Uma semana após a tragédia, um barco que saiu da Tunísia virou a caminho da Lampedusa e outros 40 migrantes desapareceram no mar.

Xenofobia na Tunísia

O país africano vive um clima cada vez mais tenso de xenofobia, desde que o presidente Kais Saied denunciou, em fevereiro deste ano, a chegada "hordas de migrantes" ilegais da África subsaariana, cuja presença seria, segundo ele, fonte de "violência e crimes", e faria parte de uma conspiração para "alterar a composição demográfica". do país.

A Tunísia, que vive uma crise econômica desde que Saied chegou ao poder em 2021 com um golpe de Estado, tem usado estratégias violentas para reduzir os migrantes em seu território.

Ao menos 1.200 pessoas foram expulsas pela polícia tunisiana para áreas inóspitas de fronteira com a Líbia e a Argélia, segundo a ONG Human Rights Watch.

Nesta semana, um grupo de 140 homens e mulheres foi abandonado em área próxima ao deserto de Ras Jedir, na Líbia, sem água ou comida.

Fátima, uma nigeriana de 36 anos, era uma das pessoas em Ras Jedir com o marido, separada do filho de três anos que permaneceu em Sfax, na Tunísia. "Não vejo meu bebê há três semanas", diz ela. "Os soldados tunisianos nos trouxeram para cá. Não temos telefone nem dinheiro. Nada. Tiraram tudo de nós."

"Os líbios não nos deixam entrar em seu território e os tunisianos estão nos impedindo de voltar. Estamos presos no meio disso tudo. Por favor, ajude-nos!", implorou George, um nigeriano de 43 anos.

A União Europeia assinou em meados de julho "uma parceria estratégica" com Tunis que prevê a atribuição de 105 milhões de euros à Tunísia para combater a imigração ilegal, incluindo 15 milhões para financiar 6.000 "regressos voluntários" a seus países de origem.

Com informações da AFP

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