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Após ataques reivindicados por nacionalistas, drones atingem Belgorod, entre a Rússia e a Ucrânia

Vários ataques de drones visaram na madrugada desta quarta-feira (24) a região de Belgorod, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, de acordo com o governador Viatcheslav Gladkov. A ofensiva ocorre após uma recente incursão de combatentes expulsos pelas tropas russas nesta terça (23). Os dois grupos que reivindicaram o ataque, o Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para a Rússia, afirmaram ter agido de maneira coordenada, e defendem a queda do presidente russo, Vladimir Putin.

O governador da região de Bolgorov, Viatcheslav Gladkov, publicou uma foto dos estragos provocados pela incursão de combatentes de grupos nacionalistas russos na região
O governador da região de Bolgorov, Viatcheslav Gladkov, publicou uma foto dos estragos provocados pela incursão de combatentes de grupos nacionalistas russos na região AP
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"A noite não foi tranquila e teve inúmeros ataques de drones. Mas a defesa antiaérea impediu boa parte deles", escreveu Gladkov no Telegram. Segundo ele, os ataques atingiram veículos, casas e prédios públicos da região, sem deixar vítimas, e visaram o vilarejo de Borissovk.

A região de Belgorod, e particularmente o distrito de Graivoron, foi alvo nesta segunda-feira (22) de um ataque que durou cerca de 24 horas e deixou pelo menos oito feridos, obrigando os moradores a fugir.

"A pressão aqui é permanente, sempre estamos preocupados. De noite, na cama, eu conto o número de explosões. É impossível planejar o futuro. Outro dia, eu assistia a uma competição esportiva do meu filho e, a duas ou três ruas de lá, uma bomba explodiu", contou um morador à correspondente da RFI em Moscou, Anissa El Jabri.

Vista do centro da cidade de Belgorod, na Rússia
Vista do centro da cidade de Belgorod, na Rússia REUTERS - Polina Nikolskaya

A Rússia conteve a ofensiva utilizando sua força aérea e tiros de artilharia. Andriy Yousov, porta-voz do serviço secreto ucraniano, declarou que nenhum cidadão ucraniano estava envolvido no ataque. 

Os dois grupos, o Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para a Rússia, afirmaram ter agido de maneira coordenada e são considerados terroristas pelo governo russo.

Em entrevista à rádio France Info, o pesquisador Adrien Nonjon, do Centro de Pesquisas Europa-Eurásia, em Paris, disse que os membros do Corpo de Voluntários Russos são ultranacionalistas e neonazistas russos que já estavam presentes na Ucrânia bem antes da invasão, em fevereiro de 2022.

Ambas afirmam contar com um contingente de centenas de homens e defendem a queda do presidente Putin. O Corpo de Voluntários diz estar envolvido em atividades de reconhecimento e sabotagem em território russo. Um de seus combatentes, conhecido pelo pseudônimo de "Fortuna", disse à AFP em março que o grupo coordena sua ação com o Exército ucraniano quando está em território ucraniano e age sozinho na Rússia.

O governador da região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, anunciou à tarde a suspensão do regime "antiterrorista" decretado na véspera. Essa medida dá mais poderes às forças de segurança para realizar operações armadas, efetuar controle de população e realizar evacuações.

O regime foi utilizado na Chechênia entre 1999 e 2009. O governador Gladkov anunciou que nove localidades foram evacuadas e que 13 pessoas ficaram feridas "em ações criminosas" e em bombardeios ucranianos.

Reforços

Moscou pediu o aumento dos "esforços" para evitar outras operações similares, que se somam a uma série de ataques a seu território. A Ucrânia está preparando uma grande contraofensiva, e por isso o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem pedindo apoio militar e logístico à comunidade internacional.

O presidente russo, Vladimir Putin (à esquerda), durante reunião com o governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, em 24 de janeiro de 2023. Foto de arquivo.
O presidente russo, Vladimir Putin (à esquerda), durante reunião com o governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, em 24 de janeiro de 2023. Foto de arquivo. AP - Mikhail Klimentyev

Até agora, o presidente russo, Vladimir Putin, não se pronunciou sobre o ataque. Durante uma cerimônia de entrega de condecorações nesta terça-feira no Kremlin, limitou-se a falar de forma geral sobre o conflito na Ucrânia.

"Sim, a Rússia enfrenta tempos difíceis, mas este é um momento particular para a nossa consolidação" nacional, afirmou, e reiterou que Moscou defende a população russa do Donbass ucraniano.

Na segunda-feira, o Kremlin acusou Kiev de organizar a ação com o objetivo de "desviar a atenção" da tomada da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.

Avião interceptado

A Rússia anunciou, nesta terça-feira (23), que enviou um dos seus aviões ao mar Báltico para evitar que dois bombardeiros americanos se aproximassem de sua fronteira. 

"Depois da retirada dos aviões de guerra estrangeiros da fronteira com a Rússia, o caça russo, um Su-27, retornou à sua base de origem", sem incidentes, informou o ministério russo da Defesa pelo Telegram.

Segundo a mensagem, as aeronaves interceptadas eram bombardeiros estratégicos B-1B da Força Aérea dos Estados Unidos, que "se aproximavam da fronteira da Rússia". O ministério também esclareceu que "a fronteira russa não foi violada".

Os incidentes entre aviões russos e de países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se multiplicaram nos últimos anos, inclusive antes do início da operação militar russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Na semana passada, um incidente similar ocorreu quando um caça russo interceptou um avião militar francês e outro alemão sobre o Báltico.

(RFI e AFP)

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