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Talibã rejeita pressão da ONU sobre direitos das mulheres no Afeganistão

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deveria parar de "pressionar" o governo afegão, disse um alto funcionário do Talibã nesta sexta-feira (28), reagindo à adoção, na véspera, de uma resolução que denuncia restrições crescentes de Cabul em relação às mulheres.

Estudantes afegãs chegam à Universidade de Cabul para realizarem testes de admissão, em 13 de outubro de 2022. Porém, desde 20 de dezembro de 2022, elas foram proibidas pelos talibãs de frequentarem estabelecimentos de ensino superior no país.
Estudantes afegãs chegam à Universidade de Cabul para realizarem testes de admissão, em 13 de outubro de 2022. Porém, desde 20 de dezembro de 2022, elas foram proibidas pelos talibãs de frequentarem estabelecimentos de ensino superior no país. AFP - WAKIL KOHSAR
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Na quinta-feira (27), os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU adotaram, por unanimidade, uma resolução condenando a decisão tomada, no início de abril, pelas autoridades do Talibã, de estender às Nações Unidas a proibição de ONGs de empregar mulheres afegãs. De acordo com a ONU, isso "prejudica os direitos humanos e os princípios humanitários ".

Os membros do Conselho de Segurança também fizeram um apelo amplo ao governo do Talibã para "reverter rapidamente" todas as políticas que restringem as liberdades fundamentais das mulheres e instaram a "todos os Estados e organizações a usarem sua influência" para garantir a reversão de tais medidas.

Os talibãs voltaram à interpretação austera do Islã que marcou a sua primeira passagem ao poder (1996-2001) e multiplicaram as medidas draconianas contra as mulheres. Escolas secundárias e universidades estão fechadas para meninas. As mulheres também foram excluídas de muitos empregos públicos, não podem entrar em parques, jardins, ginásios e saunas públicas.

"Pressão falhou"

A resposta veio através de um post no Twitter de Anas Haqqani, um alto funcionário do Talibã. "O Conselho de Segurança não deve continuar a aplicar a política de pressão que falhou", afirmou ele nesta sexta-feira. "Qualquer posição tomada que não seja baseada em um entendimento profundo (do Afeganistão) não produzirá os resultados desejados e sempre será ineficaz", acrescentou Haqqani, que não ocupa um cargo oficial, mas é irmão do influente ministro do Interior, Sirajuddin Haqqani.

Ele também exortou o Conselho de Segurança da ONU a desistir de sanções diplomáticas e financeiras direcionadas, que são "equivalentes a uma punição coletiva" de todos os afegãos.

Sanções financeiras

Apesar do voto favorável à resolução, o embaixador russo no Conselho, Vassili Nebenzia, lamentou que o Ocidente tenha "bloqueado" uma abordagem mais "ambiciosa", nomeadamente na questão das sanções financeiras.

Depois que o Talibã voltou ao poder em agosto de 2021, Washington congelou US$ 7 bilhões em ativos do Banco Central do Afeganistão depositados nos Estados Unidos. Em setembro, os americanos anunciaram a criação de um fundo na Suíça para administrar metade desses ativos.

A Anistia Internacional saudou a votação sobre a resolução da ONU, mas ressaltou que o texto "não descreve passos concretos" que os Estados membros da ONU poderiam tomar para ajudar a restaurar os direitos das mulheres afegãs.

 

(Com informações da AFP)

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