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Guerra é como briga de família: 'ninguém sabe como termina', diz Lula sobre conflito na Ucrânia

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, embarcou neste sábado (15) para os Emirados Árabes Unidos, após uma viagem oficial à China. Antes de deixar Pequim, o chefe de Estado falou sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, aliada tradicional dos chineses. Lula criticou a postura dos Estados Unidos no conflito e disse que tanto Washington quanto os líderes europeus devem “começar a falar em paz”.

Lula deixou a China e prossegue seu giro internacional nos Emirados Árabes Unidos neste sábado (15).
Lula deixou a China e prossegue seu giro internacional nos Emirados Árabes Unidos neste sábado (15). © REUTERS / POOL
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Antes de chegar na China, Lula havia indicado sua intenção de propor uma mediação alternativa para a guerra na Ucrânia. O assunto voltou à tona durante entrevista dada ao canal local CCTV, antes mesmo de se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping. O líder brasileiro disse que estava “obcecado em conversar com as pessoas, para encontrar um jeito de paz". "Eu acho que os russos querem paz. Eu acho que a Ucrânia quer paz. Mais do que querer, o mundo precisa de paz”, frisou.

Mesmo se o objetivo da viagem oficial de Lula era principalmente comercial, o conflito foi tratado de maneira indireta durante as conversas com os representantes chineses. O tema chegou a integrar a declaração conjunta divulgada na sexta-feira (14), quando ambos os líderes disseram que “diálogo e negociação são a única saída viável para a crise” e que “todos os esforços conducentes à solução pacífica da crise devem ser encorajados e apoiados".

Mas Lula foi novamente questionado sobre o assunto por jornalistas brasileiros que acompanhavam a viagem, pouco antes de deixar Pequim. O chefe de Estado defendeu novamente a constituição de “um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz” e lembrou que a proposta já havia sido feita em conversas com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, mas também com o chefe da Casa Branca, Joe Biden.

“Somente quem não está defendendo a guerra é que pode criar uma comissão de países e discutir o fim dessa guerra”, disse Lula. “É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas, incentivando a guerra, pararem”, lançou o brasileiro.

Em busca de outros aliados

Eu acho que a China tem um papel muito importante”, disse Lula sobre o aliado histórico de Moscou, antes de reiterar o peso dos países ocidentais. “É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz, para a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo o mundo e que a guerra só está interessando, por enquanto, aos dois", continuou. "Eu acho que é possível. Não é uma coisa fácil. Vocês sabem que uma briga entre família é muito difícil, quando ela começa a gente não sabe como ela termina. E uma guerra é a mesma coisa.”

Lula diz que EUA devem parar de “incentivar a guerra” na Ucrânia

Lula insistiu que tanto Brasil como China estão dispostos a fazer o possível para encontrar a paz. No entanto, “nós temos que procurar outros aliados e negociar com as pessoas que podem ajudar as partes”, afirmou. “Neste instante, eu acho que é preciso que a União Europeia e os Estados Unidos tenham boa vontade, o Putin ter boa vontade, o Zelensky ter boa vontade pra gente poder voltar a ter paz no mundo”, martelou. "Quando se começa uma briga – a gente fala em guerra, mas poderia ser uma briga de rua, poderia ser uma greve – é preciso começar e saber como parar", disse ainda.

Antes de retornar à Brasília, Lula realiza uma visita oficial de um dia aos Emirados Árabes Unidos, onde vai encontrar com o xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan neste sábado. Essa é segunda visita oficial do presidente brasileiro ao país, onde esteve em dezembro de 2003.

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