Alemanha é criticada por alimentar dilema sobre envio de tanques de guerra à Ucrânia
Vários aliados da Ucrânia criticam a Alemanha neste sábado (21) pelo impasse sobre o envio de tanques guerra à Kiev. A falta de decisão concreta também é deplorada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que depende da ajuda militar das nações ocidentais para fazer frente à ofensiva russa.
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"A indecisão destes dias mata ainda mais os nossos cidadãos", afirmou no Twitter Mykhaïlo Podoliak, um conselheiro da presidência ucraniana, pedindo uma revisão do posicionamento dos aliados de Kiev. "Vocês ajudarão a Ucrânia com armas necessárias de qualquer jeito e perceberão que não há outra opção para colocar fim à guerra", reiterou.
Já Zelensky afirmou, na sexta-feira (20), que "não há outra solução" além do envio dos tanques de guerra à Ucrânia. "Nossos parceiros têm uma atitude baseada em princípios e eles nos apoiarão o quanto for necessário para nossa vitória", declarou o presidente ucraniano.
As reações ocorrem após a reunião de representantes de 54 países em Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, para decidir sobre o envio de uma nova remessa de ajuda militar à Ucrânia. Berlim não deu o sinal verde à doação de tanques de guerra à Kiev, frustrando as autoridades ucranianas e outros aliados.
Em uma rara manifestação pública, ministros das Relações Exteriores dos países bálticos fizeram um apelo neste sábado para que Berlim "forneça tanques Leopard 2 à Ucrânia agora", alegando "a responsabilidade particular" da Alemanha, "a principal potência da Europa".
Na sexta-feira, após uma visita a Kiev, o senador republicano Lindsey Graham também teceu duras críticas contra Berlim. O político americano se disse "cansado" com a situação e tuitou: “Aos alemães: enviem tanques para a Ucrânia porque eles precisam. (…) À administração Biden: enviem tanques americanos para que outros sigam o nosso exemplo”.
To the Germans: Send tanks to Ukraine because they need them. It is in your own national interest that Putin loses in Ukraine.
— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) January 20, 2023
To the Biden Administration: Send American tanks so that others will follow our lead.
Já o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, relevou o dilema. Segundo ele, ainda há "uma janela de oportunidade" até a primavera no Hemisfério Norte para a entrega de tanques à Ucrânia.
Apesar da indecisão após a reunião em Ramstein, Washington anunciou que irá liberar um montante de US$ 2,5 bilhões à Ucrânia, além de 140 veículos blindados. O Reino Unido prometeu enviar 600 mísseis, enquanto a Dinamarca e a Suécia vão contribuir doando canhões. Já a Finlândia anunciou € 400 milhões de ajuda militar.
"Ilusão de vitória"
A Rússia reagiu sobre a possibilidade de envio de tanques à Ucrânia, afirmando que o uso desses veículos pelo inimigo não mudariam "em nada". O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou os países ocidentais de manter "uma ilusão" de uma possível vitória ucraniana.
Mas, para muitos especialistas, o envio de tanques modernos de guerra poderia resultar em uma verdadeira vantagem para Kiev nas batalhas no leste da Ucrânia. Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, pode também mobilizar mais homens para ofensiva, fazendo durar o conflito e cansando os líderes ocidentais.
Para as autoridades ucranianas, a hipótese em torno do cansaço de seus aliados já foi suficientemente debatida. Questionada pela imprensa em Davos, onde discursou na semana passada durante o Fórum Econômico Mundial, a primeira-dama ucraniana não escondeu sua irritação. "Para ser sincera, estou cansada de perguntas sobre o cansaço".
(Com informações da AFP)
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