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Ministro renuncia no Japão após denúncia de envolvimento com seita Moon

Daishiro Yamagiwa, ministro japonês encarregado da Revitalização Econômica, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira (24), após ter sido criticado por seus vínculos com a seita Moon. A organização está no olho do furacão desde o assassinato do ex-chefe de governo Shinzo Abe, quando o principal suspeito alegou ter atacado o líder político motivado pela suposta proximidade do ex-premiê com a seita.

O ministro Daishiro Yamagiwa anunciou sua renúncia após acusações de envolvimento com a seita Moon.
O ministro Daishiro Yamagiwa anunciou sua renúncia após acusações de envolvimento com a seita Moon. © Kyodo News via AP
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Com informações da AFP e de Frédéric Charles, correspondente da RFI em Tóquio

Yamagiwa nunca escondeu sua ligação com a grupo religioso. Ele sempre participou dos eventos organizados pela seita, que contribuía indiretamente em suas campanhas eleitorais. A mobilização dos fiéis da Igreja da Unificação, como também é conhecida a seita Moon, teria garantido sua reeleição.

Mas ao renunciar, o ministro disse apenas, sem mencionar o nome da organização, que não quer que as acusações sobre seus vínculos com "o citado grupo afetem o debate parlamentar".

Nas últimas semanas, a imprensa local mencionou o nome de Yamagiwa e sua ligação com o grupo religioso, especialmente porque o ministro aparece em uma foto tirada em 2019 na companhia de Hak Ja Han, viúva do fundador da Igreja da Unificação, Sun Myung Moon, conhecido com reverendo Moon.

Duramente criticado no Parlamento, o ministro declarou que suas memórias da foto eram "confusas", mas reconheceu que é ele na imagem. "Lamento profundamente que minha participação em várias reuniões tenha dado crédito à referida organização", disse.

A seita Moon, um culto de origem sul-coreana bastante difundido no Japão, é conhecida por sua proximidade com a classe política. Quase metade dos membros do governo japonês, bem como uma centena de parlamentares da legenda no poder, o Partido Liberal Democrata (PLD, direita nacionalista), participaram de eventos organizados pela igreja.

Fiéis colam cartazes e fazem doações para campanhas

Não é raro que durante as campanhas eleitorais seguidores da seita sejam vistos nas ruas colando cartazes, distribuindo santinhos, mas também fazendo doações em dinheiro. Em troca, a igreja se beneficia da tolerância do governo para doutrinar novos seguidores e, de acordo com seus opositores, forçá-los a doar suas economias. Segundo uma rede de advogados que denuncia a organização, a seita multiplica os golpes para angariar a cada ano milhões de ienes e, por isso, pedem sua dissolução. 

A atividade da seita veio novamente à tona no Japão em julho, quando o assassino de Shinzo Abe, Tetsuya Yamagami, declarou que odiava esse grupo, alegando que a organização teria extorquido dinheiro de sua mãe e deixado a família na miséria. O suspeito acreditava que o ex-primeiro-ministro era próximo da seita.

O grupo nega qualquer ato condenável, mas muitos de seus ex-membros criticam as práticas da Igreja da Unificação, acusando-a de impor metas de doação a seus seguidores.

Após ter resistido aos pedidos de averiguação das denúncias, o atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ordenou na semana passada a abertura de uma investigação sobre as atividades da igreja. A demissão do ministro Daishiro Yamagiwa pode ter um impacto negativo na imagem do premiê, que já registra baixos índices de popularidade nas pesquisas de opinião.

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