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Japão: relevações de influência da Seita Moon no alto escalão do governo provocam debate

Abalado desde a morte do ex-primeiro ministro Shinzo Abe, no início de julho, o governo japonês enfrenta acusações de influência da Seita Moon no alto escalão da administração pública. A ponto de alguns meios de comunicação falarem agora de uma “crise do regime”. O assassino de Shinzo Abe afirmou que o político estava intimamente ligado a esse movimento religioso. Desde a tragédia, várias revelações se sucedem sobre a influência dessa seita nos altos escalões do governo, o que desencadeia um grande debate no país.

No Japão, o governo está abalado desde o assassinato de Shinzo Abe (foto), no início de julho de 2022 (imagem de ilustração). AFP - TOSHIFUMI KITAMURA
No Japão, o governo está abalado desde o assassinato de Shinzo Abe (foto), no início de julho de 2022 (imagem de ilustração). AFP - TOSHIFUMI KITAMURA AFP - TOSHIFUMI KITAMURA
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Com o correspondente da RFI em Tóquio, Bruno Duval

Shinzo Abe foi morto a tiros por Tetsuya Yamagami, de 41 anos, cuja família diz ter mergulhado na miséria por causa de doações feitas à Igreja da Unificação, conhecida como Seita Moon. A mãe dele é integrante da instituição religiosa, que está presente no Brasil e em vários países do mundo. 

Quase metade dos membros do governo, bem como uma centena de parlamentares do partido no poder, o Partido Liberal Democrata (PLD, direita nacionalista), participaram de eventos organizados pela Seita Moon. Eles também se beneficiaram da ajuda desse movimento religioso durante as campanhas eleitorais: os seguidores da seita colaram cartazes de campanha, distribuíram santinhos e fizeram doações em dinheiro.

Entre os moradores de Tóquio, as opiniões sobre o escândalo se dividem. "É muito preocupante", disse um homem. “No momento, o que me preocupa é o aumento do número de casos de Covid-19”, completou. Outra japonesa é mais cética. “Este caso parece ter vindo à tona pela imprensa e pela oposição com o único propósito de manchar a memória de Shinzo Abe. Isso me choca”, afirmou.

“Tudo indica que esta seita preconceituosa e maligna conseguiu se infiltrar até o topo do Estado. Não é realmente tranquilizador”, afirma outro homem, para quem “o que precisa ser esclarecido são os fluxos financeiros. Os políticos receberam dinheiro da seita. Eles ficaram ricos e isso influenciou suas decisões? Isso é o principal”, conclui.

Índice de confiança do governo despenca

De acordo com pesquisas recentes, a maioria dos japoneses condena essas conexões entre seus líderes políticos e a seita religiosa, que enfrenta a Justiça: os tribunais compararam algumas de suas práticas de proselitismo à extorsão ou fraude. O índice de confiança do governo também caiu desde que o escândalo estourou.

Oscilando em popularidade, no início de agosto, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, reformou o governo. As mudanças incluíram a troca do ministro da Defesa, em meio à controvérsia sobre os laços de seu partido com a Seita Moon.

O irmão de Shinzo Abe, Nobuo Kishi, substituído no cargo, oficialmente por motivos de saúde, revelou que membros da seita Moon serviram como voluntários em suas campanhas eleitorais.

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