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Forças de segurança oficiais abrem fogo contra manifestantes no Irã

As forças de segurança iranianas abriram fogo nesta sexta-feira (30) contra manifestantes armados com pedras, de acordo com uma mídia estrangeira, no momento em que o movimento de protesto desencadeado pela morte de uma jovem presa pela chamada polícia moral entra em sua terceira semana.  

Manifestante é baleado em Zahedan, no Irã, nesta sexta-feira (30).
Manifestante é baleado em Zahedan, no Irã, nesta sexta-feira (30). © Réseaux sociaux
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A repressão aos protestos, que resultou até agora em pelo menos 83 vítimas fatais, começaram após a morte em 16 de setembro de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana, três dias após ela ter sido presa por violar o rígido código de vestuário do Irã, que exige que as mulheres usem o véu islâmico.

O governo, que nega qualquer envolvimento da polícia na morte da jovem de 22 anos, criticou os manifestantes como "desordeiros" e relatou centenas de detenções.

O Iran International, um canal de televisão em língua persa com sede em Londres, transmitiu diversas vídeos nesta sexta-feira, que a agência AFP não foi capaz de autenticar imediatamente.

Um dos vídeos afirmava que as mulheres da cidade de Ardabil, no noroeste do país, estavam cantando "Morte ao ditador". Em Avaz (sudoeste), forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo para dispersar muitas pessoas que saíram às ruas para gritar slogans contra o governo, de acordo com outro vídeo.

Ataque a uma delegacia de polícia

Em Zahedan, na província sudeste de Sistan-Baluchistão, homens foram baleados enquanto atiravam pedras em uma delegacia de polícia, de acordo com outras filmagens divulgadas pela Iran International.

A ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, declarou que diversas pessoas foram mortas em Zahedan.

Enquanto isso, a televisão estatal iraniana relata que "pistoleiros abriram fogo nesta sexta-feira e jogaram coquetéis Molotov em uma delegacia de polícia na mesma cidade". "Diversos policiais e transeuntes foram feridos na troca de tiros", acrescentou a emissão.

De acordo com a agência de notícias iraniana Fars, cerca de 60 pessoas foram mortas desde o início dos protestos, enquanto a ONG Iran Human Rights já contabilizou pelo menos 83 mortos.

A Anistia Internacional denunciou o uso de violência "impiedosa" pelas forças de segurança, citando o uso de munições reais, espancamentos e violência sexual contra as mulheres.

Cantor preso

Teerã está "reprimindo impiedosamente as manifestações (...) com o objetivo de reprimir qualquer desafio ao seu poder", disse a ONG em uma declaração nesta sexta-feira.

As autoridades também relataram a prisão de mais de 1,2 mil manifestantes desde 16 de setembro. Ativistas, advogados e jornalistas também foram presos, de acordo com ONGs.

Uma mulher que estava almoçando sem lenço na cabeça em um restaurante de Teerã, cuja foto viralizou nas redes sociais, foi presa, afirmou sua irmã nesta sexta-feira.

As forças de segurança também prenderam o cantor Shervin Hajipour, cuja canção "Baraye" ("For"), composta de tweets sobre os protestos, viralizou no Instagram. A informação é do grupo de direitos Artigo 19 e da mídia persa sediada fora do Irã.

O Comitê de Proteção aos Jornalistas sediado em Washington afirmou que pelo menos 29 jornalistas foram detidos como parte da repressão.

Culpa dos EUA

Desde que os protestos começaram, as autoridades iranianas acusam as forças no exterior, incluindo os Estados Unidos, seu inimigo jurado, de estarem por trás das manifestações ou de as promoverem.

O Irã realizou greves transfronteiriças na quarta-feira (28) que mataram 13 pessoas na região iraquiana do Curdistão, acusando grupos armados da oposição sediados no local de alimentarem a agitação.

A repressão aos protestos foi denunciada por diversas capitais ocidentais, onde se realizaram manifestações solidárias ao movimento. Outros protestos estão planejados para o próximo sábado (1°) em 70 cidades ao redor do mundo.

Cineastas, atletas, músicos e atores iranianos expressam solidariedade aos manifestantes, incluindo a seleção nacional de futebol.

Em uma carta nesta sexta-feira, porém, os torcedores de futebol iranianos pediram à Fifa que proibisse sua equipe de participar da Copa do Mundo no Catar, por causa da repressão.

(Com AFP)

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