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Putin e Erdogan se encontram no Irã para discutir guerras na Síria e na Ucrânia

Vladimir Putin está em Teerã, no Irã, nesta terça-feira (19) para participar de uma cúpula sobre a Síria. Na reunião tripartite, a primeira liderada pelo presidente iraniano Ebrahim Raisi desde que chegou ao poder, há um ano, o presidente russo se encontra com o ayatollah Ali Khamenei e com o presidente turco Recep Tayip Erdogan. Esta é a segunda vez que Putin deixa a Rússia desde o início da guerra com a Ucrânia.

Fotomontagem com imagens de arquivo dos presidentes turco Recep Erdogan, iraniano Ebrahim Raisi e  russo Vladimir Putin.
Fotomontagem com imagens de arquivo dos presidentes turco Recep Erdogan, iraniano Ebrahim Raisi e russo Vladimir Putin. AFP - GABRIEL BOUYS,-,MIKHAIL METZEL
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O encontro deve abordar especialmente da crise econômica na Síria, já que Irã e Rússia são aliados do presidente sírio, Bashar al-Assad. Após 12 anos ininterruptos de guerra, o país enfrenta a fome, a ausência de recursos e um êxodo massivo de seus habitantes. A partir de 2018, a Síria passou a importar trigo da Crimeia por meio de empresas russas. Mas diante da alta dos preços, as importações facilitadas por Moscou não são suficientes para alimentar a população. Mais de cinco milhões de sírios só conseguem comer com a ajuda do Programa Alimentar Mundial.

Por outro lado, a Turquia deve ser a voz contrária nesta reunião. A correspondente da RFI em Istambul, Anne Andlauer, explica que o governo turco pretende lançar uma ofensiva contra os curdos sírios que controlam uma longa faixa de território ao longo de sua fronteira. Erdogan promete estabelecer ali “uma zona de segurança de 30 km livre de terroristas”. Entretanto, a operação não pode ser realizada sem um acordo com Irã e Rússia. O Kremlin representa, inclusive, a força militar dominante na área, localizada a oeste do rio Eufrates.

Até o momento, Moscou e Teerã não aceitaram o plano de batalha do presidente turco. Os dois países relutam, temendo que uma nova intervenção turca possa levar a uma deterioração ainda maior da situação na Síria.

A reunião em Teerã acontece dias após a viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Oriente Médio, quando visitou Israel e a Arábia Saudita, dois países hostis ao Irã. A discussão sobre o programa nuclear iraniano foi, inclusive, um dos temas principais da visita do presidente norte-americano.

Exportação de grãos ucranianos

Putin e Erdogan também devem discutir um acordo para restaurar as exportações de grãos da Ucrânia para o Mar Negro. O Ministério da Defesa russo indicou na sexta-feira (15) que o país deve permitir a exportação. De acordo com o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ouchakov, um centro de coordenação também deve ser aberto em Istambul para possibilitar essas exportações pelo Mar Negro.

O acordo, negociado pela ONU, visa a trazer cerca de 20 milhões de toneladas de grãos bloqueados em silos ucranianos por causa da ofensiva russa no país.

Kremlin interessado em drones iranianos

A guerra na Ucrânia é outro assunto que deve dominar as discussões em Teerã. Segundo os Estados Unidos, a Rússia planeja a compra de centenas de drones fabricados no país. A informação foi negada pelo Irã e o Kremlin não quis comentar o assunto. Entretanto, Vincent Tourret, pesquisador da Fundação para Pesquisa Estratégica, acredita que a negociação é bem possível, já que os iranianos possuem a tecnologia que falta à Rússia.

“Os drones iranianos são de baixo custo, fáceis de usar e de simples reprodução, o que pode interessar à Rússia. Os russos têm drones de observação, eles começaram a desenvolver e produzir o Orion, mas ficaram para trás na criação de um drone que pudesse observar e atacar, e é isso que os iranianos podem fornecer”, afirmou o especialista.

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